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Internacional
Sexta - 21 de Maio de 2004 às 13:41

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WASHINGTON - Prisioneiros iraquianos garantiram a investigadores dos EUA que os soldados americanos que os obrigaram a se masturbar, apanhar seus alimentos do vaso sanitário, além de outros abusos impiedosos. Um dos réus, Hiadar Sabar Abed Miktub Al-Aboodi, disse que eles foram forçados a ingerir licor, comer porco (não permitido pelo Islã) e caminhar como cachorros. ''Se não fizéssemos o que nos ordenavam, eles nos batiam muito forte, sem piedade, na cara e no peito'', explicou um deles, informa hoje o jornal The Washington Post.

Al-Aboodi acrescentou que após esses maus-tratos, os presos eram levados à sua cela onde os militares jogavam água no chão e os obrigavam a dormir nessa situação, depois de colocar capuzes. ''Eles tiraram fotografias de tudo que faziam'', disse a testemunha. O jornal informa em seu site que 13 prisioneiros iraquianos garantiram que essas e outras atrocidades foram cometidas por militares dos EUA na área 1A do presídio de Abu Ghraib, próximo a Bagdá.

O Pentágono investiga a morte de um dos réus, cujo cadáver aparece em uma das centenas de fotos obtidas pelo Post. O prisioneiro teria morrido em decorrência dos maus-tratos. Treze prisioneiros iraquianos entrevistados por investigadores dos EUA disseram que os presos em Abu Ghraib eram tratados como animais, segundo o jornal. As testemunhas disseram que as mulheres militares dos Estados Unidos os submeteram a um acossamento sexual e lhes forçaram a apanhar seus alimentos do vaso sanitário.

O jornal informa que obteve outras centenas de fotografias e muitos vídeos digitais sobre abusos e torturas em Abu Ghraib. Em uma das fotos um dos prisioneiros aparece coberto com uma substância de cor marrom enquanto caminha sobre uma linha com os tornozelos algemados. Alguns dos testemunhos foram apresentados pelos prisioneiros iraquianos depois que um soldado americano informou sobre os abusos a investigadores militares em meados de janeiro, diz o jornal.

Esses presos iraquianos afirmaram que foram espancados e por inúmeras vezes humilhados sexualmente por soldados americanos de guarda durante o turno da noite na área 1A do presídio, nos dias do mês santo do Ramadã. Só sete soldados americanos foram acusados dessas torturas. Um deles, Jeremy Sivits, o primeiro desse grupo de acusados de torturas e maus-tratos a prisioneiros iraquianos em Abu Ghraib, se declarou culpado à corte marcial que o julgou em Bagdá.

Sivits, de 24 anos, foi penalizado por quatro acusações: tirar fotografias de presos iraquianos nus, conspiração no abuso dos prisioneiros, negligência em seu trabalho, por não proteger os réus sob sua custódia, além de crueldade e maus-tratos. Sivits foi condenado a um ano de prisão e à expulsão desonrosa do exército dos EUA.




Fonte: Agência EFE

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