Repórter News - reporternews.com.br
Brasil perde até R$ 14,4 bi com queda da soja
A queda de 18% nos preços da soja nos últimos dois meses na Bolsa de Chicago, que determina os rumos da oleaginosa no mercado internacional, trará fortes perdas para o Brasil. O produto, que era negociado a US$ 10,55 por bushel (27,2 quilos) em 22 de março, fechou ontem a US$ 8,66.
Essa redução de preços é mais um furo no bolso dos produtores brasileiros, que já vinham perdendo dinheiro devido à quebra de safra.
Prevista inicialmente em 60 milhões de toneladas, os números mais recentes da safra 2003/4 indicam produção próxima de 50 milhões de toneladas.
Anderson Galvão, da Céleres, consultoria de Uberlândia (MG), diz que apenas com a redução dos preços os produtores vão deixar de embolsar US$ 900 milhões (R$ 2,88 bilhões) até o final do ano.
Esse valor é muito maior quando são acrescidas as perdas com a quebra de safra e os gastos com fungicidas no combate à ferrugem asiática, doença que atacou fortemente as lavouras neste ano.
Se o Brasil tivesse produzido 60 milhões de toneladas e se os preços tivessem permanecidos próximos de US$ 10 por bushel, os sojicultores brasileiros teriam um valor de produção de US$ 16,3 bilhões (R$ 52,1 bilhões).
A produção, no entanto, vai ficar próxima de 50 milhões de toneladas e, mantida a média de US$ 7 por bushel, o valor da produção brasileira deverá cair para US$ 12,7 bilhões (R$ 40,6 bilhões).
A perda total poderá chegar a US$ 3,6 bilhões, dinheiro que deixará de circular pela economia brasileira. Os produtores gastaram, ainda, US$ 900 milhões em insumos para combater a ferrugem asiática --renda que foi transferida para as indústrias de insumos. Na soma geral, portanto, os produtores vão deixar de embolsar US$ 4,5 bilhões neste ano, segundo os cálculos de Galvão. Ou seja, R$ 14,4 bilhões.
A perda dos produtores brasileiros só não é maior devido à alta do câmbio. Se o dólar tivesse se mantido a R$ 2,80, valor do início do ano, a saca de soja estaria atualmente abaixo dos R$ 40 no mercado interno. A alta do dólar mantém a saca próxima de R$ 45.
Apetite chinês Por que os preços caem tanto neste momento, apesar de a safra mundial deste ano ter sido 30 milhões de toneladas inferior às previsões iniciais?
"Uma mistura de várias coisas", responde Fernando Muraro, da AgRural, de Curitiba. A primeira explicação vem dos fundos de investimento, que tinham 185 mil contratos abertos no mercado futuro do complexo soja em abril. Neste mês, estão com apenas 30 mil. Os fundos, prevendo quedas no setor, saíram do mercado, derrubando ainda mais os preços.
A estimativa de uma boa safra nos EUA é o segundo fator de queda dos preços. Galvão diz que 54% da safra americana já foi semeada, bem acima dos 36% da média histórica para o período.
A redução de ritmo das compras da China e da Europa, devido aos elevados preços, também é um fator decisivo para a queda, diz Muraro. A China, maior importador individual do Brasil e que forçou essa alta, não quer mais pagar esses preços elevados.
No início da safra 2003/4, uma tonelada de soja custava US$ 194 FOB ("free on board") no porto de Paranaguá. Em maio, superou US$ 330 por tonelada.
Galvão e Muraro dizem que, na verdade, os chineses e os europeus querem comprar o mínimo de soja possível neste final de primeiro semestre, adiando as compras para depois de setembro, quando a safra norte-americana chega ao mercado.
A mesma soja que os chineses pagam até US$ 360 agora, incluindo fretes, pode custar apenas US$ 260 ou US$ 270 no segundo semestre. Daí o aumento de exigências na qualidade do produto e a tentativa de retardar as compras.
A alta dos preços no mercado internacional já interfere nas vendas brasileiras. Em abril, o volume exportado de soja caiu 31% em relação ao mesmo mês de 2003, mas as receitas, devido aos elevados preços, caíram 4%. Os volumes de vendas de farelo (29,9%) e de óleo de soja (25,5%) também recuaram no período.
Segundo analistas, o mercado caminha para um ponto de equilíbrio nos preços, já que os valores estavam aquecidos devido aos baixos estoques mundiais e a quebras contínuas de safra nos EUA e, neste ano, na América do Sul.
Em algumas operações, a soja comprada pelos chineses na América do Sul pode chegar a US$ 400 por tonelada nos portos da China. Esses preços inviabilizam o lucro das indústrias moageiras, principalmente depois da desaceleração no consumo devido à gripe do frango no país.
