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Quinta - 17 de Junho de 2004 às 09:44

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Os envolvidos no acidente de barco que matou o fiscal do trabalho Renato César de Paula, ocorrido na sexta-feira próximo a Porto Jofre, serão ouvidos ainda essa semana na Agência Fluvial de Cuiabá. O comandante da agência, Edmilson Sebastião Vieira, abriu um inquérito para apurar as causas e os responsáveis pelo acidente. O funcionário público Marcos Rogério de Paula, irmão de Renato, quer o esclarecimento do caso. “Nada vai trazê-lo de volta, mas queremos que algo impeça outros acidentes ali”, completou. ,p> No sábado, o comandante esteve em Porto Cercado, onde as embarcações ficam estacionadas. Ele ouviu informalmente o piloto conhecido como Roberto, que teria batido no barco onde estava Renato. Roberto é prestador de serviços da chalana Três Irmãos, cujo sócio é o ex-secretário de Indústria e Comércio Carlos Avalone. Após o acidente, o fiscal foi levado para a chalana, onde foram providenciados uma lancha e um avião para levá-lo a um hospital em Poconé.

O prazo para que a Marinha conclua as investigações é de 20 dias, prorrogáveis por mais 20. Cinco pessoas devem prestar depoimento: Marcos Rogério, um amigo, o piloto do barco onde estava Renato e duas pessoas do outro barco envolvido. Caso haja contradição entre as versões, o comandante poderá fazer a reconstituição do acidente. O responsável pode ser multado e ter a habilitação cassada. A apuração vai subsidiar o inquérito criminal conduzido pela Polícia Civil em Poconé.

O acidente aconteceu por volta das 16 horas de sexta-feira. De acordo com Marcos de Paula, a embarcação em que pescavam, “tipo bote”, estava parada em um remanso próximo a uma localidade chamada São Miguel. Ela teria sido atingida na lateral por um outro barco, que descia o rio. “Só percebemos quando estava a uns dois ou três metros. Ele vinha rápido, estava até pulando na água. Só deu tempo de abaixar”, contou. Renato, no entanto, não conseguiu se esquivar. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) mostrou que ele foi atingido na base do crânio e teve traumatismo.

Marcos e o amigo, o agrônomo Rui Nogueira Barbosa, acusam o piloto, Roberto, e o passageiro do outro barco de não terem prestado socorro. “Eles reduziram e ficaram olhando. Depois de uns 50 metros, aceleraram o barco e desceram o rio”, relatou. Renato foi socorrido pelo irmão e pelo amigo, que desceram o rio e pararam na chalana Três Irmãos.

Ele foi atendido pelo ex-presidente da Unimed, o médico Alencar Farina, e por um outro médico que estava no barco. “Na hora, alguém disse que o Júnior (gerente da chalana) tinha conseguido contato com um avião que estaria em um hotel”, relata Rui. Uma lancha levou o fiscal até um hotel. De lá, um monomotor o transportou até um hospital de Poconé, onde chegou sem vida.

Sobre a omissão de socorro após a colisão, o ex-secretário Carlos Avalone disse ter ouvido uma versão diferente por parte do funcionário. “O Roberto fez o contorno e pediu que levassem o Renato para a chalana”, contou. O irmão procura uma explicação para o acidente. “É uma brutalidade. Pela omissão e por ter partido de uma pessoa altamente capacitada para pilotar uma embarcação. O piloto foi negligente”, desabafou. Segundo a Capitania dos Portos, Roberto possui habilitação de marinheiro fluvial, concedida após a conclusão de um curso de 15 dias.




Fonte: Primeira Hora

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