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Saúde
Segunda - 12 de Julho de 2004 às 09:31

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Segundo estimativas do Ministério da Saúde, Tangará da Serra pode ter 500 pessoas portadoras do vírus da Aids. Conforme a responsável pelo setor de DST/Aids da Secretaria Municipal de Saúde, a médica Andréa Rios Saad, existem hoje em Tangará da Serra 43 portadores do vírus da Aids em tratamento, mas esse número pode ser 10 vezes maior. “É preocupante para nós sabermos que existe a probabilidade de Tangará ter 500 pessoas com o vírus, sem estarem recebendo nenhum tipo de tratamento e orientação. Isso pode aumentar, ainda mais, o número de pessoas contaminadas”, destacou a médica.

Para Saad, o importante é buscar esses casos o mais rápido possível para que a rede de transmissão do vírus seja interrompida. “Estamos fazendo mutirões para que esses casos sejam detectados. Começamos pela periferia e zona rural e agora, a partir de agosto, iremos começar a fazer os testes para detecção nos bairros e na região central da cidade”, explicou.

A Secretaria de Saúde está recomendando que toda pessoa acima de 12 anos que tenha tido relação sexual sem o uso do preservativo, faça o teste. Para fazer o teste a pessoa deve procurar a Unidade Mista ou o Posto Central, não há necessidade de agendar horário, basta comparecer em horário de funcionamento de segunda a sexta-feira. O resultado do exame é sigiloso e somente o paciente e o médico têm acesso. “Muitas pessoas não fazem o teste por medo ou receio de que outras pessoas fiquem sabendo do resultado, caso dê positivo, mas o resultado é mantido em sigilo absoluto somente eu sei do resultado”, salientou Saad.

Saad ressaltou ainda que, como o resto do país, em Tangará a Aids não tem cara, isto é, qualquer pessoa pode ser portadora do vírus. “Nossos relatórios demonstram que a aids está um por um, ou seja, a cada um caso masculino existe um feminino. Além disso, a incidência está maior em pessoas entre 12 e 30 anos de idade, heterossexuais e sem distinção de classe social e nível de escolaridade. Isso demonstrando que os jovens ainda não estão tendo o hábito de usar a camisinha”, frisou.

Segundo Saad, qualquer pessoa que queira pegar camisinha gratuitamente, deve levar um documento pessoal até a Secretaria de Saúde e poderá retirar 15 camisinhas masculinas e oito femininas por mês. Já as profissionais do sexo e homossexuais são cadastrados em um outro programa que disponibiliza um número maior de camisinhas e também acesso mais rápido aos serviços de saúde.

Medicamento e tratamento:

Hoje, Tangará da Serra é referência para o tratamento do vírus da Aids na região do médio norte. Os pacientes podem receber os medicamentos e realizar os exames sem precisar ir até Cuiabá. “Todos os medicamentos são entregues aqui mesmo em Tangará, o único exame que ainda é feito fora daqui é o CD4, e o paciente tem que ir até a Capital,”, informou Saad.

Com relação aos medicamentos, a Secretaria afirma que não está faltando nenhum. Além disso, qualquer profissional da saúde que sofrer um acidente biológico, isto é, entrar em contato com o vírus da Aids, é medicado imediatamente. Atualmente existem dois profissionais em tratamento no município.

Preconceito e medo:

Uma das barreiras encontradas pela Secretaria de Saúde para detectar os novos casos é o medo e o preconceito das pessoas. “A maioria das pessoas tem medo da doença. Muitas chegam aqui no meu consultório e dizem assim: prefiro nem saber. Ou muitas vezes desacreditam que possam acontecer com elas. Sem falar a questão do medo de serem descrimidados por serem portadores do vírus da Aids”, ilustrou Saad.

“O que estamos fazendo é tentando com os mutirões aproximar da população e com isso, aumentar a detecção dos casos. Com os três mutirões que já realizamos conseguimos detectar vários casos, que já estão em tratamento. Precisamos que a população também se conscientize da importância da prevenção. Porque para evitar a Aids, só se prevenindo”, concluiu Saad.

Até hoje, muitas pessoas acreditam que a Aids é uma doença restrita aos chamados grupos de risco, como os profissionais do sexo ou os homossexuais. Mas a epidemia de Aids mostrou que todos têm de se prevenir: homens e mulheres, casados ou solteiros, jovens e idosos, todos, independente de cor, raça, situação econômica ou orientação sexual.

Segundo Saad, para se prevenir da Aids, é necessário usar corretamente a camisinha nas relações sexuais e apenas agulhas e seringas descartáveis. Para evitar que a Aids passe da mãe para o filho, todas as gestantes devem começar o pré-natal o mais cedo possível e fazer o teste de Aids.

No País, a epidemia está sob controle:

Atualmente, existem 660 mil pessoas contaminadas com o vírus da Aids no país, no mundo são mais de 38 milhões. Mas no Brasil, ao contrário do resto do mundo a epidemia está sob controle, conforme relatório do UNAIDS, Programa de Aids das Nações Unidas, divulgado neste mês. Porém, ainda, surgem 40 mil casos novos todos os anos no país.

O Brasil é único país a garantir o acesso aos anti-retrovirais para um grande número de pessoas, associada a uma boa infra-estrutura da rede de saúde.

“Temos campanhas e um ótimo programa nacional implantado, mas temos que lembrar que a Aids ainda não tem cura, apesar de todos os avanços da ciência. Por isso o importante é usar o preservativo sempre”, finalizou Saad.




Fonte: Diário da Serra

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