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Cidades/Geral
Quarta - 21 de Julho de 2004 às 14:55
Por: Suzi Bonfim

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Um tacho de alumínio sob um fogão à lenha com o caldo da cana-de-açúcar borbulhando, no pátio do Centro Cultural da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), atrai a curiosidade de todos na 56ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que está sendo realizada no campus da Instituição em Cuiabá. É a agricultura familiar mostrando o seu potencial produtivo e algumas alternativas de renda que existem no setor.

A produção de rapadura, melado e farinha de mandioca, mel e seus derivados são apenas alguns exemplos que chamam a atenção do público na Mostra de Economia Solidária, um dos muitos eventos da SBPC, realizado numa parceira que envolve a secretaria de Desenvolvimento Rural de Mato Grosso (Seder) e seus órgãos vinculados à Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Empaer), Instituto de Defesa Agropecuária (Indea), Casa Civil, Unesco e Sindicato Rural de Cuiabá.

É com a demonstração prática do que a agricultura familiar é capaz, que dona Maria de Fátima do Nascimento, veio do Cinturão Verde, na Capital do Estado para a SBPC, apresentar sua produção de 240 rapaduras por semana, 20 litros de melado, e a farinha de mandioca que comercializa na feira da região. “A gente ainda não tem muito lucro, mas dá pra viver com o que estamos ganhando”, disse. O presidente do Sindicato Rural de Cuiabá, Duílio Mayolino, ressalta que muita gente que passa por ali nunca viu como a rapadura é produzida. “É importante que as pessoas conheçam esta produção que faz parte da nossa cultura”, considerou.

A Associação Mato-grossense dos Apicultores está presente comercializando mel e seus derivados e mostrando equipamentos como a caixa para as abelhas e a centrífuga que separa a cera e o mel. Uma caixa custa em torno de R$ 75. José Catarino Mendes, um dos associados, explicou que o investimento total para a produção é de pouco mais de R$ 120 e em dois anos, o lucro aparece.

Para o coordenador da Unesco em Mato Grosso, Guaraci de Almeida, o desafio dos parceiros na Mostra Solidária, é justamente, dar a dimensão de que a cultura é mais do que a música e o teatro, por exemplo. “Cultura também é esse modo de produção da nossa gente”, constatou.

Na Mostra Solidária, o Indea apresenta o trabalho realizado pelo laboratório de identificação de madeira, entre outros programas da defesa agropecuária, em Mato Grosso.

PROGRAMA CORES DO ALGODÃO – No Instituto de Ciência, Exatas e da Terra (ICET) estão sendo apresentados os resultados da produção do algodão colorido feita por agricultores familiares de Mato Grosso. O programa Cores do Algodão é desenvolvido pela Federação da Agricultura de Mato Grosso (Fetagri), em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa e Assistência Técnica (Embrapa), Empaer, Sebrae-MT, o Fundo de Apoio à Cultura do Algodão (Facual), e o Governo do Estado.

Os teares instalados em uma sala do ICET tecem o fio do algodão colorido que está sendo produzido por 100 agricultores familiares no Estado. Na safra 2003/2004 a produção deve atingir 120 mil toneladas de pluma. Duas mini-usinas foram adquiridas com recursos do Facual, cerca de R$ 130 mil, para que os agricultores de Nova Guarita e de Glória D’Oeste transformem o algodão em pluma.

Para o secretário-adjunto de Agricultura Familiar da Seder, Jilson Francisco da Silva, a principal constatação do programa Cores do Algodão é que o incentivo fiscal do Governo do Estado aos cotonicultores, por meio do Programa de Apoio à Cultura do Algodão em Mato Grosso (Proalmat), não só fez do Estado o maior produtor de algodão do país, como traz resultados sociais. “Estamos colhendo frutos concretos na área social, no campo e na cidade, com mais uma alternativa de renda para a agricultura familiar”, afirmou Jilson da Silva.

Cerca de 20 mulheres de agricultores do município de Pedra Preta (234 km de Cuiabá) foram capacitadas pelo Sebrae para realizar o processo de agregação de valor ao algodão. A Fetagri adquiriu os equipamentos e a Empaer faz o acompanhamento técnico da produção. São mantas, redes e roupas artesanais confeccionados a partir do fio de algodão colorido. “Este é um começo, ainda tímido, mas a idéia é fornecer também o fio de algodão para a cooperativa Fibra Nativa, que já tem uma produção em escala maior”, informou o secretário-adjunto de Agricultura Familiar. Segundo ele, o treinamento para a produção do fio está na fase final e faltam apenas alguns ajustes para dar início ao projeto.

A Cooperativa Fibra Nativa, formada por mulheres, que moram em Rondonópolis (211 km da capital), está apresentando os trabalhos manuais feitos a partir do tingimento do fio do algodão com produtos naturais, como açafrão e urucum. As peças estão sendo comercializadas pela cooperativa.

Por outro lado, há ainda o trabalho do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea) da Seder, que com o Programa de Controle do Bicudo do Algodoeiro, garante que a cotonicultura não tenha a incidência desta praga em Mato Grosso.




Fonte: Secom - MT

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