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Economia
Sexta - 21 de Maio de 2004 às 13:43
Por: Paulo Cabral

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Washington - Um ciclo de juros mais altos nos países desenvolvidos está a caminho, mas o Brasil está preparado para enfrentar o que pode ser uma dificuldade para outros países em desenvolvimento, acreditam economistas ouvidos pela BBC Brasil. Não há consenso, no entanto, sobre a necessidade de o Comitê de Política Monetária (Copom) ter mantido as taxas atuais de juros do país em 16% ao ano. Para alguns, foi uma medida que acompanhou os humores dos mercados internacionais. Mas outras vozes dizem que as altas taxas de juros estão mais atrapalhando do que ajudando o Brasil.

Para o diretor do departamento de América Latina do Instituto de Finanças Internacionais (IIF) - entidade que reúne 320 instituições em mais de 60 países – Frederick Jasperson, a autoridade monetária acertou ao agir com "cautela" num momento em que havia dúvidas sobre o comportamento da inflação e expectativa de mudanças internas.

O economista do Instituto de Economia Internacional e ex-conselheiro do FMI, John Wiliamson, no entanto, disse que ficou "desapontado" com a manutenção da taxa por acreditar que o Brasil está em condições de enfrentar turbulências internacionais e ao mesmo tempo reduzir os juros.

Opiniões opostas

"O mais interessante do sistema de metas de inflação é que a política monetária pode ser conduzida com base mais nos fatores internos do que externos. Houve alguma desvalorização do real, que poderia causar inflação, mas acho que não se trata de algo que deveria provocar grande preocupação agora", avalia Williamson.

Alguns analistas observaram ainda que taxas de juros altas, se por um lado contêm a inflação, por outro também complicam a saúde financeira do Estado, já que a dívida interna é corrigida com base nestas taxas. Williamson esperava que nesta semana Copom tivesse cortado os juros em 0,25 ponto porcentual, o que levaria a taxa Selic para 15,75% ao ano. “Não é muito, mas cortes assim, mês a mês, trazem uma redução gradual e segura. O importante é não haver uma interrupção", acredita o economista.

Mas, para Frederick Jasperson, vale mais interromper a trajetória de queda por algum tempo ao invés de fazer cortes pequenos, com poucos efeitos sobre a economia real, mas forte sinal para os mercados. “Acho que o aumento dos juros nos países em desenvolvimento vai acontecer de maneira gradual e bem ordenada, mas parece certo que o começo deste novo ciclo está cada vez mais perto. O que o Brasil não quer é chegar em agosto ou setembro e perceber que algo está fora de controle", diz Jasperson.




Fonte: BBC

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