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Nacional
Segunda - 17 de Maio de 2004 às 18:14
Por: Elizabeth Lopes

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São Paulo - Em agosto do ano passado, Clara Charf, viúva do líder da Ação Libertadora Nacional (ALN) e revolucionário assassinado no final dos anos 60 pela ditadura militar, Carlos Marighella, recebeu um convite da Fundação Suíça de Mulheres pela Paz, o de integrar a comissão que iria coordenar uma iniciativa inédita em todo o mundo, a candidatura coletiva de mil mulheres para o Prêmio Nobel da Paz de 2005.

Com 78 de idade, quase 60 de luta pela liberdade dos direitos humanos e uma energia inesgotável, Clara decidiu abraçar mais esse desafio. “Sou uma apaixonada pela vida e pelas causas humanitárias”, revela, emocionada. Ela lembra que em 103 anos de criação do Prêmio Nobel, apenas 11 mulheres ganharam o Nobel da Paz.

Clara assegura que a iniciativa de indicação coletiva de mil mulheres, de 225 países reconhecidos pela ONU, denominada “1000 Mulheres para o Prêmio Nobel da Paz de 2005”, é uma oportunidade de reconhecer o trabalho, muitas vezes anônimo, de mulheres espalhadas pelo mundo que batalham pela paz, pela melhoria de vida de suas comunidades, arriscando suas vidas pelo bem coletivo. “A mulher tem assumido um papel cada vez mais crescente no cenário mundial pela erradicação da pobreza, combate à discriminação e à violência e outras bandeiras promotoras da paz”, reitera.

Indicações brasileiras Até o dia 30 deste mês, o Comitê Brasileiro que coordena o projeto 1000 Mulheres para o Prêmio Nobel da Paz 2005 receberá as indicações das brasileiras que irão integrar a lista de 31 nomes a que o Brasil tem direito. Cada país possui uma cota proporcional à população.

A Índia, por exemplo, que tem mais de 1,5 bilhão de habitantes, terá o direito de indicar 150 nomes. O perfil das indicadas deve ser de mulheres vivas e atuantes na área da luta por uma sociedade mais justa. “Não importa a idade, a ocupação e a condição social, desde que sejam mulheres com histórico de lutas, por exemplo, contra a violência, a tortura, a pobreza, a miséria e as drogas”, exemplifica.

Como indicar A indicação dos nomes das mulheres que lutam pela paz é livre e pode ser feita também pelos homens, informa Clara. As indicações devem ser individuais e não serão aceitas auto-candidaturas. Estão sendo encorajadas, também, indicações de mulheres que através de suas produções culturais contribuem com a paz e a segurança humana.

Os formulários de inscrição estão sendo distribuídos gratuitamente e as informações podem ser obtidas através do telefone (0xx11) 3337-3109, no endereço Rua Santa Isabel 137, 1º andar, sala 11, CEP 01221-010 – São Paulo/SP, pelo e-mail claramilmulheres@rnaves.com.br ou no site (em português) http://www.1000peacewomen.org/sprachen/portug/index.html

Após o encerramento das inscrições, começará o processo de seleção dos nomes a serem enviados para a Suíça. A previsão é de que até outubro a Fundação Suíça de Mulheres pela Paz deve encerrar este projeto e que a lista com os mil nomes de mulheres de todo o mundo seja enviada para Oslo, sede do comitê do Nobel da Paz, no início do ano que vem.

Se a lista for a escolhida para receber o prêmio, três dessas mulheres deverão representar as vencedoras e o prêmio será utilizado na criação de um fundo em prol das mulheres que lutam pela paz. As histórias dessas mulheres poderão também ser documentadas em filmes, livros e outras mídias.

Clara Charf Pioneira na luta pelos direitos humanos e da mulher desde a década de 50, Clara Charf ficou exilada por nove anos, após a morte de Marighella. Com a anistia, retornou ao Brasil e continuou suas batalhas. Ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores e passou a integrar organizações como o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.

Nas eleições gerais de 2002, foi uma das principais articuladoras da campanha do presidente Lula entre as eleitoras. Para Clara, a situação da mulher mudou muito, mas reconhece: “Infelizmente ainda existe muita discriminação, machismo e desigualdade”. Por isso, ela garante que sua luta continua, com garra, disposição e otimismo. “Quando voltei do exílio, tive que começar tudo de novo, eu praticamente renasci. Se não fosse otimista, não teria como continuar minhas batalhas.”




Fonte: Secom - MT

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