Fonteneles admite excessos, mas defende ação do MP

O procurador-geral da República, Cláudio Fonteneles, admitiu hoje que "alguns procuradores se excedem" em seus trabalhos de investigar denúncias. Fonteneles disse que, apesar de eventuais falhas, como o vazamento de informações, o MP deve ter o direito de continuar investigando crimes e denúncias de corrupção.

Na opinião de Fonteneles não há problemas em o Ministério Público trabalhar em conjunto coma a polícia. Ontem, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim havia dado declarações, no Rio de Janeiro, dizendo-se favorável a restringir o poder de investigação do MP.

Fonteles fez um balanço do seu primeiro ano de mandato e afirmou que o Ministério Público assumiu uma nova postura, que possibilitou a redução das "iniciativas individuais" do passado. "Hoje, o Ministério Público está cumprindo funções com mais consciência, com mais consistência e conjugando verbo na primeira pessoa do plural, que é o nós", disse Fonteles, referindo-se ao trabalho em equipe como uma das principais características do seu estilo de gestão.

Segundo o procurador-geral, em 30 de junho de 2003, quando tomou posse, havia cerca de 1.800 processos administrativos aguardando manifestação. "Havia coisa bem antiga, de sete anos atrás, mas agora não tem mais nenhum", comemorou.

Ele também destacou o bom relacionamento entre a instituição e o governo. "Acho que a beleza da verdadeira democracia brasileira é que você tem uma instituição que não é atrelada de sorte alguma ao governo, pelo contrário, é uma instituição que tem o dever de defender os interesses da sociedade e, sempre que achar que não está de acordo com as ações governamentais, vai ao poder judiciário, com independência e com equilíbrio, debater o tema. Acho que isso é efetivamente uma enorme contribuição da democracia brasileira para a democracia no mundo".