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Tecnologia
Sexta - 30 de Julho de 2004 às 14:00
Por: Magnet

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Morte de pioneiro da internet brasileira comove internautas O jornalista Fernando Vilella, conhecido entre amigos e colegas de trabalho como "Fervil", foi morto em uma suposta tentativa de assalto na noite de segunda-feira, quando voltava de seu trabalho no Rio de Janeiro. Com apenas 30 anos, já acumulava uma bagagem profissional invejável. Fervil era formado em jornalismo pela PUC do Rio e co-autor do livro Deu no Jornal, editado pela PUC carioca. Por dois anos, foi editor da revista Internet BR, considerada a primeira publicação sobre o assunto no Brasil.

Fervil morreu quando voltava do trabalho e seguia em direção ao seu apartamento recém-adquirido em Laranjeiras. Ele dirigia seu Peugeot 206, placa LNI-5825, quando foi abordado por um homem armado em frente à praça. O jornalista foi atingido com um tiro no peito e morreu na hora. O carro, desgovernado, ainda percorreu pelo menos 70 metros, atravessando o canteiro da Rua Waldemar Dutra e atingindo uma árvore do outro lado da pista.

A delegada Evanora Moraes, titular da 4ª DP (Central) no Rio, que vai conduzir as investigações, disse que não vai descartar nenhuma hipótese para o crime. Ela acredita, porém, que Fervil tenha sido vítima de uma tentativa de assalto, já que o vidro estava fechado e, aparentemente, o jornalista tentou arrancar com o carro no momento da abordagem. Uma testemunha, que não quis se identificar, disse que viu uma motocicleta caída, na esquina da praça, no momento do disparo, mas não soube dizer se teria sido usada pelo assaltante. Quando a polícia chegou ao local, não encontrou o veículo descrito pela testemunha.

Fervil foi protagonista da primeira geração da internet do Brasil. Começou no Cadê, onde foi gerente de jornalismo e depois editor da revista online Aqui. Em 2000, participou do lançamento do portal iG, como diretor de tecnologia, diretor de conteúdo do SeliG, além de participar da criação do Super iG. Seu último cargo foi de diretor-executivo da empresa Blah!, prestadora de serviços para diversas operadoras de celular, e trabalhava no projeto de uma revista sobre produção de conteúdo e novos aplicativos para telefonia móvel.

A sua morte prematura chocou amigos, parentes, colegas de trabalho e centenas de usuários da Internet que, mesmo não o conhecendo pessoalmente, têm realizado uma verdadeira romaria em sua página no Orkut para demonstrar seus sentimentos de luto. São tantas as demonstrações de afeto e perda que até foi criada uma nova comunidade em sua memória: a Fervil Vive.

A Blah! não abriu as portas do escritório no edifício empresarial Number One, na Praça Mauá, em luto pela morte do colega. O Selig colocou uma homenagem na sua homepage e no portal waap. "Fervil, agradecemos e reverenciamos seu empenho e sua genialidade", diz o texto. "Ele tinha um espírito de visão de futuro, estava sempre olhando muito a frente dos outros ", afirma Fábio Koiti, do Selig. Os colegas o descrevem como "sonhador" e "visionário". "Ele produziu o primeiro portal de Internet móvel, que ficou pronto dois meses antes das operadoras colocarem no mercado nacional os aparelhos com essa tecnologia", afirma Koiti. "O Fervil era um cara visionário, iluminado. Ele tinha uma capacidade absurda, era a pessoa que mais consumia informação que eu já conheci", conta uma grande amiga e idealizadora do projeto da revista Internet.br, Jaqueline Pedreira. "O mais impressionante é que ele vivia com pressa. Vivia agitado, como se soubesse que sua vida seria curta", conta ela. Bruno Rodrigues, da WebInsider, também deixou um depoimento emocionado sobre Fervil.

Na sua apresentação no Orkut, Fervil se definia como "A ciborg flaneur, walking around the Earth, swimming in the Noosphere", algo como um "ciborg navegante, andando ao redor da Terra e nadando na noosfera". No mesmo Orkut, Fervil é descrito como um "campeão de sinapses virtuais" e "sinônimo de internet no Brasil". Até a publicação dessa nota, 202 usuários do Orkut já haviam postado mensagens de despedida em seu scrapbook. Num dos seus últimos posts (do dia 22 de julho) no seu blog pessoal, o mobilete!, Fervil faz uma defesa da procura do desconhecido e da renovação permanente da vida "que não tem limites".

"Preciso urgente entrar em um curso de mergulho. É fundamental não ter medo de ir mais fundo, conquistar novos territórios e se deslumbrar com as maravilhas da Natureza", dizia. "Sei que não consigo fazer tudo que quero, sei que não dou conta, que não consigo me organizar direito porque é impossível fazer tudo ao mesmo tempo, que é imprescindível escolher prioridades, que eu fico igual um doido porque não dá para gerenciar tantas frentes abertas todos os dias, que ninguém consegue viver em perfeita sanidade mental só procurando expandir os caminhos e possibilidades a cada segundo - mas, na moral, azar. Nada disso importa. O que não dá é pra ficar adiando eternamente nossas vontades, esperando 'um dia' chegar, o vento passar, a poeira baixar. Prioridade é vontade mais coragem, sobre responsabilidade".




Fonte: Terra

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