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Ex-funcionário da Saúde oferecia audiências com ministro
Brasília - A máfia do sangue, que fraudou concorrências para a venda de remédios do Ministério da Saúde, ofereceu facilidades dentro do governo para que laboratórios comercializassem insulina, cuja liberação do produto no mercado brasileiro seria em tempo recorde. Escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal na Operação Vampiro mostram diálogos de Mário Machado da Silva, ex-presidente da comissão de licitação do ministério, com representantes de empresas, onde o funcionário sugere inclusive audiências com o ministro Humberto Costa.
A conversa entre o ex-presidente da comissão de licitação e seu interlocutor, representante de um laboratório multinacional, aconteceu no dia 26 de janeiro deste ano e faz parte de um relatório da PF ao qual a Agência Estado teve acesso.
A negociação comprova que, mesmo já tendo sido exonerado do cargo - ele ficou na comissão de agosto de 2000 a agosto de 2003 - Mário Machado da Silva tinha grande poder dentro do ministério. A investigação mostrou que Machado tem um patrimônio incompatível com o salário de pouco mais de R$ 1,5 mil - como uma lancha de R$ 700 mil e uma das melhores casas em Pirapora (MG).
Na conversa com o representante do laboratório, o ex-presidente da comissão de licitação parece ter bastante intimidade com o interlocutor, que reclama da demora para registrar o medicamento e entrar no processo de concorrência no Ministério da Saúde.
"Nós vamos nos reunir daqui a 15 dias, assinar contrato, registrar produto para depois fornecer. Nós não temos nem produto registrado ainda", lamenta um homem identificado nas gravações apenas por Nivaldo. Mas Mário dá a solução: "Eu acho que valia a pena você vir em Brasília porque eu agendava uma reunião com o ministro para ele falar da intenção do Ministério da Saúde".
Mais adiante, em novo diálogo, Machado confirma que o negócio envolve insulina. "Não se preocupe com registros. Isso a gente consegue para você em tempo recorde. Não se preocupa com nada disso", aconselha Machado ao seu interlocutor.
Os negócios envolvendo a máfia do sangue podem ter ultrapassado a área do orgão e ter ligações políticas. Gravações telefônicas feitas pela PF mostraram Mário Machado da Silva conversando com outro interlocutor, também provavelmente representante de um laboratório, sobre a lei de licitações, que seria votada no Congresso.
"Olha, deixe eu te contar. Nessa convocação extraordinária vai uma nova lei de licitações e eu precisava conversar com você antes disso. Inclusive para fortalecer você perante a empresa", diz Machado, que, mais uma vez tenta envolver o ministro Humberto Costa em suas conversas. Nesta última, gravada no dia 13 de janeiro deste ano, Machado afirma que seu interlocutor, identificado apenas por Hércules, teria boas notícias nos próximos dias e pede para que ele viaje para Brasília antes de uma segunda-feira, quando haveria a sessão no Congresso. "Teria que ser antes para você adiantar as coisas. E por telefone não dá para falar, né?" diz Machado.
A assessoria do Ministério da Saúde informou que o próprio ministro reclamou de ter tido seu nome citado indevidamente pelos envolvidos no esquema de fraudes. O ministério não soube informar se Humberto Costa se encontrou com os representantes de laboratórios, já que dependeria de consulta a agendas de meses anteriores.
A conversa entre o ex-presidente da comissão de licitação e seu interlocutor, representante de um laboratório multinacional, aconteceu no dia 26 de janeiro deste ano e faz parte de um relatório da PF ao qual a Agência Estado teve acesso.
A negociação comprova que, mesmo já tendo sido exonerado do cargo - ele ficou na comissão de agosto de 2000 a agosto de 2003 - Mário Machado da Silva tinha grande poder dentro do ministério. A investigação mostrou que Machado tem um patrimônio incompatível com o salário de pouco mais de R$ 1,5 mil - como uma lancha de R$ 700 mil e uma das melhores casas em Pirapora (MG).
Na conversa com o representante do laboratório, o ex-presidente da comissão de licitação parece ter bastante intimidade com o interlocutor, que reclama da demora para registrar o medicamento e entrar no processo de concorrência no Ministério da Saúde.
"Nós vamos nos reunir daqui a 15 dias, assinar contrato, registrar produto para depois fornecer. Nós não temos nem produto registrado ainda", lamenta um homem identificado nas gravações apenas por Nivaldo. Mas Mário dá a solução: "Eu acho que valia a pena você vir em Brasília porque eu agendava uma reunião com o ministro para ele falar da intenção do Ministério da Saúde".
Mais adiante, em novo diálogo, Machado confirma que o negócio envolve insulina. "Não se preocupe com registros. Isso a gente consegue para você em tempo recorde. Não se preocupa com nada disso", aconselha Machado ao seu interlocutor.
Os negócios envolvendo a máfia do sangue podem ter ultrapassado a área do orgão e ter ligações políticas. Gravações telefônicas feitas pela PF mostraram Mário Machado da Silva conversando com outro interlocutor, também provavelmente representante de um laboratório, sobre a lei de licitações, que seria votada no Congresso.
"Olha, deixe eu te contar. Nessa convocação extraordinária vai uma nova lei de licitações e eu precisava conversar com você antes disso. Inclusive para fortalecer você perante a empresa", diz Machado, que, mais uma vez tenta envolver o ministro Humberto Costa em suas conversas. Nesta última, gravada no dia 13 de janeiro deste ano, Machado afirma que seu interlocutor, identificado apenas por Hércules, teria boas notícias nos próximos dias e pede para que ele viaje para Brasília antes de uma segunda-feira, quando haveria a sessão no Congresso. "Teria que ser antes para você adiantar as coisas. E por telefone não dá para falar, né?" diz Machado.
A assessoria do Ministério da Saúde informou que o próprio ministro reclamou de ter tido seu nome citado indevidamente pelos envolvidos no esquema de fraudes. O ministério não soube informar se Humberto Costa se encontrou com os representantes de laboratórios, já que dependeria de consulta a agendas de meses anteriores.
Fonte:
Estadão.com
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/382117/visualizar/
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