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Policiais encerram greve em Minas Gerais
A proposta de reajuste salarial apresentada pelo Governo aos policiais militares, civis e agentes penitenciários foi homologada ontem por gesto simbólico em assembléia em frente da Assembléia Legislativa.
Em clima tenso, cerca de 500 policiais, a maioria de civis, (de 800 a 1000, segundo estimativa dos dirigentes das entidades), participaram do ato de homologação do acordo que prevê 6% de reajuste imediato, pago no contracheque de julho, e 4% em julho de 2005.
Pelo acordo, o governador Aécio Neves também comprometeu-se a enviar projeto de lei para o Legislativo para regulamentar dispositivo constitucional que prevê 10% de adicional de periculosidade em fevereiro de 2005. O acordo também estabelece a garantia de que, em 2006, os policiais receberão novo reajuste a ser definido de acordo com a capacidade financeira do Estado.
O fechamento do acordo não encerra a mobilização. Os dirigentes das entidades vão manter a mobilização tendo como meta alcançar o piso de R$ 1.540 em 2006. O processo de negociação conjunta entre as entidades de policiais civis, militares e agentes penitenciários deixou como saldo a decisão de criar a Federação das Entidades Profissionais das Forças de Segurança de Minas Gerais, que reúne as 13 entidades que negociaram o acordo com o Governo, e que terá como papel discutir e encaminhar as reivindicações dos policiais.
Em clima tenso e diante de uma assembléia insatisfeita com o resultado do acordo, os dirigentes das entidades fizeram um discurso afinado. Todos criticaram o reajuste oferecido pelo Governo, mas, ao mesmo tempo, ressaltaram que fecharam o acordo que seria possível. Em discurso agressivo, o deputado federal Cabo Júlio (PSL) rejeitou a proposta apresentada, acusou o Governo e criticou a imprensa, mas, por fim, contemporizou.
"Não conseguimos o que queríamos, mas viemos fazer o que foi possível neste momento. O que nós queremos não se resume a isso. Vocês estão revoltados neste momento, mas se dependesse do Governo era zero. Estamos trazendo o que foi possível", emendou o vice-presidente da Associação dos Praças, Policiais e Bombeiros Militares (Aspra), Luiz Gonzaga Ribeiro.
O presidente da Aspra, José Luiz Barbosa, disse que os dirigentes policiais tiveram a coragem de levar à assembléia o resultado do acordo, apesar de considerá-lo muito aquém do que gostaria. "O Governo concedeu além do que gostaria. Nós recebemos aquém do que queríamos", resumiu.
O tom dos discursos conseguiu manter o controle da assembléia que teve momentos grande tensão. Policiais com nariz de palhaço, com cartazes denunciando as condições de trabalho e rejeitando o índice imediato de 6% de reajuste, deram o tom do protesto.
A assembléia formal foi encerrada com a homologação do acordo, feito de forma simbólica e diante de protestos, mas os policiais mantiveram-se mobilizados em encontro paralelo convocado pelo cabo Luiz Carlos Cândido, do 1º BPM, que, fardado, protestou contra o fechamento do acordo.
Dissidentes fazem passeata
Cerca de 200 policiais que participaram da assembléia, a maioria de civis, saíram em passeata até a Praça 7, Centro de BH, onde deram um abraço simbólico e, em seguida, fizeram uma oração. Na Avenida Amazonas, sentido bairro/centro, o trânsito ficou congestionado.
Em um carro de som, que chegou depois do fim da assembléia, dois cabos e policiais civis fizeram discursos contra o acordo fechado pelas entidades que os representam com o Governo de Minas. Durante toda a assembléia, as lideranças tiveram dificuldades de falar por causa das vaias. Alguns policiais estavam armados, o que deixou o clima tenso durante os debates. Três detetives estavam com latinhas de cerveja na mão.
Os dissidentes levaram faixas em protesto ao reajuste de 6% anunciado para o mês de julho. Com o rosto pintado, o cabo Luiz Carlos Cândido de Oliveira, conhecido por "Cadeado", convocou os colegas para que fossem até a Praça 7. Ele segurava a bandeira de Minas Gerais e, de uma bolsa, retirava panfletos contra o Governo de Minas.
O cabo Cadeado é lotado no 1º Batalhão da PM, no Bairro Santa Efigênia, na Região Leste da capital. O cabo, que já foi candidato a vereador, negou que disputará a mesma vaga nas eleições deste ano em BH. O cabo Magalhães, outro que subiu no carro de som, apareceu com o rosto pintado. Os dois militares convocaram os policiais para uma nova manifestação na Assembléia Legislativa, na quarta-feira, quando acontecerá audiência da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa.
Outro que se dizia descontente era o detetive Marcos Antônio de Oliveira, lotado na Delegacia de Varginha, no Sul de Minas. "Viemos para participar de uma assembléia, onde não tivemos direito a voto e nem de falar. O acordo não poderia ter sido fechado antes da categoria ter sido consultada", reclamou, segurando a bandeira de Minas.
O detetive sugeriu no carro de som que os seus colegas se desfiliassem do Sindicato dos Policiais Civis (Sindpol), alegando que a entidade traiu a categoria. Marco Antônio afirma que tem 16 anos como detetive. Um dos diretores do sindicato, o detetive Valério Schetine Valente, que é diretor de Mobilização do Sindpol, chorou ao ser vaiado pelos colegas. Segurando a bandeira do sindicato, ele foi consolado pelos colegas.
O escrivão Júlio Mariano, que afirmou estar na Polícia Civil há 20 anos, disse que as entidades deveriam ter colocado em votação a proposta negociada com o Governo de Minas e uma outra alternativa. Com um nariz de palhaço, ele afirmou que iria estudar a possibilidade de deixar o Sindpol.
