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Sexta - 23 de Julho de 2004 às 15:51

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Cerca de 40 trabalhadores morreram nas construções para os Jogos Olímpicos de Atenas, muito mais do que o número oficial divulgado de 14 mortos, segundo o secretário-geral do sindicato dos operários da Grécia, George Theodorou, a um programa de rádio da BBC.

Segundo Theodorou, pessoas também teriam morrido na construção de novas estradas e linhas de metrô, locais não considerados pela administração oficial do evento.

"Os operários estão sendo forçados a trabalhar em turnos muito longos, de até 14 horas todos os dias, em temperaturas altas e sob pressão para finalizar as construções em tempo para os Jogos", disse ele. "A maioria não tem capacete ou botas de segurança. E, se reclamam, são demitidos".

Tragédia

O presidente do Comitê Olímpico da Grécia, Lampis Nikolaou, admitiu que o número de trabalhadores mortos em Atenas era maior do que em qualquer outra cidade que tenha realizado os jogos recentemente.

Uma pessoa morreu durante a construção de instalações para a Olimpíada de Sydney e duas na de Barcelona.

"É algo que eu lamento muito, mas, em todos os países, em todos os locais de trabalho, acidentes acontecem, e pessoas morrem", disse Nikolaou.

Liana Kanelli, parlamentar grega, disse à BBC que, apesar de a Grécia ter tido sete anos para se preparar para os Jogos, mais da metade desse tempo foi usada para resolver problemas legais.

"Nenhum tijolo foi colocado nos primeiros três anos e meio", disse ela.

Em construção

A equipe da BBC em Atenas visitou algumas das 39 novas instalações ainda em construção para os Jogos Olímpicos que acontecem em agosto deste ano, acompanhada do especialista britânico em saúde e segurança Tom Mellish.

Segundo ele, a falta de segurança, de equipamentos de proteção e de organização fariam com que esses locais fossem interditados no Reino Unido.

"Dá para ver o entulho, a desordem, e isso mostra que esses locais não estão sendo propriamente administrados", afirmou Mellish.

Ele ainda disse que a experiência em Atenas pode ser vista como um alerta para o Comitê Olímpico Internacional sobre quais países têm a estrutura adequada para sediar os Jogos no futuro.

No mesmo programa de rádio, o secretário-geral dos Jogos Olímpicos, Spyros Capralos, admitiu não saber quantos trabalhadores morreram até agora.

"Acidentes acontecem nas ruas diariamente e nunca se fala sobre isso. Nós tomamos as medidas necessárias para prevenir acidentes na preparação dos Jogos. Nós tivemos muito trabalho em pouco tempo, não sei as estatísticas de outros países. Mas eu acredito que temos instalações de primeiro mundo e que, no geral, o resultado é muito bom", disse Capralos.

Ele ficou tão irritado com a linha das perguntas que pediu um intervalo ao apresentador do programa e foi embora.




Fonte: BBC Brasil

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