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Economistas e criadores falam sobre o Plano Real
São Paulo - Numa série especial iniciada na noite passada, o programa Conta Corrente, da Globo News, ouviu economistas e ex-colaboradores do governo FHC, e o próprio ex-presidente, sobre o que deu certo e o que deu errado com o Plano Real, que acaba de completar dez anos de sua implantação.
"A ferro e fogo"
Do economista Sérgio Werlang, ex-diretor de Política Econômica do Banco Central: "No primeiro governo Fernando Henrique, a inflação e o câmbio foram mantidos a ferro e fogo. A parte fiscal não se ajustou."
"Pagando o preço"
Do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Unicamp: "Hoje, o País está pagando o preço das incontinências do Plano Real, concentradas na taxa de juros alta e na taxa de câmbio sobrevalorizada."
"Medidas de risco"
Do economista Roberto Giannetti da Fonseca, ex-secretário da Camex: "As medidas pró-crescimento econômico que representavam risco, nem o presidente Fernando Henrique e nem a equipe econômica tomaram. E aí nós convivemos, durante muitos anos, com uma taxa de crescimento baixo e o desemprego alto."
Prejuízos à indústria nacional
De Luiz Gonzaga Belluzzo: "O fato de a taxa de câmbio ter permanecido muito tempo sobrevalorizada prejudicou muito a indústria brasileira, provocou uma destruição de postos de trabalho que poderia ter sido evitada."
A mágoa de Arida
De Roberto Giannetti: "Os problemas com a sobrevalorização do Real poderiam ter sido aliviados se prevalecesse a opinião de alguns formuladores do Plano Real, como Persio Arida, que saiu, se não me falha a memória, em abril de 1995, muito chateado, muito magoado com a postura que o Plano Real estava tomando, de preservar a sobrevalorização cambial, muito além do tempo que era necessário."
A advertência de Mendonça
Do economista José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda: "Em novembro de 97, eu fiz um primeiro memorandum ao ministro da Fazenda (Pedro Malan), sugerindo o início de uma flexibilização do câmbio, exatamente porque a âncora cambial já tinha cumprido o seu papel. Infelizmente, naquele momento, decidiu-se que isso não seria feito."
A explicação de Franco
Do ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco: "A desvalorização não faria sentido nenhum (naquele momento), seria uma burrice se feita antes de 98, antes da crise da Rússia, especialmente porque o Brasil nadava em dólares, até fins de 97. Essa certeza veio com a crise da Rússia, começando no segundo semestre de 98. Aí, sim, faz sentido pensar em desvalorizar."
Metas de inflação
De Sérgio Werlang, um dos introdutores do sistema de metas de inflação adotado pela equipe econômica de então: "O sistema de metas deixa claro qual é o objetivo do Banco Central. Não é o único objetivo, tanto que o sistema de metas tem uma banda; tem o centro da meta e uma banda de mais ou menos 2,5% no Brasil. Aliás, a banda brasileira é a mais alta de todos os sistemas de meta que eu conheço."
As explicações de FHC
Do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que liderou, como ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, a equipe que construiu o Plano Real: "O objetivo do Plano Real era acabar com a inflação, era um plano de estabilização. O problema do Brasil (então) era a inflação. Isso nós conseguimos. A discussão que houve, entre desenvolvimentistas e, não sei qual era o outro nome (monetaristas), era em função do que se vai fazer com o câmbio e a taxa de juros.
Talvez pudesse ter mexido um pouquinho antes da crise da Ásia. Mas isso se fala agora. Naquele momento morria-se de medo. ´Vai mexer (no câmbio), dispara a inflação´. Eu queria mexer mais tarde, em 98. Tentei convencer o Gustavo (Franco) a mexer. O Beto Mendonça (José Roberto Mendonça de Barros) foi embora do governo; vários que queriam mexer foram embora do governo.
Depois, em 99, mexemos. O que aconteceu? Houve o estouro da boiada. O câmbio flutuou, mas não foi decisão, foi porque estourou o mercado. E aí nos perguntamos? E se vier a inflação de novo? A nossa grande vitória foi que não veio a inflação."
