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Economia
Terça - 01 de Junho de 2004 às 10:20
Por: João Caminoto

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Londres - A lua-de-mel política do presidente Luis Inácio Lula da Silva acabou, afirma hoje o jornal britânico Financial Times, em editorial. "Enquanto isso, os prêmios por sua decisão de assumir uma postura ortodoxa para enfrentar as dificuldades econômicas que ele herdou ainda não apareceram", disse o diário financeiro. "Tudo que ele pode fazer é continuar adiante, com a esperança de que a recuperação econômica virá para sua ajuda. Isso não é uma caminhada sem riscos. Mas as alternativas seriam desastrosas."

O FT observa que o governo está enfrentando dificuldades políticas, com duas derrotas no Congresso Nacional, que aumentaram as dúvidas sobre a sua capacidade de continuar implementando reformas. O governo vai enfrentar duas importantes votações no Congresso - no salário mínimo e no imposto de renda - além de uma decisão judicial sobre a reforma previdenciária. "Novas derrotas seriam custosas, não apenas financeiramente, mas para a credibilidade mais ampla do governo", disse o jornal.

"As recompensas pela determinação do governo respeitar os acordos com o Fundo Monetário Internacional estão começando a aparecer. Mas a reputação do Brasil está longe de ser segura: sinais de retrocesso provavelmente serão punidos."

O FT salienta que Lula herdou um economia pesadamente endividada, com baixas reservas e taxas de juros elevadíssimas. Por isso, o governo decidiu "corretamente" pela disciplina fiscal ao invés de uma moratória. "Quase que inevitavelmente, as recompensas por esse esforço não vieram de imediato."

Mas no primeiro trimestre deste ano o PIB anualizado do País atingiu um crescimento de 6,4%. O FT alerta, no entanto, que esse crescimento provavelmente não será sustentado. "O cenário externo está piorando, com a expectativa de alta dos juros nos Estados Unidos e a previsão de desaquecimento da economia chinesa", disse o jornal.

O FT afirma que a situação para o Brasil continua difícil e vai continuar assim e por isso o governo precisa perseverar. "Um país com baixa poupança como Brasil pode atingir crescimento sustentado rápido apenas se for fiscalmente disciplinado e atrair investimentos diretos em larga escala", disse.

"Tendo trabalhado tão arduamente para estabelecer sua reputação de políticas sólidas, o governo precisa convencer tanto os brasileiros como os estrangeiros que tem a disposição e a capacidade de continuar no curso. Sem dúvida, pode ter êxito. E precisa tê-lo", concluiu o FT.




Fonte: Estadão.com

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