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Cidades/Geral
Quinta - 22 de Julho de 2004 às 14:08
Por: Maria Angélica Oliveira

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A pesquisa está sendo possível por causa de uma questão histórica. Os primeiros contatos dos portugueses foram com povos que ficavam nas margens dos rios. Foi o caso dos Manau (que ficavam próximos a Manaus), dizimados por epidemias e escravização.

Os povos do Xingu, no entanto, foram “preservados” desse contato por um tempo, por causa da localização mais ao “interior”. Mesmo tardio, o contato causou grandes impactos para os índios da região.

Em 1884, quando começou o contato com os colonizadores, a população estimada no Xingu era de três a quatro mil índios. A convivência cada vez maior resultou em epidemias de varíola e sarampo (posteriormente). Em 1954, havia apenas 500 índios habitavam o Parque Nacional do Xingu.

Porém, é também a partir dos primeiros contatos que o Xingu se “enriquece”. Vários povos, como os Kamayurá e os Trumiai, se incorporaram ao local. Junto com eles, vieram toda a cultura, rituais, crenças, mitos, conhecimento acumulado, artesanato modos de organização etc. Atualmente, a população está se recuperando e volta a ser estimada em torno de três mil índios.

O contato com a sociedade urbana está aumentando cada vez mais. Há cinco anos, a televisão entrou nas aldeias e hoje a maioria já possui acesso aos aparelhos. Além disso, outros reflexos dessa convivência já estão sendo sentidos. “Houve mudanças no prestígio. É mais importante ser um professor do que ser um especialista em rituais”, relata o arqueólogo Carlos Fausto.

Segundo ele, alguns conjuntos de cantos foram esquecidos. “Vejo crenças se acabando cada vez mais, os velhos morrendo. O conhecimento que eles não conseguem passar acabam levando para eles”, observa o professor Mutuá Mehimak Kuikuro, da aldeia Ipatse, no Alto Xingu (próxima a Gaúcha do Norte). “Tenho esperança de preservar isso através dos livros e cds para as novas gerações aprenderem”, acrescentou.




Fonte: Diário de Cuiabá

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