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Repórter News - reporternews.com.br
Nacional
Quinta - 29 de Abril de 2004 às 20:11
Por: Camila Toscano e Ricardo Migno

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Não foi só pela oposição e pelos sindicatos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi alvejado nesta quinta-feira após confirmar que o reajuste do salário mínimo não ultrapassará os R$ 260, como defendia a equipe econômica. No Congresso, aliados e importantes articuladores da base disseram estar frustrados e ameaçaram intervir no Legislativo para alterar o valor.

No Congresso, as críticas mais contundentes vieram do Senado. Principal interlocutor na Casa com o Palácio do Planalto, José Sarney (PMDB-AP) admitiu que a decisão pode ser revista no Legislativo. Paralelamente às discussões do mínimo, Sarney está irritado com o governo, que apóia nos bastidores o nome do líder peemedebista, Renan Calheiros (AL), para sucedê-lo na presidência da Casa.

Ele disse avaliar que o presidente Lula "tem suas limitações" e afirmou desconhecer as razões e justificativas do governo para um reajuste de apenas 1,73% acima da inflação. "Não conheço as razões, as motivações e os cálculos que levaram o governo a mandar um salário mínimo nesse nível [R$ 260], mas acho que se pudermos fazer ele aumentar será muito bom."

Um dos principais defensores de um mínimo de R$ 300, o vice-presidente do Senado, Paulo Paim (PT-RS), disse estar frustrado com o reajuste anunciado pelo governo e prometeu iniciar uma articulação para modificá-lo. "Dá para fazer um bom entendimento entre a Câmara e o Senado para mudar o valor."

Câmara

Ao comentar o anúncio do governo, o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), disse que "qualquer cifra é pouca para a situação do país". Sobre a votação da medida provisória com o valor na Câmara, afirmou que ela "será apreciada no momento oportuno". "[O valor] pode mudar, mas vale a posição da maioria. Na Câmara quem é maioria vence."

Integrantes da base também reclamaram do valor. "Ninguém pode estar feliz com o reajuste, nem eu, nem ninguém e nem o presidente. É a aplicação da política dentro do limite do possível", afirmou o vice-líder do governo na Câmara Beto Albuquerque (PSB-RS).

"A decisão do governo poderia ser um pouco mais avançada. Prevaleceu a visão do Ministério da Fazenda, que tem suas razões, mas o governo tem que ser tensionado internamente para também atender à classe trabalhadora. Sempre defendemos aumentos mais audaciosos para o salário mínimo", disse o líder do PSB, Renato Casagrande (ES).

Oposição

As principais lideranças dos partidos de oposição no Congresso ocuparam a tribuna e dispararam contra o governo. O mesmo ocorreu com as duas principais centrais sindicais do país, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a Força Sindical.

"O único cargo que queremos é o seu, presidente, em 2006, pelo voto", afirmou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). "Peço ao senhor presidente que me prove que não pode dar mais que R$ 280. Se fizer isso, voto a favor do governo. Voto a favor do governo se ele [Lula] for à TV para fazer uma autocrítica e dizer que era delirante e cometeu um equívoco [ao criticar governos anteriores]."

"Acho que o presidente Lula perde a oportunidade de fazer o reajuste do salário mínimo no máximo que coubesse no Orçamento. Se o máximo era R$ 270, deveria ser R$ 270, e não R$ 260", disse o presidente da CUT, Luiz Marinho.




Fonte: Estadão.com

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