Chorando e se dizendo “humilhada” por alguns petistas, a ex-senadora já adiantou que votará em Mauro Mendes (PSB) para prefeito de Cuiabá
Serys deixa PT após 23 anos no partido

Um dia após a visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Cuiabá, a ex-senadora Serys Slhessarenko anunciou sua desfiliação do Partido dos Trabalhadores (PT), alegando ter sido isolada e discriminada pelos companheiros de legenda. A, agora, ex-petista afirma que irá votar no empresário Mauro Mendes (PSB) para prefeito de Cuiabá.

Serys era militante do partido há 23 anos e garante que “aguentou até onde pode”. “Eu tentei até agora. Fui perseguida, isolada, humilhada e, mesmo assim, continuei lutando. Não quis sair depois da eleição para não deixar brecha para falarem. Saio agora com o coração doído, porque é ruim ver quem busca o poder a qualquer custo. Não quero poder a qualquer preço como alguns companheiros estão fazendo, se aliando com pessoas e usando muito dinheiro”.

Para ela, o vereador Lúdio Cabral (PT) se tornou “submisso” à Executiva estadual do partido, liderada por um “grupo” que não queria a participação dela na campanha. Serys afirma que o candidato petista até chegou a procurá-la, no entanto o diálogo não foi adiante, justamente por conta desta frente do partido.

“Fizemos um grande esforço para participar do projeto do PT aqui em Cuiabá. Em meados de agosto recebi uma ligação do Lúdio onde ele falava: senadora, venha com a gente, vamos conversar. Eu disse que estava pronta para conversar, mas pedi para que chamasse o Alexandre César e o Abicalil, porque do jeito que estava não dava para ficar e também para sairmos unidos e fortalecidos para campanha. Ele me falou que ia ver e me retornava, e nunca mais me ligou. Ele está totalmente submisso a Executiva”.

Segundo a ex-parlamentar, a frente petista - liderada pelo deputado estadual Alexandre César e o ex-deputado federal Carlos Abicalil - sempre fez campanha interna contra ela. Serys cita como exemplo a sua tentativa de concorrer à prefeitura de Cuiabá em 1996, a sua candidatura ao governo do Estado em 2006, além do episódio de 2010, quando ela tentou ser novamente candidata a senadora.

Por conta disso, ela afirma que o PT de Mato Grosso “não gosta de mulher na política”. Serys confirma o fato narrado pelos militantes que deixaram o PT recentemente, de que o candidato petista e a Executiva regional teriam convocado uma reunião, na qual apresentou seu projeto para 2012 e pediu a participação de todos, com exceção da ex-senadora, alegando que ela não teria mais projetos no PT. “O PT esta ‘desconfigurado’, totalmente desfocado de suas lutas”.

Outro lado - Lúdio afirma que essa atitude da Serys já era esperada, uma vez que ela não estava engajada na campanha. No entanto, ele garante que tentou cooptar o apoio da ex-senadora em diversos momentos, mas não obteve sucesso. “Foi uma escolha dela. As pessoas são livres para tomar suas decisões”.

Alexandre Cesar, por sua vez, afirma que não houve nenhum pedido de reunião e reforça que, durante todo o processo de construção da candidatura de Lúdio, ela foi convidada a participar. “Eu lamento porque nesses 20 anos o partido investiu nela... para acabar assim, mas espero que seja feliz com a decisão que tomou”.