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Esportes
Sábado - 22 de Maio de 2004 às 11:56
Por: Antonio Prada

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Carlos Alberto Parreira já foi visto por críticos e torcedores como um técnico retranqueiro, que ganhou a Copa do Mundo de 1994 com um futebol burocrático e de pouca ofensividade. Hoje, quase dez anos depois de sua maior glória, sua imagem parece outra. Em entrevista exclusiva ao Terra, o técnico da Seleção minimizou os sistemas táticos e disse que o mais importante no futebol é o talento, que sobra nos jogadores brasileiros.

Parreira afirmou que no último Mundial, em 2002, quando atuou como consultor técnico da Fifa, não conseguiu ver nenhuma inovação tática. Recentemente, também foi à Europa para acompanhar os campeonatos europeus e o que viu foram todos os times jogando no comum esquema 4-4-2, utilizado há 35 anos.

"A distribuição dos jogadores em campo passou a ter menos importância. O vital é a função que cada um desempenha, a equipe como um todo. Tem que gerar alternativas para que os jogadores tenham um melhor desempenho, independentemente da formação tática", disse.

Para o treinador, o talento individual explica o fato de o Brasil ser eleito o "País do futebol". "O que vai continuar fazendo a grande diferença é ter quem decida. Isso é a grande vantagem do futebol brasileiro. Em toda Copa nós temos pelo menos três jogadores que podem fazer a diferença. Não ficamos restritos a um jogador. Essa diferença é muito grande."

Sobre o grupo que estará no Mundial em 2006, caso o Brasil mantenha a tradição de nunca ter ficado de fora de uma Copa, Parreira evitou fazer previsões. "No futebol brasileiro você pode ter surpresas de última hora e não descarto essa possibilidade. Em 1993, um ano antes da Copa, já tínhamos o grupo definido. O time que jogou com o Uruguai [na última rodada das eliminatórias] foi o mesmo que iniciou a Copa, com exceção do Ricardo Gomes, que estava contundido. Isso mostra que o time foi muito bem conduzido", afirmou.

Parreira também voltou a falar do principal problema que sofre no cargo: a falta de tempo para trabalhar. "Não temos uma seqüência de treinamento. Não basta ter os melhores jogadores, juntá-los e achar que vão apresentar o máximo. Tem de haver treinamento. E também precisamos mentalizar os atletas de se focarem na Seleção."

A cobrança da torcida, que já acompanha Parreira há muito tempo, ainda o persegue. "A pressão só tende a aumentar. Ela não diminui nunca. Ou estaciona ou aumenta. Eu procuro fazer o melhor e usar a minha experiência, minha coerência. O nosso melhor é o melhor para as outras pessoas? Não sei, mas temos que ter o nosso parâmetro, e o nosso tem de ser levado em consideração, pois temos uma comissão técnica de alto nível." O treinador aproveitou também para cutucar os críticos. "Não vão ser duas ou três pessoas que estão há três ou quatro anos no futebol que vão achar que os parâmetros deles são melhores. Não achamos que temos o melhor, mas sim que temos condições de decidir melhor", finalizou.




Fonte: Terra/Direto de Barcelona

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