"A ferro e fogo"
Do economista Sérgio Werlang, ex-diretor de Política Econômica do Banco Central: "No primeiro governo Fernando Henrique, a inflação e o câmbio foram mantidos a ferro e fogo. A parte fiscal não se ajustou."
"Pagando o preço"
Do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Unicamp: "Hoje, o País está pagando o preço das incontinências do Plano Real, concentradas na taxa de juros alta e na taxa de câmbio sobrevalorizada."
"Medidas de risco"
Do economista Roberto Giannetti da Fonseca, ex-secretário da Camex: "As medidas pró-crescimento econômico que representavam risco, nem o presidente Fernando Henrique e nem a equipe econômica tomaram. E aí nós convivemos, durante muitos anos, com uma taxa de crescimento baixo e o desemprego alto."
Prejuízos à indústria nacional
De Luiz Gonzaga Belluzzo: "O fato de a taxa de câmbio ter permanecido muito tempo sobrevalorizada prejudicou muito a indústria brasileira, provocou uma destruição de postos de trabalho que poderia ter sido evitada."
A mágoa de Arida
De Roberto Giannetti: "Os problemas com a sobrevalorização do Real poderiam ter sido aliviados se prevalecesse a opinião de alguns formuladores do Plano Real, como Persio Arida, que saiu, se não me falha a memória, em abril de 1995, muito chateado, muito magoado com a postura que o Plano Real estava tomando, de preservar a sobrevalorização cambial, muito além do tempo que era necessário."
A advertência de Mendonça
Do economista José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda: "Em novembro de 97, eu fiz um primeiro memorandum ao ministro da Fazenda (Pedro Malan), sugerindo o início de uma flexibilização do câmbio, exatamente porque a âncora cambial já tinha cumprido o seu papel. Infelizmente, naquele momento, decidiu-se que isso não seria feito."
A explicação de Franco
Do ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco: "A desvalorização não faria sentido nenhum (naquele momento), seria uma burrice se feita antes de 98, antes da crise da Rússia, especialmente porque o Brasil nadava em dólares, até fins de 97. Essa certeza veio com a crise da Rússia, começando no segundo semestre de 98. Aí, sim, faz sentido pensar em desvalorizar."
Metas de inflação
De Sérgio Werlang, um dos introdutores do sistema de metas de inflação adotado pela equipe econômica de então: "O sistema de metas deixa claro qual é o objetivo do Banco Central. Não é o único objetivo, tanto que o sistema de metas tem uma banda; tem o centro da meta e uma banda de mais ou menos 2,5% no Brasil. Aliás, a banda brasileira é a mais alta de todos os sistemas de meta que eu conheço."
As explicações de FHC
Do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que liderou, como ministro da Fazenda do governo Itamar Franco, a equipe que construiu o Plano Real: "O objetivo do Plano Real era acabar com a inflação, era um plano de estabilização. O problema do Brasil (então) era a inflação. Isso nós conseguimos. A discussão que houve, entre desenvolvimentistas e, não sei qual era o outro nome (monetaristas), era em função do que se vai fazer com o câmbio e a taxa de juros.
Talvez pudesse ter mexido um pouquinho antes da crise da Ásia. Mas isso se fala agora. Naquele momento morria-se de medo. ´Vai mexer (no câmbio), dispara a inflação´. Eu queria mexer mais tarde, em 98. Tentei convencer o Gustavo (Franco) a mexer. O Beto Mendonça (José Roberto Mendonça de Barros) foi embora do governo; vários que queriam mexer foram embora do governo.
Depois, em 99, mexemos. O que aconteceu? Houve o estouro da boiada. O câmbio flutuou, mas não foi decisão, foi porque estourou o mercado. E aí nos perguntamos? E se vier a inflação de novo? A nossa grande vitória foi que não veio a inflação."
Fonte:
Estadão.com
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/379076/visualizar/
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