Até os brasileiros foram afetados. Há dois anos, a lata de óleo de soja de 900 ml custava R$ 1,22 nos supermercados de São Paulo. No final de semana, custava R$ 2,98.
Essa redução de preços é mais um furo no bolso dos produtores brasileiros, que já vinham perdendo dinheiro devido à quebra de safra.
Prevista inicialmente em 60 milhões de toneladas, os números mais recentes da safra 2003/4 indicam produção próxima de 50 milhões de toneladas.
Anderson Galvão, da Céleres, consultoria de Uberlândia (MG), diz que apenas com a redução dos preços os produtores vão deixar de embolsar US$ 900 milhões (R$ 2,88 bilhões) até o final do ano.
Esse valor é muito maior quando são acrescidas as perdas com a quebra de safra e os gastos com fungicidas no combate à ferrugem asiática, doença que atacou fortemente as lavouras neste ano.
Se o Brasil tivesse produzido 60 milhões de toneladas e se os preços tivessem permanecidos próximos de US$ 10 por bushel, os sojicultores brasileiros teriam um valor de produção de US$ 16,3 bilhões (R$ 52,1 bilhões).
A produção, no entanto, vai ficar próxima de 50 milhões de toneladas e, mantida a média de US$ 7 por bushel, o valor da produção brasileira deverá cair para US$ 12,7 bilhões (R$ 40,6 bilhões).
A perda total poderá chegar a US$ 3,6 bilhões, dinheiro que deixará de circular pela economia brasileira. Os produtores gastaram, ainda, US$ 900 milhões em insumos para combater a ferrugem asiática --renda que foi transferida para as indústrias de insumos. Na soma geral, portanto, os produtores vão deixar de embolsar US$ 4,5 bilhões neste ano, segundo os cálculos de Galvão. Ou seja, R$ 14,4 bilhões.
A perda dos produtores brasileiros só não é maior devido à alta do câmbio. Se o dólar tivesse se mantido a R$ 2,80, valor do início do ano, a saca de soja estaria atualmente abaixo dos R$ 40 no mercado interno. A alta do dólar mantém a saca próxima de R$ 45.
Apetite chinês Por que os preços caem tanto neste momento, apesar de a safra mundial deste ano ter sido 30 milhões de toneladas inferior às previsões iniciais?
"Uma mistura de várias coisas", responde Fernando Muraro, da AgRural, de Curitiba. A primeira explicação vem dos fundos de investimento, que tinham 185 mil contratos abertos no mercado futuro do complexo soja em abril. Neste mês, estão com apenas 30 mil. Os fundos, prevendo quedas no setor, saíram do mercado, derrubando ainda mais os preços.
A estimativa de uma boa safra nos EUA é o segundo fator de queda dos preços. Galvão diz que 54% da safra americana já foi semeada, bem acima dos 36% da média histórica para o período.
A redução de ritmo das compras da China e da Europa, devido aos elevados preços, também é um fator decisivo para a queda, diz Muraro. A China, maior importador individual do Brasil e que forçou essa alta, não quer mais pagar esses preços elevados.
No início da safra 2003/4, uma tonelada de soja custava US$ 194 FOB ("free on board") no porto de Paranaguá. Em maio, superou US$ 330 por tonelada.
Galvão e Muraro dizem que, na verdade, os chineses e os europeus querem comprar o mínimo de soja possível neste final de primeiro semestre, adiando as compras para depois de setembro, quando a safra norte-americana chega ao mercado.
A mesma soja que os chineses pagam até US$ 360 agora, incluindo fretes, pode custar apenas US$ 260 ou US$ 270 no segundo semestre. Daí o aumento de exigências na qualidade do produto e a tentativa de retardar as compras.
A alta dos preços no mercado internacional já interfere nas vendas brasileiras. Em abril, o volume exportado de soja caiu 31% em relação ao mesmo mês de 2003, mas as receitas, devido aos elevados preços, caíram 4%. Os volumes de vendas de farelo (29,9%) e de óleo de soja (25,5%) também recuaram no período.
Segundo analistas, o mercado caminha para um ponto de equilíbrio nos preços, já que os valores estavam aquecidos devido aos baixos estoques mundiais e a quebras contínuas de safra nos EUA e, neste ano, na América do Sul.
Em algumas operações, a soja comprada pelos chineses na América do Sul pode chegar a US$ 400 por tonelada nos portos da China. Esses preços inviabilizam o lucro das indústrias moageiras, principalmente depois da desaceleração no consumo devido à gripe do frango no país.
Até os brasileiros foram afetados. Há dois anos, a lata de óleo de soja de 900 ml custava R$ 1,22 nos supermercados de São Paulo. No final de semana, custava R$ 2,98.
Fonte:
24 Horas News
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/382823/visualizar/
Comentários