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Economia
Quinta - 01 de Julho de 2004 às 10:49

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O Plano Real completa 10 anos nesta quinta-feira, dia 1º de julho. O programa de estabilização econômica foi o mais eficaz no combate a inflação já implementado no País. No entanto, outros problemas surgiram, como os níveis recordes de desemprego, a queda da renda dos trabalhadores e a piora na distribuição de renda.

Ao contrário de tentativas anteriores, o Plano não utilizou mecanismos como congelamento de preços ou arrocho salarial. O objetivo foi desindexar a economia e usar a abertura comercial e a política cambial para suprir a demanda com produtos importados, aumentando a concorrência interna e garantindo a estabilidade dos preços.

Apesar de ter como principal meta conter o ritmo dos reajustes, o Plano Real foi desenvolvido com base em uma série de medidas - como a redução das alíquotas de importação, a âncora cambial e juros elevados. Para cobrir os gastos em dólares, era necessário um grande volume de capital estrangeiro, situação extremamente factível considerando a disponibilidade de recursos externo naquela época.

O ingresso de divisas ocorria tanto pode meio de investimentos diretos como através de capital de curto prazo. O sucesso da estratégia no longo prazo, entretanto, estava condicionado à realização de reformas estruturais e à desvalorização gradual da moeda para reduzir o déficit fiscal e recuperar as exportações.

CRISES INTERNACIONAIS

As crises internacionais da segunda metade da década de 1990, especialmente nos países emergentes, acabaram colocando em xeque a sustentabilidade da nova moeda. O fluxo de recursos externos diminuiu e a desconfiança em torno da política econômica cresceu drasticamente. Bilhões de dólares deixarem o País em um curtíssimo espaço de tempo, elevando as pressões para a mudança da política em curso.

O Real conseguiu superar a crise mexicana e a asiática. Quando a Rússia declarou moratória, em 17 de agosto de 1998, o Brasil começou a ser classificado como "a bola de vez". O presidente Fernando Henrique Cardoso e a sua equipe econômica, apesar das divergências existentes no próprio governo, afirmavam a intenção de sustentar o Real e adotaram a estabilidade da moeda e o combate ao desemprego como os grandes slogans da campanha à reeleição de FHC, em 1998.

Para tentar conter a fuga de capitais e reduzir a desconfiança dos investidores, o governo fechou um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). A sangria de recursos, entretanto, continuou e o país não conseguiu conter as pressões. Pouco depois de iniciar o novo mandato, o governo optou pela flexibilização da política cambial.

DESVALORIZAÇÃO DE 1999

A moeda permaneceu estável até o dia 13 de janeiro de 1999, quando sofreu uma maxidesvalorização, com a ampliação das bandas de variação para posterior adoção do sistema de livre flutuação cambial, uma das principais alterações de política econômica dos últimos anos.

Com a desvalorização do Real e o fim da âncora cambial, há a construção de uma nova "âncora" para garantir a estabilização dos preços com base no sistema de metas de inflação, taxa de câmbio flutuante e forte compromisso com um forte ajuste fiscal.

SUCESSÃO PRESIDENCIAL

A partir de 2001, novas crises internas e externas abalariam as estruturas do Real, aumentando a desvalorização da moeda frente ao dólar.

Primeiramente, a crise argentina e, em 2002, a sucessão presidencial levaria o Real a ter recordes de desvalorização. Em meio as dúvidas quanto a política a ser adotada pelo novo governo, o dólar chegou a ser negociado acima de R$ 4,00 nas vésperas do segundo turno das eleições presidenciais de 2002.

As sucessivas desvalorizações cambiais acabam tendo impacto sobre a inflação. No último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, a inflação medida pelo volta aos dois dígitos. O IGP-M fechou aquele ano em 25,30%.

A pressão sobre a inflação faz com que o novo governo tenha de adotar medidas restritivas, como o aumento dos juros. As medidas são eficazes no controle inflacionário, mas o crescimento econômico de 2003 acaba sendo comprometido.

Este ano, somente 10 anos após o Real, a economia do País combina sinais de recuperação econômica com estabilidade dos preços.




Fonte: Invertia

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