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Quinta - 17 de Junho de 2004 às 13:03

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Londres - O Brasil deve atrair entre 2004 e 2008 uma média anual de US $ 14,2 bilhões em investimentos diretos estrangeiros (IDE), mantendo o País no topo das preferências dos investidores na América Latina, segundo o estudo "Perspectivas de Investimento Mundial" elaborado pela consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU). Entre os países emergentes, o Brasil perderá apenas para a China na atração de investimentos. Para a elaboração da pesquisa, foram entrevistados quinhentos diretores de grandes empresas internacionais.

Em todo o mundo, o Brasil vai ocupar nos próximos cinco anos a 14ª posição no ranking de maiores recipientes de investimentos diretos. A liderança folgada será dos Estados Unidos, que deverão atrair até 2008 uma média anual de US$ 203 bilhões em investimentos. Em seguida, estão a Bélgica/Luxemburgo, China (US$ 67 bilhões anuais), França e Reino Unido. México (15º), Rússia (18º) e a Índia (20º) deverão atrair menos investimentos do que o Brasil no período analisado.

Segundo a EIU, o Brasil deverá receber em 2004 US$ 13 bilhões em investimentos diretos. No próximo ano, a cifra vai subir para US$ 13,5 bilhões e em 2006 totalizará US$ 14,5 bilhões. Nos dois anos seguintes a cifra deverá ficar em torno de US$ 15 bilhões.

Entre 1999 e 2003, o Brasil foi o segundo maior recipiente de IDE entre os mercados emergentes e o 11º em todo o mundo, registrando uma média de US$ 22 bilhões. A China, com uma média anual de US$ 45 bilhões em investimentos diretos, liderou com grande folga os países em desenvolvimento nos últimos quatro anos.

Incertezas macroeconômicas frearam fluxos de investimentos. Embora o Brasil ocupe um lugar de destaque na atração de investimentos diretos, a EIU aponta uma série de problemas que continuam freando uma maior aposta estrangeira no País. Segundo a consultoria, declínio dos fluxos de investimentos diretos estrangeiros para o Brasil nos últimos dois anos pode ser explicado apenas parcialmente pela exaustão da primeira fase do processo de privatizações que marcou o país no final da década de 90.

"Essa queda também reflete a cautela do investidor diante de incertezas macroeconômicas e políticas", disse a consultoria. "Em particular, os investidores avaliando projetos para o mercado doméstico brasileiro têm preocupações sobre a contínua fraqueza da demanda doméstica e os riscos cambiais."

Segundo a EIU, os investidores interessados no setores das utilitárias "parecem estar mantendo um compasso de espera na esperança que a estrutura regulatória venha a ser esclarecida e ajustada para reduzir o risco". A estudo observa que as principais atrações do Brasil para os investidores diretos são o tamanho de seu mercado doméstico e o potencial para fábricas estrangeiras usarem o País como uma base de exportação para outros mercados sul-americanos.

Os fluxos de investimentos para indústrias voltadas para a exportação devem se concentrar nos setores nos quais o Brasil tem uma vantagem comparativa, como o do aço, produtos de madeira e agricultura.

Os setores protegidos pela política governamental, como a indústria automobilística, também deverão ser beneficiados. Mas em outras áreas, segundo a EIU, "as fraquezas estruturais" servirão como um freio para os investimentos. "Essas fraquezas incluem o ´Custo Brasil´, problemas regulatórios e incertezas, principalmente no setor energético."

Além disso, as suas grandes necessidades de financiamento externo deixam o país vulnerável a choques externos. "Enquanto essa vulnerabilidade persisitir, isso representará uma barreira potencial para as empresas que pensam em investir no Brasil", disse a EIU.

Brasil tem o maior estoque de investimentos diretos da AL O Brasil tem o maior estoque de investimento direto estrangeiro da América Latina e o segundo maior, após a China, entre os países emergentes: US$ 247 bilhões no final de 2003. Mas o estoque de IDE per capita do País é relativamente baixo se comparado a outros países. A EIU afirmou que isso reflete os setores financeiros e corporativos domésticos do país relativamente fortes e um início lento do processo de privatização e liberalização.

Antes da metade da década de 90, os fluxos de IDE para o Brasil eram concentrados no setor manufatureiro, mas desde então tem ocorrido uma grande enfase nos investimentos em serviços. Os setores de telecomunicações, eletricidade e bancário têm recebido grandes somas de investimentos. Mesmo assim, o setor manufatureiro ainda é importante, tendo sido responsável por cerca de 30% dos fluxos líquidos de IDE no ano passado.

Os Estados Unidos são os maiores investidores diretos no Brasil. Em 2000, os investidores norte-americanos eram responsáveis por quase a metade do total do estoque de IDE do país, embora sua participação nos fluxos de 2003 tenha declinado para abaixo dos 20%. A Espanha contabiliza cerca de 25% dos estoques de investimentos diretos no Brasil, seguida da Holanda, França e Japão.

Investimentos diretos estrangeiros globais vão crescer 30% em 2004

A EIU acredita que os fluxos de investimentos diretos estrangeiros em todo o mundo vão se recuperar em 2004, somando US$ 754,8 bilhões, cerca de 30% a mais do que no ano anterior. Segundo a consultoria, os resultados da pesquisa confirmam que os investimentos diretos estrangeiros "retornaram à agenda corporativa".

Mais de 75% dos 500 executivos entrevistados pela pesquisa planejam aumentar o nível de investimentos de suas empresas nos próximos cinco anos. A consultoria observou que a Ásia deverá reforçar a sua posição como principal receptor de investimentos diretos estrangeiros entre as regiões emergentes do mundo.




Fonte: Agência Estado

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