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Economia
Sábado - 12 de Junho de 2004 às 11:58
Por: Neri Malheiros

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Com uma enorme fatia do mercado a ser conquistada, a agricultura orgânica ainda não faz parte dos planos da imensa maioria dos produtores brasileiros. A explicação para isso, segundo o PhD em engenharia agronômica Alberto Feiden, da área de Ciências do Solo da Embrapa Agrobiologia/RJ, presente no 1º Ciclo de Debates e Palestras Sobre Desenvolvimento Ambiental realizado em Lucas do Rio Verde no início do mês, se deve à marginalização do sistema pelos meios de pesquisa e ao fato de que a transformação dos conceitos científicos em normas legais ainda é muito recente e criou uma série de entraves que só serão totalmente contornados a partir da sua total regulamentação.

Mesmo assim, o sistema que elimina o uso de produtos agrotóxicos nas culturas está em franca expansão e cresce numa média de 20% ao ano em todo o mundo. No Brasil não é diferente, embora o desempenho do setor soe ridículo ao ser comparado com o sistema convencional. “Há um equilíbrio entre o consumo interno e as exportações e o faturamento praticamente dobrou de 2002 para 2003, passando a cerca de R$ 1,5 bilhão”, calcula.

Os preços mais atrativos – a comercialização apresenta variações de 20% até 100% a mais sobre os valores dos produtos convencionais – exercem uma forte influência na decisão daqueles agricultores que resolvem aderir à atividade. Atualmente, as grandes culturas como soja, café, cana-de-acúçar e frutas tropicais dominam o mercado externo e os pequenos agricultores se concentram na produção de hortaliças para o mercado interno.

As normas proíbem agrotóxicos em geral, principalmente aqueles de síntese química, adubos minerais solúveis, em especial os de reação ácida, o uso de transgênicos e a radiação ionizante para tratamento póscolheita e, por ser um sistema contrário à monocultura, prevê a diversificação de cultivos para imitar os processos naturais através da relação entre as plantas.

Já chamada de agricultura alternativa, a agricultura orgânica avança aos solavancos e ainda precisa superar uma outra discussão acadêmica sobre nomenclatura. Alguns preferem usar o termo agroecologia para denominar a atividade, mas Feiden diz que se trata de um falso debate. “A agroecologia é uma ciência que engloba várias disciplinas baseadas numa nova forma de estudar e planejar a agricultura. Já a agricultura orgânica é um sistema de produção definido por regras próprias que acaba tendo um nicho mercadológico diferenciado”, explica.

No entanto, alguns produtores adotam práticas que não seguem todos os princípios, mas, por atenderem à normatização, obtiveram o certificado e criaram um sistema paralelo chamado pelos técnicos de agricultura orgânica de substituição de insumos. “Eles apenas trocam os insumos, mas continuam com a mesma lógica de monocultura em grandes áreas. Apesar de ser o segmento que mais cresce, a gente avalia que não se manterão por muito tempo”, prevê.




Fonte: Arinosnet

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