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Nacional
Terça - 25 de Maio de 2004 às 10:59
Por: Melchíades Cunha Junior

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São Paulo - O Partido Popular Socialista está preparando uma proposta de mudança na política econômica, a ser submetida diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi o que revelou o presidente do partido, deputado Roberto Freire (PE), o entrevistado na noite passada no programa Roda Viva, da TV Cultura. Ele explicou que o PPS pretende ouvir diversos economistas, entre eles o ex-senador e ex-ministro da Saúde, José Serra, a fim de dar peso ao documento. Freire lembrou que seu partido vem criticando, desde meados de 2003, a política econômica posta em prática pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que segundo ressaltou, em nada difere do modelo adotado pelo governo Fernando Henrique Cardoso.

Para o presidente nacional do PPS, partido que integra a base de sustentação do governo Lula no Congresso, tanto a política cambial como a de metas inflacionárias estão inibindo o crescimento econômico do País. "Não é apenas o problema de não estarmos gerando empregos e distribuindo renda. Ao contrário, estamos diminuindo a capacidade de consumo da família brasileira."

Segundo Freire, todos os economistas com quem tem conversado não vêem qualquer perspectiva de desenvolvimento econômico com a política em vigor. Por isso, considera indispensável uma depreciação do real e uma maior flexibilidade nas metas inflacionárias, explicando que não estava com isso pregando "um pouco de inflação" para incentivar a atividade econômica.

Para Freire, a ortodoxia da equipe econômica parece não levar em conta que a política de metas prevê uma variação para cima ou para baixo do índice fixado. Sobre o câmbio, disse que a depreciação do real é um incentivo para o incremento ainda maior das exportações. Outra idéia que defendeu foi o alongamento de títulos da dívida pública, lembrando que o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, começou a pôr em prática esse expediente, no último ano do governo FHC.

Apoio a Serra?

Apesar de o PPS pretender disputar, com o deputado estadual Arnaldo Jardim, a sucessão paulistana, Roberto Freire deixou transparecer suas simpatias pela candidatura tucana de José Serra, através das críticas feitas à prefeita petista Marta Suplicy. Disse, por exemplo, que a periferia da capital tem bolsões de extrema miséria, apesar de deter o terceiro maior orçamento do País.

Para o deputado pernambucano, a prefeita deveria ter investido pesadamente da construção de moradias para as classes menos favorecidas, ao invés de tentar "embelezar" áreas privilegiadas da cidade. Freire acentuou que não existe um alinhamento automático do PPS com o PT, e lembrou que o PSDB também é um partido da esquerda.

Por que não mudar?

Freire fez uma comparação entre a mudança que irá propor na política econômica, com a alteração do comportamento do PT. Ou seja, diante dos resultados negativos das pesquisas eleitorais em São Paulo, o partido de Lula já está mais permeável a abrir mão da indicação do vice de Marta, deixando de lado a chamada chapa "puro sangue". Por que não mudar também a rigidez na condução da política econômica?, raciocinou.

"O Ibge está dizendo que a renda familiar está caindo, os protestos cada vez maiores (contra a política econômica), o governo tendo de entrar pela porta lateral. Então, todo um quadro político pode levar o governo, em determinado momento, a dizer ´vamos sentar e vamos ver o que nós vamos fazer".




Fonte: Estadão

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