Servidores da saúde avançam no bloqueio das OSS’s em Mato Grosso
Vinte e duas mil assinaturas contra a Organizações Sociais, em uma cadeira de rodas (simbolizando a condição precária da Saúde). Esse foi o montante que os servidores públicos da Saúde do estado foram entregar na Assembleia Legislativa de Mato Grosso nesta quarta-feira, 24 de outubro. Mas mesmo superando a quantidade exigida para a votação de um Projeto de Lei de Iniciativa Popular (21 mil), a força do movimento fez com que os servidores adiassem a entrega para o dia 31 deste mês, com a expectativa de totalizar 25 mil assinaturas.
Cerca de 150 servidores foram à Assembleia hoje para mostrar aos deputados a grandeza do movimento, que conseguiu recolher mais assinaturas do que o necessário em cerca de um mês. Os formulários só não foram entregues porque os trabalhadores do interior ainda não entregaram as assinaturas que recolheram em suas regiões.
Mais de 10 deputados já assinaram documento de respaldo ao Projeto de Lei apresentado pelo movimento, contra as Organizações Sociais, indicando que há grande chance de os dispositivos das Leis 150/04 e 147/11, que dispõem sobre as OSS’s no estado, poderão ser revogados, como pretende o movimento.
Durante todo o dia os servidores fizeram manifestações na Praça Ulisses Guimarães, seguindo para a Assembleia e depois para a Secretaria Estadual de Saúde (SES). Lá, a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos da Saúde e do Meio Ambiente (Sisma/MT), Alzita Ormond, visitou todas as salas chamando os servidores para que descessem, mesmo com a ameaça do secretário Vander Fernandes de cortar o ponto de presença de quem aderisse ao movimento. “Nós não podem ceder às ameaças e retaliações do secretário. Nós somos servidores efetivos e temos direito de dizer e mostrar o que está errado”, disse a presidente.
A imprensa teve dificuldades para entrar na Secretaria (que é um órgão público), sob a justificativa de que a assessora de imprensa, Cida Capelassi, teria que autorizar a entrada de jornalistas. Revoltados com a situação e também com o fato da SES ter bloqueado o acesso em suas unidades ao site do sindicato da categoria, os manifestantes entoaram palavras de ordem contra o secretário e também contra a jornalista.
“Libere o site, libere já, essa censura nós não vamos aceitar”, foi um dos cantos improvisados pelos manifestantes.
Em suas falas, os servidores ressaltaram a importância do concurso público, para que o trabalhador tenha mais segurança com relação às pressões feitas pelos “patrões”. “É por isso que o Governo do Estado não faz mais concurso público. Para que o servidor tenha medo de se manifestar”.
Dentro da própria SES, enquanto o Sisma/MT convidava os servidores, eles mesmos confirmaram que sofrem pressões lá dentro, para não aderirem o movimento, apesar das péssimas condições a que estão submetidos. Além de “avisar” os trabalhadores que os pontos de presença seriam cortados, o material disponibilizado pelo Sisma/MT, chamando os servidores para o ato, foi arrancado por diversas vezes do mural da Secretara, pela própria assessoria de imprensa.
Os servidores do interior também pararam suas atividades neste dia, mantendo somente os 30% de atendimento, exigidos pela legislação.
Um grande ato está sendo programado para o dia 31 de outubro, com participação em massa dos servidores de várias regiões do estado. Neste dia as assinaturas serão entregues aos deputados para que possam seguir para votação, depois de todos os tramites usuais.
Teor do movimento contra as OSS’s – Mais uma vez os integrantes do movimento ressaltaram que o objetivo não é eleitoreiro. Isso porque a equipe de um dos candidatos a prefeito de Cuiabá estava rondando a manifestação e fazendo imagens sem se identificar, nem se apresentar, provavelmente para utilizar em ataques ao adversário. “Nós repudiamos o uso do nosso movimento para fins eleitoreiros. Não há interesse eleitoral aqui. O que nós queremos é uma outra política para a Saúde, independente de quem está lá. Pode entrar e sair secretário, mas se a política direcionada à Saúde não mudar, não adianta nada”, afirmaram.
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