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Internacional
Sexta - 02 de Julho de 2004 às 17:04

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Saint-Omer, França - Um julgamento por crimes de pedofilia, repleto de terríveis relatos de pais que emprestaram seus filhos para uso sexual, terminou hoje, com 10 dos 17 acusados condenados.

Thierry e Myriam Delay, um casal desempregado e centro do escândalo, foram sentenciados, respectivamente, a 20 e 15 anos, por múltiplas acusações de estupro e empréstimo dos próprios quatro filhos a amigos e vizinhos para sexo.

Toda a França acompanhou com atenção, e chocada, o julgamento que envolveu alegações de bestialidade e formação de bando para seqüestrar 18 crianças – algumas com três anos na época – entre 1995 e 2000. As sessões de sexo tinham lugar no apartamento dos Delays, na cidade de Outreau, norte da França, perto da fronteira com a Bélgica.

Mais de 100 testemunhas, incluindo policiais, médicos e algumas das 18 vítimas, compareceram ao tribunal para o julgamento que começou dia 4 de maio. O filho de 10 anos dos Delays estava entre as testemunhas. Ele contou que havia sido estuprado pela maioria dos acusados e filmado em cenas envolvendo pedofilia e bestialidade.

Thierry, de 40 anos, foi declarado culpado do estupro de nove crianças e assalto sexual a outras seis. Myriam, de 37, pelo estupro de sete crianças e assalto sexual a outras 10.

Vizinhos dos Delays, Aurelie e David Delplaque foram sentenciados a seis e quatro anos, respectivamente, pelo estupro dos filhos dos Delays.

Um padre de 67 anos, Dominique Wiel, pegou sete anos. Ele vivia no mesmo andar do prédio dos Delays e Delplaques.

As sentenças para os outros acusados vão de 18 meses a sete anos. O júri chegou a esse veredicto hoje de manhã, depois de 18 horas de deliberação.

Com base nas acusações de Myriam Delay, 13 do 17 acusados estão atrás das grades há mais de três anos.

Em meio a testemunhos emocionados no julgamento que durou 10 semana, Myriam espantou a corte quando caiu em pranto e disse que tinha acusado erradamente 13 pessoas. Uma semana depois, ela voltou atrás e disse que suas acusações iniciais eram verdadeiras.

Elas atingiram várias vidas, mas alguns dos acusados conseguiram negar com consistência sua participação no escândalo. Entretanto, entre eles, uma pessoa cometeu suicídio na prisão e outros perderam a guarda de seus filhos.

O ministro da Justiça, Dominique Perben, convocou uma coletiva de imprensa, ontem, na qual pediu desculpas pelos erros do sistema judiciário e ofereceu sua “compaixão e pesar” aos injustamente acusados.

Perben também disse que está criando uma comissão de juizes, advogados e psicólogos para determinar por que os crimes demoraram tanto para serem descobertos.

“Não quero que o que houve em Outreau aconteça novamente”, explicou




Fonte: AE - AP

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