Pesquisa revela o mapa da felicidade
Os entrevistados de 74 cidades, com idade a partir de 16 anos, foram ouvidos durante 18 dias, em março deste ano, no próprio domicílio, individualmente, todos os dias da semana. Eles tinham que responder se eram muito felizes, felizes, nem felizes nem infelizes, infelizes ou muito infelizes. Em seguida eram questionados sobre os motivos para a felicidade ou infelicidade.
Família
A questão família surgiu em primeiro lugar como razão de alegria, indicada por 22% dos entrevistados. Na seqüência vieram a saúde (18%), satisfação com a vida (18%), religiosidade (11%) e estabilidade financeira (8%). Já as causas da infelicidade foram também família (13%), desemprego ou condição financeira (10%), saúde (9%), insatisfação com a vida (5%).
Além de cruzar informações sobre os hábitos de consumo, a idéia foi explorar a influência de aspectos positivos do cotidiano nas pessoas. "Sempre se fala o quanto a poluição, a violência e acidentes de trânsito causam infelicidade às pessoas e quase nunca exploramos as fontes de felicidade", disse o diretor da Limite Consultoria e Pesquisas de Marketing, Alfredo Wenzel.
Cinturão da felicidade
O Estado de São Paulo foi dividido em 10 regiões e a capital foi classificada como "cinturão da felicidade". É onde mais há mais pessoas que se dizem muito felizes, num total de 39%, o que derruba o mito de que os moradores do interior são mais felizes. Em segundo lugar, aparece o litoral, com 38% de felizes. Já a região do ABC é a que concentra menor felicidade: apenas 13% disseram ser muito felizes. O índice médio de felicidade do Estado de São Paulo foi de 6,42 - considerando que quanto mais próximo de 10, mais feliz é a população.
Os principais resultados da pesquisa indicam que, ao contrário do que diz o ditado popular, o dinheiro traz felicidade. A maior parte dos que se consideram felizes (52%) ganha acima de R$ 5.500. Outros 35% estão entre R$ 2.944 a R$ 5.554. Já entre os que ganham até R$ 495, apenas 22% se dizem muito felizes.
O trabalho mostrou que a felicidade vai diminuindo de acordo com o avanço da idade. Na faixa etária entre 16 e 24 anos, os muito felizes totalizam 36%, percentual que cai para 32% na casa do 25 a 34 anos; 27% de 35 a 44 anos; 25% de 45 a 54 anos e 24% em mais de 54 anos. No mesmo sentido, a infelicidade cresce de acordo com a idade. Os infelizes ou muito infelizes são apenas 1% da população entre 16 e 24 anos; mas sobe para 3% de 25 a 34 anos; 2% de 35 a 44 anos; 3% de 45 a 54 anos e 4% para os que tem mais de 54 anos.
Homens x mulheres
Os homens são ligeiramente mais felizes que as mulheres, pois 32% deles acreditam ser muito felizes, contra 27% do sexo oposto. Elas são em maior número quando a pergunta é apenas se são felizes: 58% contra 56%. As infelizes ou muito infelizes são 4% enquanto os homens infelizes ou muito infelizes são 2%. A pesquisa mostrou também que os índices de felicidade variam de acordo com o estado civil. Os solteiros são mais felizes: 33% deles se disseram muito felizes, seguido por 28% dos casados e 27% dos amasiados. Apenas 25% dos viúvos e 23% dos divorciados e encaixaram nesta condição.
Quanto à ocupação, os estudantes lideram a lista: 37% afirmaram que são muito felizes, seguidos pelos trabalhadores na indústria e funcionários públicos (34%). Trinta e um porcento dos que trabalham no setor de serviços e 30% dos que atuam no comércio e na agropecuária também se consideram assim. Já as donas-de-casa registraram o menor índice de muito feliz (24%), embora tenham ficado com o maior porcentual na classificação de feliz (60%). O grau de escolaridade também influencia: 54% das pessoas que cursam pós-graduação dizem ser felizes, contra em média 34% dos que têm curso superior ou ensino médio.
Investindo no futuro
Com relação à condição de moradia, os mais felizes são os que residem em imóvel financiado e ainda pagando as prestações: 40% deste contingente mencionou ser muito feliz, bem à frente dos que tem casa própria (30%) ou os que moram em local cedido (25%) e alugado (24%). Na avaliação das consultorias, a fonte da felicidade está no fato de "estar investindo no futuro".
De uma forma geral, os paulistas são felizes, pois 84% afirmaram se sentir assim (25% muito feliz e 59% feliz). Mas quando são questionados sobre o povo brasileiro, as opiniões se invertem. A maioria dos entrevistados (34%) acredita que os brasileiros não são felizes nem infelizes. Apenas 30% acha que são felizes ou muito felizes e 31%, infelizes ou muito infelizes. Na avaliação de Wenzel, esta contradição pode estar associada à influência que as notícias sobre violência, miséria e fome exercem sobre as pessoas, mas acredita que os resultados devem ser melhor investigados.
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