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Economia
Quarta - 07 de Julho de 2004 às 10:13
Por: Rosi Medeiros

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As experiências de projetos que buscam o desenvolvimento de cadeias produtivas que sejam a vocação econômica de determinada região foram apresentadas por representantes dos Estados da Bahia, Paraná, São Paulo, Goiás e Mato Grosso durante o workshop “Programas de Desenvolvimento Regional Integrado das Regiões e Territórios Brasileiros”, realizado nesta terça-feira (06.07), no Centro de Eventos do Pantanal.

Iniciativas já amadurecidas de desenvolvimento regional foram apresentadas pelo diretor técnico do Instituto Barreto de Tecnologia (IBT), Nicola Bloise, que falou sobre a experiência aplicada no Estado de São Paulo. O instituto, uma entidade privada sem fins lucrativos, coordena o projeto de Agropólo, que envolvem 30 municípios do Norte do Estado, desde 1996. “É o primeiro agropólo do país”, informou.

O projeto envolve pequenos, médios e grandes produtores para o desenvolvimento das cadeias produtivas da fruticultura, borracha, hortaliças e grãos. “A região é maior arrecadadora do Estado, no entanto, fica na 16º posição em produtividade. Daí surgiu a necessidade da organização em agropólos”, explicou. Agropólos é a delimitação de uma área geográfica, com produtores que têm necessidades comuns de apoio tecnológico e de outras ferramentas para desenvolver a produção que seja a vocação da região. Naquele Estado, Bloise explicou que os projetos já foram aprovados pelos produtores. “Já estamos na segunda fase, buscando recursos dos Governos Federais e Estaduais para dar este suporte e acompanhamento”, informou.

Da Bahia veio exemplo de como a organização de universidades, produtores, com apoio das esferas governamentais, podem contribuir para soluções de combate à pobreza e alternativas de desenvolvimento econômico numa região de seca. O envolvimento de 17 municípios, situados na Serra Geral e Bacia São Francisco, região do semi-árido nordestino, cujo índice pluviométrico é de 750 milimetros por ano, fez nascer um agropólo. O resultado da organização rendeu a aprovação de um projeto pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, que vai possibilitar a agregação de valores ao feijão caupi, uma das espécies mais produzidas na região.

“O feijão caupi é muito rico em proteína de ferro, na safra chega a custar R$ 120 a saca de 60 quilos, mas depois o preço cai sendo comprado por até R$ 5 a R$ 10 a saca por causa do aumento da oferta”, disse o coordenado do Programa de Desenvolvimento Regional, professor José Afonso da Silveira, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). A solução para agregação de valor veio com pesquisas que identificaram alguns produtos que poderiam ser feitos a base do feijão caupi, como macarrão, hamburguers, bolo, doces e também a transformação num tipo de farinha a ser misturada com pequena quantidade de trigo para produção do pão francês.

O projeto, segundo Silveira, já está na sua segunda fase, que é o treinamento de padeiros de oito municípios, dos 17 que fazem parte do agrópolo, que serão multiplicadores da atividade. Para o desenvolvimento do projeto o Ministério da Ciência e Tecnologia destinou R$ 127 mil.

O presidente da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico de Cascavel, Lindonez Rizzotto, situado na região Oeste do Paraná, falou sobre as experiências desenvolvida pelo agropólo da região. Segundo ele, o agropólo de Cascavel é um dos 18 que foram criados pelo Governo do Estado, a partir de 1998. “Os resultados destes agropólos é a fixação do homem no campo, através da melhoria da renda destas famílias com a agregação de valor a produção”, disse. Entre as cadeias produtivas identificadas na região Oeste do Estado estão a de hortifrutigranjeiros, erva-mate, leite, avicultura, mandioca e amido. Ele enfatizou que a organização busca resolver os gargalos produtivos. “Este é o caminho para o desenvolvimento local. A qualificação de recursos humanos nesse processo é fundamental”, disse. Outros dois agropólos do Paraná estiveram presentes ao evento, da região de Maringá e Francisco Beltrão.

O Estado de Goiás está no início da implantação de agropólos. De acordo com Romoaldo Pessoa , do Instituto Sócio Ambientais da Universidade Federal de Goiás, os agropólos foram implantados na região sudeste e oeste do Estado, nos municípios de Jataí, região sudeste, município de São Luiz dos Montes Belos. Por meio de reuniões, nas micro-regiões, foram identificadas as potencialidades destas regiões. Uma das experiências que se destacou veio do município de Montes Belos, região formada por pequenos produtores, e que não havia uma organização do setor, segundo Pessoa. Na região foi identificada a cadeia produtiva do leite para investimentos. ”Do ponto de vista de concepção dos agrópolos, o mais importante é o produtor acreditar que pode fazer e a partir daí buscar o apoio governamental”, disse Pessoa, ressaltando que há uma boa participação dos prefeitos da região.

MT REGIONAL - Em Mato Grosso, o Governo do Estado implantou o Programa MT Regional, que na sua primeira fase já definiu o trabalho com as cadeias produtivas das regiões do Baixo Araguaia, Alta Floresta, Baixada Cuiabana e Juína. O programa prevê o apoio tecnológico, capacitação, facilitação ao acesso as linhas de crédito e acompanhamento da comercialização do produto.

Os municípios da Baixada Cuiabana, por exemplo, tem a mandioca com um dos principais produtos a ser trabalhado. “O projeto prevê o incentivo de 30% do pão francês seja a base da fécula da mandioca”, explicou a secretária adjunta da secretaria de Estado Ciência e Tecnologia (Secitec), Jackeyline Mapurunga. Essa é uma das maneiras de agregar valor a matéria-prima. “Só em Mato Grosso já há um consumo muito grande da mandioca, usada em pratos tradicionais da nossa culinária”, complementou a secretária. A transformação da matéria-prima, no caso da mandioca, numa diversidade de produtos é um dos objetivos do programa de agregar valor a produção regional.

Na região do Araguaia, a ênfase é o desenvolvimento da cadeia produtiva de pequenos animais, como aves e ovelhas. “O projeto prevê que o pequeno produtor pode financiar por R$ 350 a sua produção”, informou Jackeyline. De acordo com a secretária os projetos que integram o MT Regional estão agora na fase de validação, serão apresentadas aos produtores integrantes das cadeias para aprovação e a efetiva implantação. O Programa busca integrar as ações de várias secretarias do Estado, e a busca de recursos federais, estaduais e o envolvimento da iniciativa privada como forma de otimizar os recursos humanos e financeiros, proporcionando um desenvolvimento mais igualitário das regiões.




Fonte: Secom - MT

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