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Internacional
Quinta - 05 de Agosto de 2004 às 00:48

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O juiz Sergio Muñoz, que investiga as contas secretas milionárias do ex-ditador chileno Augusto Pinochet nos Estados Unidos, suspeita de que o fracassado projeto do foguete bélico "Rayo" esteja na origem deste dinheiro, segundo fontes parlamentares. O magistrado pediu à Câmara dos Deputados os resultados de uma investigação realizada em 2003 sobre um projeto desenvolvido pelo exército chileno e pela empresa britânica Royal Ordenance, com a finalidade de produzir o foguete "Rayo". O empreendimento contou com a intermediação de Pinochet, confirmou o deputado de oposição Mario Bertolino.

Considerado o "projeto estrela" de Pinochet, o "Rayo" consistia num foguete de longo alcance. Seu lançamento chegou a ser proibido no deserto do Atacama, norte do país.

Ao pedir informação sobre o plano, o juiz disse que pretende investigar uma eventual relação entre o programa e as contas que Pinochet manteve nos Estados Unidos, de acordo com fontes próximas à investigação.

O deputado Jorge Burgos, que integrou a comissão investigadora, afirmou que o propósito desse trabalho não foi buscar possíveis irregularidades, mas estudar a viabilidade do projeto.

O projeto, que foi abortado no ano passado, custou ao exército 55 milhões de dólares e mais de 14 anos de trabalho no desenvolvimento de lançadores e sistemas eletrônicos de detenção e trajetória.

O objetivo do programa era que o foguete "Rayo" fosse fabricado no Chile e exportado para outros países.

Pinochet foi um dos principais mentores do projeto e viajou à Grã-Bretanha em pelo menos seis ocasiões para visitar as instalações da 'Royal Ordenance', subsidiária da British Aerospace Defense Limited.

A última viagem foi realizada em setembro de 1998, quando Pinochet foi convidado pela empresa britânica, confirmou o então chanceler chileno, José Miguel Insulza, atual ministro do Interior.

Pinochet estava nessa missão quando foi preso em 16 de outubro de 1998 pela polícia britânica, a pedido do juiz espanhol Baltazar Garzóa, que buscava a extradição do ex-ditador para a Espanha a fim de julgá-lo pelos crimes cometidos durante o regime militar chileno (1973-1990).

Pinochet foi libertado depois de 503 dias, depois que as autoridades britânicas invocaram "razões humanitárias".

O projeto do foguete "Rayo" continuou depois que Pinochet deixou a chefia do exército para se tornar senador vitalício (março de 1998), mas foi interrompido no ano passado.




Fonte: AFP

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