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Esportes
Quarta - 21 de Julho de 2004 às 11:30
Por: Silvio Barsetti

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Lima, Peru - A seleção brasileira mudou de atitude e apostou no isolamento para se concentrar apenas no jogo desta quarta-feira, contra o Uruguai, às 21h45, no Estádio Nacional de Lima, pela fase semifinal da Copa América. Um certo mistério envolve a equipe, desde a chegada à capital peruana.

Pela primeira vez na competição, os atletas não circulam pelo hotel da delegação, permanecem quase enclausurados em seus quartos, evitam contato com hóspedes. Se houver empate nesta quarta à noite, em partida que será transmitida pela TV Globo, Brasil e Uruguai vão disputar em cobranças de pênaltis uma vaga à decisão da Copa América, domingo, em Lima. O técnico Carlos Alberto Parreira levará a campo o time da vitória sobre o México por 4 a 0, na quarta-de-final.

Nos dois dias de atividade do grupo em Lima, o ônibus que conduziu a equipe ao centro de treinamento da seleção do Peru e, hoje, ao Estádio Monumental, deixou o hotel pelos fundos. Na volta, o acesso era o mesmo. O estranho é que não existe o menor assédio de torcedores em nenhuma dependência do hotel. Os atletas ocupam todo o sexto andar e fazem refeições três pisos acima. A comissão técnica, contrária à presença da imprensa no mesmo local de hospedagem, garante que não há nenhuma ordem para que a equipe fique restrita aos quartos.

E atribui o distanciamento a uma iniciativa dos próprios jogadores, orientados a não se deixar influenciar pelos elogios recebidos após a goleada contra os mexicanos.

Parreira disse que a seleção ficou alegre e não em estado de euforia pelo último resultado, na cidade de Piura. "Não podemos entrar nessa onda de já-ganhou." Ele destacou o ataque como o ponto mais forte do Uruguai antes de assistir a alguns vídeos com os atletas sobre a forma de atuar do adversário.

"Dario Silva, Bueno e Forlan são muito perigosos e, dentro da área, decidem."

Um de seus auxiliares, Jairo dos Santos, acompanhou de perto o desempenho dos uruguaios na Copa América e alertou Parreira sobre a motivação da equipe, que veio para a competição com novo treinador, Jorge Fossati, responsável por uma grande reformulação no time que vai mal nas Eliminatórias do Mundial de 2006 - perdeu na última rodada para a Colômbia por 6 a 0.

"Ele mudou a cara do Uruguai, trouxe jogadores mais tarimbados", comentou o técnico do Brasil, certo de que a seleção vai ter de repetir a atuação contra o México para chegar à final da Copa América. "Agora não pode haver erros. Quem errar, volta para casa."

De acordo com Parreira, a grande rivalidade entre as duas equipes aumentará a expectativa pela partida, além de servir de estímulo para todos atletas em campo. Pelo fato de o Uruguai contar com um grupo mais experiente - Rodriguez, Dario Silva, Forlan e Montero já estiveram em Copa do Mundo -, o técnico da seleção até acredita na possibilidade de alguma catimba durante o confronto. E já conversou sobre isso com seu time. "Não podemos bobear, temos de evitar tumultos."

Parreira quer que a seleção toque a bola com cautela e canse os adversários, sem lhes dar a chance de contra-ataques. Ele citou Adriano como exemplo de quem iniciou os treinos para a Copa América completamente fora de forma e que, amanhã, está novamente em condições de repetir o bom futebol que apresenta na Europa. Embora esteja pensando somente em disputar o título, Parreira sabe da hipótese de ter de ir a Cusco para o confronto de sábado, que definirá terceiro e quarto colocados da Copa América.

Ele fez muitas críticas aos organizadores do torneio, considerando um "castigo, um absurdo" que seleções saiam de Lima, ao nível do mar, para se submeter a uma altitude em torno de 3.000 metros, a fim de realizar um jogo sem nenhum apelo. "Isso é coisa de gente insana."




Fonte: Estadão.com

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