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Briga por controle da fronteira tadjique-afegã preocupa a ONU
A disputa entre a Rússia e o Tadjiquistão para controlar a perigosa fronteira deste país com o Afeganistão fez renascer o temor internacional relativo a uma possível "inundação" de drogas e de grupos criminosos, caso esta vigilância seja fraca.
O diretor do Escritório da ONU contra a Droga, Antonio María Costa, que concluiu hoje, sábado, uma visita a Dushanbe, foi o último a manifestar sua inquietação com a possibilidade de que as tropas russas, que atualmente vigilam a fronteira tadjique-afegã, sejam substituídas por militares locais sem condições suficientes para exercer o trabalho.
No século XIX, esta região entre o Afeganistão e a Ásia Central ex-soviética foi a fronteira entre dois impérios rivais- o britânico e o russo- e, durante o século XX, fez parte de cortina de ferro soviética no Índico.
Após a retirada soviética do Afeganistão, em 1989, e com o auge do fundamentalismo neste país, a fronteira tadjique-afegã foi transformada em um verdadeiro forte para frear a extensão da maré radical da já instável Ásia Central.
A derrota do regime talibã pelos Estados Unidos e seus aliados afegãos em 2001 não deteve o surgimento de outro problema: o narcotráfico, que, nos últimos anos, se transformou na dor de cabeça dos governos regionais.
Entre 75 e 85 por cento da heroína consumida na Europa provém do Afeganistão, e grande parte chega através da fronteira tadjique-afegã: 1.300 quilômetros de alambrados, deserto e montanhas, cuja segurança total não pode ser garantida nem sequer pelos serviços secretos russos.
Em Dushanbe, o enviado da ONU disse que ficou surpreso com os passos dados pelo governo tadjique para readquirir o controle da vigilância fronteiriça.
Atualmente, as tropas tadjiques custodiam apenas 577 dos 2.912 quilômetros de fronteiras de seu país. A maior parte que está sob seu controle corresponde à tranqüila fronteira com a China.
Apesar de Costa ter reconhecido que os interesses soberanos do Tajiquistão buscam a retirada russa, ele insistiu que sua preocupação diz respeito ao futuro de uma região cuja vigilância é primordial para a estabilidade internacional.
Os Estados Unidos manifestaram a mesma preocupação.
Embora nos três últimos anos tenham içado seus estandartes militares em países como Quirguistão e Uzbequistão, os EUA receiam utilizar forças mal preparadas, como as tajiques, para enfrentar os perigos que ainda espreitam o norte afegão.
Nas províncias de Tahar, Kunduz e Badajshán, proliferam os armazéns e laboratórios de heroína. Destes locais, partem os carregamentos para o Tajiquistão, onde as máfias centro-asiáticas e russas se encarregam da droga.
Atualmente, o serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB, o antigo KGB) tem sob seu comando na fronteira tadjique-afegã cerca de 11 mil homens, a maior parte deles é composta por cidadãos locais que servem em unidades russas.
A Rússia ocupa-se desta fronteira em virtude do Tratado da Amizade, que foi assinado por Moscou e Dushanbe em 1993 e renovado em 1997, depois da guerra civil que fez com que o Tadjiquistão sumisse no caos durante cinco anos.
Além disso, os guardas de fronteiras são apoiados pelas forças russas da Divisão Motorizada 201, um verdadeiro exército dotado de artilharia pesada e de aviação própria, que é encarregado de lembrar aos demais países da região que a Rússia continua sendo a potência regional.
No entanto, em Dushambé, crescem as vozes contra esta desmesurada presença, sobretudo na cúpula militar tadjique, relegada pelo comando russo da tomada de decisões e que prefere as ajudas recebidas pelos países vizinhos dos EUA e que os permite organizar as suas próprias defesas.
Moscou reagiu ante estas demandas, e o ministro da Defesa da Rússia, Serguéi Ivanov, declarou esta semana que "as tropas russas não prevêem deixar a fronteira" com o Afeganistão. A região já havia sido qualificada pelo anterior presidente russo, Borís Yeltsin, como "a fronteira da Rússia".
O general russo Vladimir Grónichev, chefe dos serviços de guardas fronteiriços do FSB, minimizou as palavras de Ivanov e sugeriu a possibilidade de instrutores russos continuarem preparando os militares tayikos e ocuparem os setores mais conflituosos.
Grónichev lembrou ainda que do outro lado da fronteira "existe uma verdadeira guerra com a máfia internacional do narcotráfico".
