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Nacional
Quarta - 24 de Outubro de 2012 às 15:54

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Estudantes de Medicina da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e da Famema (Faculdade de Medicina de Marília) prometem boicotar o exame do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) que avalia a qualidade do ensino médico. Alunos de outras instituições - Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Unesp (Universidade Estadual Paulista) e Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - manifestaram apoio ao ato.

O boicote está sendo organizado em resposta à obrigatoriedade da prova a partir deste ano - o exame foi criado em 2005 e tinha caráter optativo. O Cremesp modificou as regras e agora condiciona a concessão do registro profissional de médico à realização do exame ao fim do 6.º ano do curso. Os participantes deverão assinar a lista de presença e não poderão deixar a prova em branco. O desempenho não será levado em conta.

A mobilização pelo boicote está mais concentrada na faculdade de Medicina da Unicamp. Em setembro, os alunos lançaram um abaixo-assinado, que já conta com mais de 2.000 assinaturas, contra a realização do exame.

André Citroni, coordenador de Educação do Centro Acadêmico Adolfo Lutz, representa os alunos de Medicina da Unicamp.

— Queremos mostrar à sociedade que essa prova não vai melhorar a educação e a saúde no País. Defendemos uma avaliação continuada, para que os problemas sejam corrigidos ao longo do tempo, e não uma feita apenas no final do curso.

Ontem, o Ministério da Saúde manifestou a intenção de criar um exame mais próximo desse formato.

As lideranças estudantis da Unicamp recomendam que os alunos estejam presentes no dia da prova e marquem, em todas as questões, a alternativa "B", de boicote. A mesma sugestão foi feita pelos estudantes de Marília. "Estamos tentando convencer todos os estudantes do 6.º ano da importância do boicote. O problema é que o Cremesp não deixa muito claro se o desempenho na prova realmente não vai ter algum impacto no futuro", diz Caio Del Arco, do 3.º ano, coordenador-geral dos estudantes da Famema.


O Centro Acadêmico Oswaldo Cruz, entidade que representa os alunos de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), decidiu não boicotar o exame.

Inscrições

A movimentação dos estudantes de Medicina de algumas faculdade médicas de São Paulo contra o exame do Cremesp não impactou no número de inscritos para a prova. Encerradas anteontem, as inscrições para o exame ultrapassaram 3,2 mil participantes. Em 2011 - quando a avaliação não era obrigatória -, 418 estudantes haviam se inscrito.

Segundo Bráulio Luna Filho, um dos coordenadores do exame do Cremesp, os alunos não têm argumentação para não realizar a prova.

— Provavelmente, só não se inscreveu quem está fora do País ou quem pediu autorização para fazer depois. Esse tipo de prova é feita no mundo inteiro. O que é mais lamentável é que, em sua maioria, são alunos de instituições públicas com condição privilegiada que estão se recusando a serem avaliados.

De acordo com o Cremesp, os resultados individuais e as notas obtidas serão confidenciais, revelados exclusivamente ao participante. As escolas de Medicina terão acesso a um relatório genérico de seus alunos.

Favorável

Em nota, a Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp afirmou que acha "interessante a participação dos alunos para ajudar a reconstruí-lo (o exame)". O CFM (Conselho Federal de Medicina) também não se coloca contra a realização do exame, "mas aguardamos o desenrolar do que é feito hoje apenas em São Paulo para melhor analisá-lo como instrumento de avaliação", afirma Desiré Callegari, primeiro-secretário do CFM. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.





Fonte: Estadão

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