Em clima tenso, cerca de 500 policiais, a maioria de civis, (de 800 a 1000, segundo estimativa dos dirigentes das entidades), participaram do ato de homologação do acordo que prevê 6% de reajuste imediato, pago no contracheque de julho, e 4% em julho de 2005.
Pelo acordo, o governador Aécio Neves também comprometeu-se a enviar projeto de lei para o Legislativo para regulamentar dispositivo constitucional que prevê 10% de adicional de periculosidade em fevereiro de 2005. O acordo também estabelece a garantia de que, em 2006, os policiais receberão novo reajuste a ser definido de acordo com a capacidade financeira do Estado.
O fechamento do acordo não encerra a mobilização. Os dirigentes das entidades vão manter a mobilização tendo como meta alcançar o piso de R$ 1.540 em 2006. O processo de negociação conjunta entre as entidades de policiais civis, militares e agentes penitenciários deixou como saldo a decisão de criar a Federação das Entidades Profissionais das Forças de Segurança de Minas Gerais, que reúne as 13 entidades que negociaram o acordo com o Governo, e que terá como papel discutir e encaminhar as reivindicações dos policiais.
Em clima tenso e diante de uma assembléia insatisfeita com o resultado do acordo, os dirigentes das entidades fizeram um discurso afinado. Todos criticaram o reajuste oferecido pelo Governo, mas, ao mesmo tempo, ressaltaram que fecharam o acordo que seria possível. Em discurso agressivo, o deputado federal Cabo Júlio (PSL) rejeitou a proposta apresentada, acusou o Governo e criticou a imprensa, mas, por fim, contemporizou.
"Não conseguimos o que queríamos, mas viemos fazer o que foi possível neste momento. O que nós queremos não se resume a isso. Vocês estão revoltados neste momento, mas se dependesse do Governo era zero. Estamos trazendo o que foi possível", emendou o vice-presidente da Associação dos Praças, Policiais e Bombeiros Militares (Aspra), Luiz Gonzaga Ribeiro.
O presidente da Aspra, José Luiz Barbosa, disse que os dirigentes policiais tiveram a coragem de levar à assembléia o resultado do acordo, apesar de considerá-lo muito aquém do que gostaria. "O Governo concedeu além do que gostaria. Nós recebemos aquém do que queríamos", resumiu.
O tom dos discursos conseguiu manter o controle da assembléia que teve momentos grande tensão. Policiais com nariz de palhaço, com cartazes denunciando as condições de trabalho e rejeitando o índice imediato de 6% de reajuste, deram o tom do protesto.
A assembléia formal foi encerrada com a homologação do acordo, feito de forma simbólica e diante de protestos, mas os policiais mantiveram-se mobilizados em encontro paralelo convocado pelo cabo Luiz Carlos Cândido, do 1º BPM, que, fardado, protestou contra o fechamento do acordo.
Dissidentes fazem passeata
Cerca de 200 policiais que participaram da assembléia, a maioria de civis, saíram em passeata até a Praça 7, Centro de BH, onde deram um abraço simbólico e, em seguida, fizeram uma oração. Na Avenida Amazonas, sentido bairro/centro, o trânsito ficou congestionado.
Em um carro de som, que chegou depois do fim da assembléia, dois cabos e policiais civis fizeram discursos contra o acordo fechado pelas entidades que os representam com o Governo de Minas. Durante toda a assembléia, as lideranças tiveram dificuldades de falar por causa das vaias. Alguns policiais estavam armados, o que deixou o clima tenso durante os debates. Três detetives estavam com latinhas de cerveja na mão.
Os dissidentes levaram faixas em protesto ao reajuste de 6% anunciado para o mês de julho. Com o rosto pintado, o cabo Luiz Carlos Cândido de Oliveira, conhecido por "Cadeado", convocou os colegas para que fossem até a Praça 7. Ele segurava a bandeira de Minas Gerais e, de uma bolsa, retirava panfletos contra o Governo de Minas.
O cabo Cadeado é lotado no 1º Batalhão da PM, no Bairro Santa Efigênia, na Região Leste da capital. O cabo, que já foi candidato a vereador, negou que disputará a mesma vaga nas eleições deste ano em BH. O cabo Magalhães, outro que subiu no carro de som, apareceu com o rosto pintado. Os dois militares convocaram os policiais para uma nova manifestação na Assembléia Legislativa, na quarta-feira, quando acontecerá audiência da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa.
Outro que se dizia descontente era o detetive Marcos Antônio de Oliveira, lotado na Delegacia de Varginha, no Sul de Minas. "Viemos para participar de uma assembléia, onde não tivemos direito a voto e nem de falar. O acordo não poderia ter sido fechado antes da categoria ter sido consultada", reclamou, segurando a bandeira de Minas.
O detetive sugeriu no carro de som que os seus colegas se desfiliassem do Sindicato dos Policiais Civis (Sindpol), alegando que a entidade traiu a categoria. Marco Antônio afirma que tem 16 anos como detetive. Um dos diretores do sindicato, o detetive Valério Schetine Valente, que é diretor de Mobilização do Sindpol, chorou ao ser vaiado pelos colegas. Segurando a bandeira do sindicato, ele foi consolado pelos colegas.
O escrivão Júlio Mariano, que afirmou estar na Polícia Civil há 20 anos, disse que as entidades deveriam ter colocado em votação a proposta negociada com o Governo de Minas e uma outra alternativa. Com um nariz de palhaço, ele afirmou que iria estudar a possibilidade de deixar o Sindpol.
Fonte:
Terra
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/381123/visualizar/
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