Com o objetivo de resolver esta disputa, capaz de minar a segurança de uma região estratégica por seus recursos energéticos e sua importância militar, Costa anunciou que missões da ONU visitarão o Tadjiquistão nos próximos meses de junho e agosto .
O diretor do Escritório da ONU contra a Droga, Antonio María Costa, que concluiu hoje, sábado, uma visita a Dushanbe, foi o último a manifestar sua inquietação com a possibilidade de que as tropas russas, que atualmente vigilam a fronteira tadjique-afegã, sejam substituídas por militares locais sem condições suficientes para exercer o trabalho.
No século XIX, esta região entre o Afeganistão e a Ásia Central ex-soviética foi a fronteira entre dois impérios rivais- o britânico e o russo- e, durante o século XX, fez parte de cortina de ferro soviética no Índico.
Após a retirada soviética do Afeganistão, em 1989, e com o auge do fundamentalismo neste país, a fronteira tadjique-afegã foi transformada em um verdadeiro forte para frear a extensão da maré radical da já instável Ásia Central.
A derrota do regime talibã pelos Estados Unidos e seus aliados afegãos em 2001 não deteve o surgimento de outro problema: o narcotráfico, que, nos últimos anos, se transformou na dor de cabeça dos governos regionais.
Entre 75 e 85 por cento da heroína consumida na Europa provém do Afeganistão, e grande parte chega através da fronteira tadjique-afegã: 1.300 quilômetros de alambrados, deserto e montanhas, cuja segurança total não pode ser garantida nem sequer pelos serviços secretos russos.
Em Dushanbe, o enviado da ONU disse que ficou surpreso com os passos dados pelo governo tadjique para readquirir o controle da vigilância fronteiriça.
Atualmente, as tropas tadjiques custodiam apenas 577 dos 2.912 quilômetros de fronteiras de seu país. A maior parte que está sob seu controle corresponde à tranqüila fronteira com a China.
Apesar de Costa ter reconhecido que os interesses soberanos do Tajiquistão buscam a retirada russa, ele insistiu que sua preocupação diz respeito ao futuro de uma região cuja vigilância é primordial para a estabilidade internacional.
Os Estados Unidos manifestaram a mesma preocupação.
Embora nos três últimos anos tenham içado seus estandartes militares em países como Quirguistão e Uzbequistão, os EUA receiam utilizar forças mal preparadas, como as tajiques, para enfrentar os perigos que ainda espreitam o norte afegão.
Nas províncias de Tahar, Kunduz e Badajshán, proliferam os armazéns e laboratórios de heroína. Destes locais, partem os carregamentos para o Tajiquistão, onde as máfias centro-asiáticas e russas se encarregam da droga.
Atualmente, o serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB, o antigo KGB) tem sob seu comando na fronteira tadjique-afegã cerca de 11 mil homens, a maior parte deles é composta por cidadãos locais que servem em unidades russas.
A Rússia ocupa-se desta fronteira em virtude do Tratado da Amizade, que foi assinado por Moscou e Dushanbe em 1993 e renovado em 1997, depois da guerra civil que fez com que o Tadjiquistão sumisse no caos durante cinco anos.
Além disso, os guardas de fronteiras são apoiados pelas forças russas da Divisão Motorizada 201, um verdadeiro exército dotado de artilharia pesada e de aviação própria, que é encarregado de lembrar aos demais países da região que a Rússia continua sendo a potência regional.
No entanto, em Dushambé, crescem as vozes contra esta desmesurada presença, sobretudo na cúpula militar tadjique, relegada pelo comando russo da tomada de decisões e que prefere as ajudas recebidas pelos países vizinhos dos EUA e que os permite organizar as suas próprias defesas.
Moscou reagiu ante estas demandas, e o ministro da Defesa da Rússia, Serguéi Ivanov, declarou esta semana que "as tropas russas não prevêem deixar a fronteira" com o Afeganistão. A região já havia sido qualificada pelo anterior presidente russo, Borís Yeltsin, como "a fronteira da Rússia".
O general russo Vladimir Grónichev, chefe dos serviços de guardas fronteiriços do FSB, minimizou as palavras de Ivanov e sugeriu a possibilidade de instrutores russos continuarem preparando os militares tayikos e ocuparem os setores mais conflituosos.
Grónichev lembrou ainda que do outro lado da fronteira "existe uma verdadeira guerra com a máfia internacional do narcotráfico".
Com o objetivo de resolver esta disputa, capaz de minar a segurança de uma região estratégica por seus recursos energéticos e sua importância militar, Costa anunciou que missões da ONU visitarão o Tadjiquistão nos próximos meses de junho e agosto .
Fonte:
Agência EFE
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/382269/visualizar/
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