CPLP apóia pretensão brasileira na ONU

A quinta reunião de cúpula dos oito chefes de Estado e de governo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que contou com a participação do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, foi concluída hoje com a adoção da "Declaração de São Tomé", com o consenso de que a ONU precisa de mudanças estruturais.

A declaração, em que é feito um balanço positivo da cooperação entre os países membros, também oficializa o apoio da comunicade à pretensão brasileira de ocupar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. O documento foi assinado hoje, ao final de dois dias de encontros e destaca os esforços diplomáticos realizados pela CPLP, desde a mediação do golpe de Estado de 2003, em São Tomé e Príncipe, até o apoio às eleições de Moçambique e de Guiné Bissau.

"Estabelecemos um mecanismo de debate dos problemas comuns, com a perspectiva de fortalecer nossa cooperação", anunciou no discurso final o presidente de São Tomé e Príncipe, Fradique de Menezes, que substitui Lula na presidência da CPLP.

Em relação ao aspecto político-diplomático, os governantes reiteraram a necessidade de mudanças no sistema estrutural das Nações Unidas, "para que seja mais representativo, em conseqüência das novas realidades mundiais".

Além de Lula e do presidente de São Tomé e Príncipe, Fradique de Menezes, a "Declaração de São Tomé" foi assinada pelos presidentes de Portugal, Jorge Sampaio; de Moçambique, Joachim Chissano; de Guiné Bissau, Henrique Rosaet; e de Timor Oriental, Xanana Gusmão; assim como pelo primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Nevese, e pelo primeiro-ministro de Angola, Fernando da Piedade Dias dos Santos.

A "sociedade da informação" foi um dos grandes temas debatidos durante a reunião de cúpula, em que os Estados destacaram "o potencial das tecnologias da informação e das comunicações na erradicação da pobreza e promoção do bem-estar social". Um comitê técnico permanente criado pela CPLP se reunirá em setembro, em Brasília, a fim de impulsionar o projeto de "governo eletrônico" e de inclusão digital.

No setor sanitário, os líderes da CPLP assinaram um acordo de cooperação na luta contra a malária, primeira causa de mortalidade na maioria dos países membros, defendendo também uma campanha informativa comum sobre a Aids.

Em matéria comercial, a câmara de comércio da CPLP, criada em junho, ficou encarregada de "promover intercâmbios de informação, cooperação comercial e a descoberta de novas oportunidades de negócio e de investimento". Segundo a delegação de Guiné Bissau, o país será sede da sexta cúpula da CPLP, em 2006.

Ao término do encontro, Lula viajou nesta terça a Libreville, no Gabão, para uma visita de Estado de 24 horas, antes de seguir, hoje, para Cabo Verde, última etapa de uma viagem marcada pela vontade de estreitar a cooperação econômica e política do Brasil com o continente africano.