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Polícia Brasil
Sábado - 07 de Agosto de 2004 às 08:30
Por: Celso Bejarano Jr.

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O advogado José Marcílio Donegá, 61, preso no domingo passado, sob acusação de corrupção ativa, responde desde o ano 2000 a um processo judicial que o investiga por coação no curso processual.

Ele teria pressionado duas vítimas de um seqüestro relâmpago a não testemunhar contra o acusado, que era cliente seu. A exemplo da suspeita por corrupção, o denunciado disse ter sido vítima de um conluio .

Embora em marcha lenta, a ação penal por coação moveu-se ontem, quando o juiz Rondon Bassil Dower Filho determinou que o processo atingisse a sua fase final.

Isso não quer dizer que a sentença contra o advogado, cuja pena prevista é de um a quatro anos de reclusão, seja definida ainda este ano.

Pior: a apuração que afeta Donegá por coação é uma séria candidata a se prescrever, ou seja, ser extinta devido ao elástico período em que ficou emperrada na 6ª Vara Criminal em Cuiabá.

A denúncia contra o advogado Donegá surgiu a partir da abertura do Inquérito Policial número 763/99 em maio de 1999. Ylvane Castrillon Ferreira e Dinamar Dias da Silva foram dominadas por três homens quando chegavam em casa. Ylvane disse que tentou acionar o portão eletrônico de sua garagem quando fora rendida por um homem armado. Em seguida, aproximaram-se mais dois assaltantes.

Ylvane Castrillon e a amiga Dinamar foram postas no banco traseiro da caminhonete que ocupavam e um dos ladrões assumiu o veículo.

A partir daí os assaltantes, segundo as denunciantes, deram voltas pelo Jardim Cuiabá. No trajeto, as duas tiveram as bolsas, os celulares e cartão de crédito roubados.

As vítimas disseram ter ficado sob o domínio dos assaltantes por cerca de três ou quatro horas. Após o roubo, as duas foram deixadas perto de um cemitério de Cuiabá. O assalto ocorrera por volta das 22h do dia 12 de março de 1999. O inquérito fora aberto no mesmo dia em maio e a ação penal somente no dia 21 de março de 2000. Ylvane denunciou o caso à polícia e, na delegacia de Roubos e Furtos, teria reconhecido um dos supostos ladrões por meio de fotografia. O assaltante seria Fausto Fernando Durgo, conhecido como Faustão.

As acusações contra o advogado se fortaleceram a partir do dia 22 de maio, dia em que José Marcílio Donegá teria tentado induzir as vítimas a não testemunhar contra Faustão, que o havia contratado para defendê-lo.

De acordo com o processo 019/2000, ao qual a Folha do Estado teve acesso, Donegá teria procurado a família de Ylvane e dito que as vítimas “não deveriam, em juízo, reconhecer o seu cliente, vulgo Faustão, como um dos autores do crime de roubo”. Donegá tem uma outra versão (saiba mais em box ao lado).

De acordo com as vítimas, o advogado teria dito que “não valia a pena acusar o cliente dele, que o bandido não tinha nada a perder, que Ylvane e a família iriam se expor à toa.... que poderia morrer um em segundo outro (sic)”. Em determinado trecho do processo, de acordo com depoimento das vítimas, Donegá teria dito: “o acusado (Faustão) era uma pessoa perigosa e que a família (Ylvane) poderia sofrer mais tarde represálias dos bandidos”. Ylvane reconheceu “Faustão” duas vezes: por fotografia e pela televisão, quando o acusado fora mostrado preso.




Fonte: Folha do Estado

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