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Saúde
Segunda - 19 de Julho de 2004 às 16:42

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Alarmadas com as informações de que a maconha está cada vez mais potente e é usada por crianças cada mais jovens, as autoridades norte-americanas resolveram se dedicar mais a seu combate do que às drogas "pesadas", como heroína e cocaína. A maconha não é mais aquela erva quase inofensiva dos anos 1960, e pode representar um perigo ainda maior que a cocaína ou a heroína por causa do enorme consumo de usuários.

Apesar de o uso de drogas em geral estar em queda entre crianças e adolescentes nos Estados Unidos, os Institutos Nacionais de Saúde e a Casa Branca estão preocupados com o fato de a maconha estar sendo usada por crianças cada vez mais novas, numa idade em que seu cérebro e corpo estão vulneráveis a seus perigosos efeitos colaterais.

"A maioria das pessoas foi levada a acreditar que a maconha é uma droga leve, que não causa problemas graves", disse John Walters, chefe do Gabinete de Política Nacional de Controle de Drogas da Casa Branca. "(Mas) a maconha é hoje um problema muito mais grave do que acredita a imensa maioria dos americanos. Se contássemos às pessoas que um em cada cinco adolescentes entre 12 e 17 anos que já usaram maconha precisa de tratamento, não acho que elas iam compreender."

O número de crianças e adolescentes sendo tratados por dependência de maconha aumentou 142% desde 1992, segundo informações do Centro Nacional de Dependência e Abuso de Substâncias da Universidade de Columbia. De acordo com o relatório, divulgado em abril, crianças e adolescentes têm três vezes mais possibilidade de precisar de tratamento por maconha que por álcool, e são seis vezes mais propensas a ter de receber tratamento por maconha que por todas as outras drogas juntas.

O documento também revelou que a idade dos usuários está caindo. Os adolescentes entre 12 e 17 anos disseram em média que começaram a fumar maconha aos 13,5 anos. A mesma pesquisa mostrou que os adultos entre 18 e 25 anos haviam começado a fumar aos 16.

Para Nora Volkow, diretora do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas, a gota d'água foi um relatório publicado em maio pelo instituto no Journal of the American Medical Association, mostrando o permanente crescimento da potência da maconha apreendida em batidas. De acordo com o Projeto de Potência da Marijuana, da Universidade do Mississipi, os níveis médios de THC, o ingrediente ativo da maconha, subiram de 3,5% em 1988 para mais de 7% em 2003.

Atuação da maconha no cérebro Volkow explicou que os estudos mostram que o cérebro possui seus próprios canabinóides endógenos - moléculas semelhantes estruturalmente aos ingredientes ativos da maconha, envolvidas numa série de atividades e emoções, desde a função ocular à regulação da dor e à ansiedade. As células cerebrais possuem receptores projetados para interagir especificamente com esses canabinóides. Os canabinóides da maconha podem estar se utilizando desses receptores, produzindo o "barato" e reduzindo a sensação de dor.

Mas há conseqüências. "Eu diria que uma maconha mais forte deixa o cérebro menos apto a responder aos canabinóides endógenos", disse Volkow. Os efeitos seriam especialmente fortes em cérebros jovens, que ainda estão crescendo e aprendendo a responder aos estímulos, disse ela.

As pesquisas ainda são inconclusas, mas Volkow acredita que o uso precoce de uma maconha mais potente pode deixar crianças e adolescentes mais ansiosos, desmotivados e até psicóticos.

Os partidários da legalização da maconha discordam da linha oficial. Krissy Oechslin, do Projeto de Política em Maconha, questiona o crescimento da potência da maconha. "Eles fazem parecer que os níveis de THC na maconha praticamente não existiam antes, mas ninguém teria fumado se isso fosse verdade", afirmou ela. "E há evidências de que, quanto mais forte o THC, menos a pessoa fuma."




Fonte: Reuters

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