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Quarta - 05 de Maio de 2004 às 19:49
Por: Franthiesco Ballerini

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Rio de Janeiro - Em um luxuoso clube no Rio, Renato Aragão comanda as gravações de seu próximo longa, Didi Quer Ser Criança, que estréia em junho. Ele tem trailer próprio, palpita em tudo. Não se diverte em hora de trabalho, mesmo na rodagem de uma comédia. Didi, diz Renato, é o alter ego de um cearense tímido, que passa fome para manter a saúde aos 69 anos. Renato Aragão admira Charles Chaplin e gosta de filmes que façam as pessoas darem gargalhadas, pois, diz ele, hoje elas apenas sorriem. No seu trailer, sob o sol da Barra da Tijuca, Didi concedeu a seguinte entrevista.

Didi Quer Ser Criança é o seu 44º filme?

Sim, fiz um filme por ano de carreira. Neste, a gente quer enfocar o Dia de Cosme e Damião e a fé que foi se perdendo. É baseado na personalidade do Didi, que não quer crescer, quer ficar irresponsável.

Como você consegue manter esse pique aos 69 anos?

Eu passo fome, faço ginástica. Estes dias fui fazer esteira e peguei uma doença com um nome até bonito, hipoglicemia, gostei (risos). Não como gordura, não como fritura. O corpo já condicionou. Corro na frente da idade para ela não me alcançar.

Já pensou em se aposentar?

Se me aposentar, eu morro. Trabalho o mesmo tanto de horas que antes.

Você sempre quis ser humorista?

Eu era muito tímido. A gente se mudava, passava um ano e a garotada queria fazer amizade comigo. Eu queria brincar, mas não sabia como fazer contato. Talvez o Didi seja um alter ego, um catalisador. Às vezes, olho o Didi e penso "não é possível que eu tive coragem de fazer isso".

Que comediantes você admira?

O Chaplin. Mas o que me empurrou mesmo a trabalhar foi o Oscarito. Aí eu fui fazer um teste, mas não tinha número preparado. Eu trabalhava num banco e fiz o teste escondido. No dia seguinte, fui ver os papéis de reprovado. Não estava lá meu teste. Fui descobrir que fui o primeiro aprovado.

Mas não tem um humorista vivo que você admira?

O Golias. É meu amigo e o meu polimento. Trabalhamos juntos na Record. Mas eu tenho vontade de fazer um programa com o Golias hoje.

Destes 44 filmes, tem algum que você não gostou?

Não posso dizer que não gostei. Mas os primeiros eu não tinha como controlar tudo. Eu era um simples contratado, tinha que obedecer ordens. Até que, do filme Ali-Babá para cá, já tinha o direito de me impor. Daí para frente, todos foram um sucesso.

Quais são seus filme preferidos?

Os filmes do Chaplin. Gosto também do Jim Carrey. No Todo Poderoso, ele fez algo escrachado como o Oscarito fazia, para gargalhar. Hoje as pessoas não gargalham, só sorriem.

Quais são seus próximos projetos?

Eu vou propor para a Globo um especial para os 40 anos. Quero ir para o horário que foi dos Trapalhões e atingir um público mais adulto, fazendo o estilo dos Trapalhões.

Você é embaixador da Unicef há 13 anos. Já notou alguma melhora para a vida das crianças no Brasil?

Não. A situação da criança não melhorou porque você tira uma da rua, a miséria põe quatro. A Igreja pode reclamar, mas tem que ter controle demográfico.

Como surgiram os Trapalhões? Eu cheguei sozinho do Ceará. Formei um trio com o Dedé e o Macalé. O Dedé chamou o Mussum. Fizemos um programa de uma hora, mas queriam duas, e eu chamei o Mauro Gonçalves (Zacarias).

Do que você mais sente saudades dessa época?

Dos três. Eu falo três porque o Tião Macalé era um trapalhão. Quando eles morreram, fiquei seis anos em choque.

Você tem contato com as famílias?

Não, com ninguém.

Como está sua relação com Dedé?

Está muito difícil.

Ele disse, recentemente, que gostaria de participar do Criança Esperança e da Turma do Didi. Você chegou a convidá-lo?

O problema não é comigo, ele sabe disso. Ele fez algumas coisas que a Globo não gostou. O problema do Dedé é com a Globo, ele sabe disso, mas me pegou como vítima. Eu gostaria que ele estivesse comigo na Turma do Didi, mas com o clima agora....

Há quanto tempo não se falam?

Eu telefono para ele às vezes. Mas ele começa tudo de novo. Eu liguei para ele faz pouco tempo. Não quero o Dedé como inimigo. Eu gostaria muito de trabalhar com ele, mas não me meto na briga dele com a Globo, é como briga de marido e mulher.




Fonte: Estadão.com

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