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Saúde
Quarta - 21 de Julho de 2004 às 18:55

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A Autoridade britânica de Fertilidade Humana e Embriologia (HFEA, em inglês) autorizou hoje o relaxamento de uma norma para permitir a criação de bebês para curar um irmão doente. A HFEA, que já permitia a seleção de embriões para descartar doenças genéticas, ampliou sua margem de tolerância a fim de ajudar a sanar doenças sofridas por familiares.

A presidenta da entidade, Suzi Leather, disse que a decisão foi tomada depois da análise dos avanços da ciência nos últimos anos, com o fim de poder ajudar "um pequeno número de famílias com crianças muito doentes". Ela ressaltou em entrevista a imprensa que a medida não será aplicada de forma generalizada, mas " cada caso será estudado".

A decisão da Autoridade foi aplaudida pela comunidade científica e criticada por vários grupos autodenominados defensores da vida, que consideram que esta medida utiliza os bebês "como tratamento".

O professor Jack Scarisbrick, presidente da organização Life (Vida), advertiu que a medida é "uma ladeira escorregadia" e que "nunca será correto fabricar seres humanos para consertar outros".

Um dos promotores da mudança da norma é o doutor Mohamed Taranissi, diretor do Centro de reprodução ginecológica assistida de Londres, que quer ajudar o menino norte-irlandês de dois anos Joshua Fletcher, que possui anemia de Diamond-Blackfan. A doeça pode levar à morte e pode ser tratada usando células-tronco que estimulem seu corpo a produzir glóbulos vermelhos sãos. Mas nem os pais do menino, Joe e Julie, nem seu irmão de cinco anos, Adam, têm as características apropriadas para serem doadores dessas células. Por isso o doutor é partidário de obtê-las através de um novo bebê.

A idéia seria produzir 12 embriões com um tratamento de reprodução assistida e escolher o que tiver os genes adequados, para então implantá-lo no útero da mãe. "Já selecionamos embriões para problemas genéticos graves, não vejo qual é a diferença. O que tentamos fazer agora é encontrar um embrião que seja compatível com um menino gravemente doente", disse Taranissi.



O doutor Simon Fischel, um especialista em fertilidade do centro Care in the Park de Nottingham (norte da Inglaterra), opinou que "sempre que não houver perigo para o bebê, é eticamente injustificável não permitir a realização de um tratamento deste tipo".

A seleção de embriões seria da seguinte maneira: quando fosse constatado que não há doadores vivos compatíveis com o doente, os pais poderiam escolher um embrião através da técnica chamada diagnose genética de pré-implantação (PGD) e a aplicação de um tratamento de fertilidade, com o objetivo de produzir um embrião são e que contenha o material genético adequado para doar à criança doente.

Depois esse embrião seria implantado na mãe e quando o bebê nascesse, suas células-tronco seriam usadas para curar o irmão. Para saber qual é o embrião adequado se extrai uma célula três dias depois da fertilização, que é examinada, ou o tecido prórpio embrião é analisado.

Em geral, esta prática é aceita para descartar, por exemplo, que o embrião transporta uma doença genética, como a distrofia muscular; mas a polêmica surge quando se quer produzir outro bebê para curar um ser humano doente.




Fonte: Agência EFE

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