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Saúde
Segunda - 12 de Julho de 2004 às 07:45

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A mesma bactéria que matou um bebê na Unidade Neonatal da Maternidade Odete Valadares, em junho, e que infectou outros três - a "acinetobacter baumanni", classificada como muito agressiva por provocar infecção generalizada (septicemia) na rede sanguínea - pode fazer novas vítimas em outras unidades da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).

O alerta é da diretora da Associação dos Servidores da Fhemig (Asthemg), Cecília Zanandrez, que diz que a bactéria foi encontrada em outra unidade de saúde da capital - o Hospital de Pronto-Socorro de Venda Nova, Região Norte de Belo Horizonte. Nesse local, segundo ela, faltam álcool, sabão, cloro, saco de lixo, capote, luvas e papel toalha. Um descaso que, segundo a diretora, pode agravar o quadro de contaminação.

O paciente do HPS de Venda Nova, Aloísio Amorim Furtado, foi infectado pela bactéria. Internado no setor de politraumatizados, ele agora está isolado. Mas, segundo Cecília, é atendido por funcionários que cuidam de outros 35 pacientes do ambulatório masculino, sem dispor dos materiais necessários para evitar a proliferação da bactéria. Uma auxiliar de enfermagem do HPS, que pediu para não ser identificada para não sofrer represália, confirmou a denúncia.

"A preocupação da Asthemg é que está se tornando muito comum a infecção hospitalar na rede Fhemig. As condições são precárias", denuncia a diretora da entidade. "Há risco para outros pacientes. Os funcionários podem estar levando a bactéria para eles". Cecília disse que já levou o problema à direção da Fhemig, mas nada foi resolvido.

Também estariam trabalhando em situações precárias, com falta de materiais, segundo a diretora, os hospitais que cuidam de pacientes portadores do HIV (Aids), citando o Júlia Kubitschek e o Eduardo de Menezes. "A situação pode ser a mesma no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII", acrescenta.

A auxiliar de enfermagem do HPS de Venda Nova disse que falta cloro desde o final do ano passado. "Faltam álcool 70% e o glicerinado. Falta papel toalha. As pessoas lavam as mãos e saem sacudindo. No que você dá banho no paciente com infecção hospitalar, aspira o tubo - de onde saem milhões de bactérias -, manipula esse paciente, troca-o e, na hora que termina esse trabalho, o profissional é o mesmo do pronto-atendimento. Isso é muito grave", denuncia.

Não houve, segundo a auxiliar de enfermagem, nenhuma recomendação da direção do hospital quanto a esse risco. "Os pacientes chegam, ficam dois, três dias no pronto-atendimento e depois vão para outros hospitais. Essa bactéria pode estar sendo levada e pode matar", acrescenta.

A bactéria que infectou quatro bebês na Maternidade Odete Valadares, no período de 23 de maio a 12 de junho deste ano, segundo o diretor-geral do hospital, José Maurício Rosaes, pode ter sido levada pela água, por outras crianças, funcionários que trabalham em outras instituições hospitalares ou mesmo pelas mães dos bebês. Ele disse que também faltam materiais de trabalho, como papel toalha.




Fonte: Hoje em Dia

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