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Sexta - 18 de Junho de 2004 às 20:20

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Londres - O Big Brother precisa de conflitos. O Big Brother tem conflitos. E como. Vários espectadores matinais do reality show inglês telefonaram à polícia, esta semana, quando insultos, ameaças e inesperados equipamentos de cozinha começaram a voar, num quebra-pau maluco que transformou o set em um campo de batalha.

A Polícia de Hertfordshire reviu o tape do incidente com um olho em possíveis acusações criminais e um criminologista universitário rompeu relações com o programa, enquanto especialistas em comportamento responsabilizavam a ânsia por audiência da empresa produtora pela balbúrdia.

Enfrentando a queda de popularidade de um formato já decadente, a produtora Edemol surgiu com o slogan “Big Brother fica mau” para sua quinta série. A casa tornou-se menor para aumentar o desconforto e os 12 concorrentes escolhidos tinham muito pouco em comum, incluindo um ativista político, uma aspirante a modelo topless, um ex-investigador de manicômio e transsexual da Somália.

A volátil combinação de diferentes personalidades e os truques sujos provaram-se explosivos e os guardas de segurança tiveram de entrar na casa, ontem cedo, pela primeira vez na história do programa, para apartar a briga.

O Channel 4, que apresenta o Big Brother na Inglaterra, cortou as transmissões ao vivo mas muitos telespectadores horrorizados viram o suficiente para acionar a polícia. O Ofcom, órgão governamental de observação da mídia, também está investigando o caso, depois de receber reclamações de telespectadores.

Especialistas em comportamento dizem que o confronto foi o inevitável – e possivelmente planejado – resultado de uma falsa eliminação na semana passada. Os participantes que ficaram na casa acreditavam que a administradora legal Emma Greenwood, de 20 anos, e a aspirante a modelo Michelle Bassa, de 23, haviam sido excluídas depois do voto do público.

Na verdade, elas foram colocadas num apartamento do estúdio e tiveram permissão para observar os outros durante uma semana, ouvindo comentários absolutamente negativos sobre elas mesmas.

As duas também foram encorajadas a fazer brincadeiras de mau gosto com os outros participantes. Elas vingaram-se dos seus piores críticos obrigando um a tomar uma série de banhos frios, colocando ovos na cama de outro e fazendo um bolo de chocolate apimentado para um terceiro.

Emma e Michelle retornaram a casa na quarta-feira à noite, provocando um confronto.

Emma gritou insultos para o estudante Victo Ebuwa, de 23 anos, a quem vira acusando-a de ser burra, chata e racista. Ela atirou uma bandeja sobre ele e Victor respondeu jogando um copo de vinho sobre ela, gritando ameaças.

O praticante de musculação Jason Cowen, de 30, berrou com Marco Sabba, que tinha instigado uma luta com comida com Emma:

“Vou te bater! Vou arrancar tua cabeça fora e fim de história.”

Emma foi isolada no set, num confinamento solitário, hoje.

“Colocar um grupo de estranhos juntos numa casa minúscula já é ruim o suficiente”, diz o professor de Psicologia da Universidade de Lancaster, Cary Cooper. “Mantenha alguns deles em isolamento e mostre-lhes os que as pessoas dizem deles pelas costa e as coisas provavelmente explodirão.”

Mas o bafafá foi amplamente recompensado em audiência. Sete milhões de telespectadores sintonizaram o tumulto, apresentado em destaque no programa de ontem à noite, representando uma imensa recuperação nos índices depois da grande queda que se seguiu ao primeiro programa da série, que foi ao ar dia 28 de maio.

O incidente induziu o professor David Wilson, um crimonologista da Universidade da Inglaterra Central, em Birmingham, que era consultor do programa, a sair. Wilson diz que o Big Brother agora é “inapropriado” para ele. E Cooper avisa que os produtores estão jogando um jogo perigoso.

“Eles têm de ter cuidado”, aconselha. “Alguém pode se machucar.”




Fonte: AE - AP

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