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Repórter News - reporternews.com.br
Agronegócios
Segunda - 17 de Maio de 2004 às 12:43

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Piracicaba - SP - Os patamares de preços do suíno vivo estão mais elevados que no ano passado. Tomando a praça de Campinas como referência e o seu fechamento do dia 14 de maio deste ano - R$ 2,29/kg –, chega-se a um valor 34,7% superior à mesma data de 2003. Para os quatro primeiros meses do ano, os preços foram aproximadamente 20% mais altos em relação ao mesmo período do ano passado. A recuperação dos preços do suíno foi proporcionada especialmente por uma diminuição do número de matrizes em 2002 e em 2003 e, conseqüentemente, da oferta para abate. Além disso, o volume exportado também cresceu, ajudando a “enxugar” a disponibilidade interna do produto e sustentando as cotações domésticas.

A diferença favorável, porém, não chega a indicar uma situação “confortável” para o suinocultor. Alguns levantamentos de custos de produção feitos pelo Cepea apontam que as margens estão bastante estreitas, beirando o prejuízo em alguns casos. Mais um vez, o responsável por essa situação são os preços dos insumos, especialmente do farelo de soja. Pesquisas do Cepea apontam que as despesas com alimentação representam entre 60 e 70% dos custos efetivos da suinocultura.

Quanto ao milho, que é o principal componente das rações, neste ano, a relação de troca está melhor do ponto de vista do produtor de carnes. Os preços desse grão nos quatro primeiros meses do ano foram significativamente menores que os do ano passado. Em janeiro, por exemplo, os preços nominais do milho ficaram 28% abaixo da média do primeiro mês de 2003. Em maio do ano passado, com 1 quilo de suíno vivo, o produtor comprava 5 quilos de milho; neste mês, o produtor adquire 6,5 quilos, uma melhora de 30%.

Mas, se por um lado, a evolução dos preços do milho – frente aos de suíno – favoreceu uma melhora da margem de comercialização do suinocultor, por outro, as altas expressivas do farelo de soja – segundo insumo mais importante nos custos – restringiram esse ganho. Em abril deste ano, esteve quase 54% superior ao mesmo mês do ano passado também na região de Campinas. Dessa forma, se em maio de 2003, o produtor comprava 3,16 quilos de farelo com1 quilo de suíno, em maio deste ano, ele adquire apenas 2,69 quilos, diminuição de 15%.

Enquanto isso, as atenções se voltam para a safrinha de milho, responsável por cerca de 30% da produção nacional e que, mais uma vez, será o balizador dos preços do milho. Historicamente, no calendário agrícola brasileiro, a safrinha vai de janeiro a setembro, com o plantio finalizado em março e a colheita iniciando em maio na região de Lucas do Rio Verde – MT. A safra de Verão, por sua vez, se estende de agosto a junho, abrangendo as fases de plantio, desenvolvimento e finalização da colheita. Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento do Ministério da Agricultura), a produção estimada para a safrinha 2003/04 é de 9,74 milhões de toneladas, 23,9% menor em relação à de 2002/03. As condições das lavouras são, em geral, satisfatórias. As preocupações agora envolvem a possibilidade de geadas durante os meses de outono, uma vez que o andamento da cultura do Paraná, principal região produtora do milho safrinha, encontra-se com 70% na fase de floração e desenvolvimento e 26% na frutificação, de acordo com divulgação da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná - Seab/Deral – na segunda semana de maio.

Para a soja, esta deve ser outra safra com vendas distribuídas ao longo dos próximos seis meses. Muitos produtores apostaram em problemas na última safra norte-americana e foram bem-sucedidos - o que pode influenciar suas decisões de estocagem no correr deste ano. Há uma visão geral no Brasil de que ou se vende logo na colheita ou é melhor aguardar o segundo semestre, quando a nova safra do Hemisfério Norte se define e o mercado interno tende a trabalhar acima da paridade de exportação. Vale ressaltar porém que, de acordo com o relatório divulgado na segunda semana de maio pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção de soja norte-americana é estimada em 80,7 milhões de toneladas – aumento de mais de 11% sobre a safra anterior -, apresentando, por enquanto, condições favoráveis ao desenvolvimento.

Acompanhando diariamente os mercados de grãos, pesquisadores do Cepea ressaltam que o ritmo de comercialização dos produtores brasileiros, a evolução da safra norte-americana, a demanda da China bem como os prêmios de embarque nos portos são os principais fundamentos do mercado de soja daqui para frente.

Em relação ao mercado internacional, os últimos números da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) foram bastante animadores. As exportações brasileiras de carne suína in natura, que vinham com recuos em janeiro e em fevereiro, apresentaram sinais de recuperação em março e ótimos números em abril. No último mês, o volume de carne suína exportado pelo Brasil superou em 56,2% o do mesmo mês do ano passado, totalizando 37,8 mil toneladas. A receita divulgada foi de US$ 53,3 milhões, 105,6% superior a abril/03. Em março deste ano, o preço recebido foi aproximadamente 32% superior (em dólar) ao de março/03 e, em abril, a tonelada de suíno in natura foi comercializada a US$ 1.408,6 (em média), alta de 31,6% sobre os US$ 1.070,20 recebidos no mesmo período do ano anterior.

Segundo dados divulgados pela OMC (Organização Mundial do Comércio), o Brasil subiu da 26ª para a 25ª posição no ranking de exportadores (considerando-se todas as exportações do país) em 2003. O agronegócio, em sua totalidade, respondeu por 42% do total enviado pelo país ao mercado externo, sendo que apenas o setor carnes garantiu o recebimento de US$ 4,1 bilhões em divisas. De acordo com pesquisadores do Cepea, todo esse progresso é resultado de um forte trabalho que vem sendo desenvolvido para aprimorar a qualidade da carne suína brasileira.

Quanto ao mercado interno de suínos neste ano, ainda que a oferta esteja ajustada, os produtores administram as entregas de forma a sustentar as cotações. Esse fator, aliado às perspectivas de aumento do consumo com a chegada do inverno, determina o cenário de curto prazo da suinocultura. Através do contato diário com agentes dos vários segmentos desse setor, pesquisadores do Cepea identificam que, se não há novos agentes atraídos pela atividade, os que resistiram à crise dos dois últimos anos estão mais eficiente e com melhores índices de produtividade.

Outras informações podem ser obtidas através do Laboratório de Informação do Cepea – 19-3429-8837/ 8836 * imprensacepea@esalq.usp.br. O pesquisador responsável pela área de grãos é Mauro Osaki e, pelo mercado de suínos, Gustavo Fischer Sbrissia.




Fonte: Agrojornal

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