Morte de garoto vira bandeira

O adolescente Phelipe Aparecido de Oliveira Bica, símbolo da luta contra erros médicos em Mato Grosso, foi sepultado na tarde de ontem pela família. Phelipe, que completaria 15 anos no dia 8 de agosto, viveu vegetativamente desde o nascimento, devido a uma lesão cerebral sofrida no momento em que nasceu.

Phelipe morreu por volta das 11h30 de domingo no hospital São Mateus, em Cuiabá, devido a falência múltipla de órgãos, septicemia (forma grave de infecção), infecção do trato intestinal e paralisia cerebral.

A mãe da vítima, biomédica Maria de Fátima Oliveira, 48 anos, disse na tarde de ontem que não queria falar sobre o processo na Justiça, mas apenas homenagear o filho. “Ele [Phelipe] foi uma lição de vida para mim. Aprendi muito com ele. Ele nunca pôde comunicar com palavras, mas seus gestos e expressões nunca vão se calar”, emocionou-se ela.

Devido aos problemas de saúde Phelipe sempre dependeu totalmente da mãe para viver.

“A família prefere neste momento de dor não comentar os fatos propriamente ditos sobre os erros médicos. Posteriormente, vamos relatar em detalhes toda esta triste situação vivida por esta e outras famílias”, ponderou o advogado Luiz Antônio Siqueira.

Bandeira

Três anos após o nascimento de Phelipe, a mãe e amigos criaram a Associação de Vítimas de Erros Médicos de Mato Grosso (Avem). A associação conta hoje com a participação voluntária de mais de 30 profissionais de várias áreas, como médicos, advogados, assistentes sociais e outros.

“O Phelipe, como uma das muitas vítimas de erros médicos, foi e continuará sendo nossa bandeira para a criação da Avem no dia 12 de agosto de 1996”, observou um dos advogados da entidade Luiz Antônio Siqueira.

Com a morte do garoto, os integrantes da Avem agora pretendem criar a Fundação Phelipe Bica, destinada ao auxílio e tratamento de crianças especiais, vítimas ou não de erros médicos.