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Ouvir o paciente é desafio para médicos
Estudo mostra que a formação centrada na técnica impede profissionais de observar aspectos humanos capazes de melhorar o tratamento e reduzir as recaídas
São Paulo - Como a relação médico paciente pode influenciar na reabilitação do paciente? O debate sobre a humanização da Medicina, levando em conta a vida emocional do paciente, é um tema que, cada vez mais, ganha espaço durante a formação e carreira de médicos. A doutora Ana Rosa Sancovski decidiu apurar o tema com profundidade e, em particular, num momento delicado.
Os efeitos da visita médica nos pacientes da Enfermaria da Clínica Médica Geral do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), foram tema de sua tese de doutorado. Ela constata, por meio de uma série de estatísticas e parâmetros especializados da área, que esse contato altera positivamente o quadro psicológico de um doente terminal.
Desafios e críticas
Tão relevante quanto a constatação da pesquisadora, são os alertas que ela dá sobre os desafios da profissão. Talvez a “visita médica à beira do leito” seja o ponto em que as modificações tenham de ser iniciadas, segundo Ana Rosa. “O ponto central da medicina, é esta relação que se estabelece entre o médico e o paciente, passível de todas as complexidades e ambigüidades presentes nas relações humanas.”
Ana não economiza nas críticas. “Tem-se observado que, cada vez mais, os tratamentos propostos na pós-modernidade se apresentam hiperespecializados, impessoais e até mesmo mercantilistas, levando o médico a ver o paciente como um objeto de estudo e não como um sujeito”, diz.
Apreço
Para a pesquisadora, apesar de a Psicologia ser um ciência relativamente nova, “oferece subsídios para estudar e harmonizar áreas da Medicina extremamente complexas, árduas e desafiadoras como a psicologia do estudante, da relação médico-paciente, da família entre estes, do contexto institucional, enfim de tudo o que permeia esse universo de relações e afetos”.
O médico, para ser terapêutico, precisará ter apreço pelo paciente, precisando algo mais do que fazer-lhe perguntas, examiná-lo e receitar-lhe medicamentos. “É preciso respeitar a sua individualidade, sua pessoa, começando por ouvir o que a pessoa tem a dizer.” O paciente tem que ser ouvido, mesmo que as informações pareçam dispersas e supérfluas, e isso conduz ao diagnóstico do doente - não só da doença.
Pressa
Grande parte dos médicos, até por terem tido sua formação voltada para o funcionamento de órgãos, aparelhos e sistemas, acredita que a anamnese não dirigida consumirá um tempo que não pode ser perdido, por ter que atender e examinar muitos outros pacientes.
“Mas ao se sentir atendido como doente e não como doença, o paciente se sentirá acolhido, menos frustrado, as orientações e a medicação serão melhor aproveitadas e, o principal: haverá o estabelecimento de um relacionamento pessoal mais satisfatório e portanto mais eficaz do ponto de vista terapêutico.”
Tudo isso leva a um número menor de consultas, recaídas e recidivas, segundo a pesquisadores. Estatísticas indicam que, numa média de 70%, os pacientes orgânicos apresentam fatores psíquicos que desempenham um papel importante, às vezes determinantes no contexto de sua doença.
São Paulo - Como a relação médico paciente pode influenciar na reabilitação do paciente? O debate sobre a humanização da Medicina, levando em conta a vida emocional do paciente, é um tema que, cada vez mais, ganha espaço durante a formação e carreira de médicos. A doutora Ana Rosa Sancovski decidiu apurar o tema com profundidade e, em particular, num momento delicado.
Os efeitos da visita médica nos pacientes da Enfermaria da Clínica Médica Geral do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), foram tema de sua tese de doutorado. Ela constata, por meio de uma série de estatísticas e parâmetros especializados da área, que esse contato altera positivamente o quadro psicológico de um doente terminal.
Desafios e críticas
Tão relevante quanto a constatação da pesquisadora, são os alertas que ela dá sobre os desafios da profissão. Talvez a “visita médica à beira do leito” seja o ponto em que as modificações tenham de ser iniciadas, segundo Ana Rosa. “O ponto central da medicina, é esta relação que se estabelece entre o médico e o paciente, passível de todas as complexidades e ambigüidades presentes nas relações humanas.”
Ana não economiza nas críticas. “Tem-se observado que, cada vez mais, os tratamentos propostos na pós-modernidade se apresentam hiperespecializados, impessoais e até mesmo mercantilistas, levando o médico a ver o paciente como um objeto de estudo e não como um sujeito”, diz.
Apreço
Para a pesquisadora, apesar de a Psicologia ser um ciência relativamente nova, “oferece subsídios para estudar e harmonizar áreas da Medicina extremamente complexas, árduas e desafiadoras como a psicologia do estudante, da relação médico-paciente, da família entre estes, do contexto institucional, enfim de tudo o que permeia esse universo de relações e afetos”.
O médico, para ser terapêutico, precisará ter apreço pelo paciente, precisando algo mais do que fazer-lhe perguntas, examiná-lo e receitar-lhe medicamentos. “É preciso respeitar a sua individualidade, sua pessoa, começando por ouvir o que a pessoa tem a dizer.” O paciente tem que ser ouvido, mesmo que as informações pareçam dispersas e supérfluas, e isso conduz ao diagnóstico do doente - não só da doença.
Pressa
Grande parte dos médicos, até por terem tido sua formação voltada para o funcionamento de órgãos, aparelhos e sistemas, acredita que a anamnese não dirigida consumirá um tempo que não pode ser perdido, por ter que atender e examinar muitos outros pacientes.
“Mas ao se sentir atendido como doente e não como doença, o paciente se sentirá acolhido, menos frustrado, as orientações e a medicação serão melhor aproveitadas e, o principal: haverá o estabelecimento de um relacionamento pessoal mais satisfatório e portanto mais eficaz do ponto de vista terapêutico.”
Tudo isso leva a um número menor de consultas, recaídas e recidivas, segundo a pesquisadores. Estatísticas indicam que, numa média de 70%, os pacientes orgânicos apresentam fatores psíquicos que desempenham um papel importante, às vezes determinantes no contexto de sua doença.
Fonte:
Estadão.com
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/378546/visualizar/
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