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Polícia Brasil
Sábado - 22 de Maio de 2004 às 17:28
Por: Carolina Iskandarian e Luciana

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Rio de Janeiro - Uma brincadeira de mau gosto acabou com três pessoas feridas a tiros de chumbinho, ontem, na zona Sul do Rio. Uma das vítimas, com ferimentos no pescoço, teve de ser hospitalizada, mas não corre risco de vida. Três adolescentes, de 15, 16 e 17 anos, fizeram tiro ao alvo da janela de um prédio em Copacabana, na madrugada de ontem, mirando nos participantes de uma festa que ocorria no edifício em frente.

Dois jovens e uma mulher foram atingidos. A mulher terá de passar por cirurgia para retirada do projétil do pescoço. Na delegacia, os jovens infratores disseram que o fato foi uma brincadeira e não tiveram a intenção de machucar ninguém. Eles prestaram depoimento acompahados dos pais e foram liberados depois que seus responsáveis assinaram um termo se comprometendo a apresentá-los, esta semana, ao juiz da 2ª Vara da Infância e da Juventude Guaraci Viana.

O crime ocorreu na Rua Santa Clara, por volta de 1 hora. O estudante Ítalo Turano contou que participava de um aniversário quando ouviu um barulho. Ele se aproximou da janela e, ao virar-se, foi atingido nas costas. "Vimos os garotos em movimento suspeito, no sétimo andar do prédio em frente, se escondendo e mexendo em alguma coisa que parecia ser uma arma. E era."

Maria da Graça Cardoso, de 35 anos, foi atingida no pescoço e um jovem de 19 anos, no ombro. Itamárcia Moreira Marçal, mãe de um dos atiradores, fez um desabafo. "Isso pode acontecer com qualquer pai, qualquer mãe, qualquer família. Estamos aqui (na delegacia) para ver o que podemos fazer e que a lei seja cumprida. Não vamos passar a mão na cabeça de ninguém."

O juiz da 1ª Vara da Infância e da Juventude, Siro Darlan, disse que os adolescentes deverão ser processados por lesão corporal e provavelmente receberão penas de liberdade assistida e prestação de serviços comunitários. "Existe responsabilidade penal para adolescentes também, a partir dos 12 anos", explicou. Na opinião de Darlan, os pais dos jovens "têm responsabilidade não apenas civil, mas também penal, ao permitir que os filhos tenham acesso a uma arma".

No processo civil, os pais poderão ser obrigados a arcar com as despesas médicas dos feridos e indenizá-los pelos dias que ficaram sem trabalhar ou exercer outras atividades. No caso de os pais responderem a processo penal por lesão corporal, estão sujeitos a penas leves.

"A pena prevista é de seis meses a dois anos de prisão, mas ninguém é preso por lesão corporal. Em geral, a pena é de pagametno de multa ou prestação de serviços à comunidade. Acho que há responsabiliade penal porque colaborar com um crime é co-autoria. Os filhos não têm dinheiro. Portanto, os pais compraram a arma. Se dou uma arma a meu filho, sei que será usada para agredir. Ninguém usa uma arma para fazer carinho", disse Darlan.




Fonte: Estadão.com

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