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Internacional
Quinta - 29 de Abril de 2004 às 09:30

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O governo dos Estados Unidos pagou cirurgias plásticas, uma cabeça de veado empalhada, pastas de couro de grife e vinhos caros a funcionários públicos. De acordo com um relatório divulgado hoje, estes e outros itens inusitados foram comprados com cartões de crédito de funcionários públicos pagos pela administração federal.

O General Accounting Office (GAO), braço investigativo do Congresso, disse que centenas de milhões de dólares poderiam ser economizados por ano se houvesse um controle mais rígido do uso dos cartões de crédito do governo. O uso dos cartões começou a ser adotados em 1989, com o objetivo de eliminar burocracia e reduzir os custos de processamento das compras federais. Entre 1994 e 2003, segundo o GAO, os gastos do governo com os cartões subiram de US$ 1 bilhão para US$ 16 bilhões. Na maioria dos casos, as contas são pagas diretamente pelo governo.

A auditoria do GAO detectou falhas de controle nos departamentos da Agricultura, do Interior, da Justiça, dos Transportes e dos Veteranos, além do Exército, da Marinha e da Força Aérea. "Isso deixa as agências vulneráveis a compras fraudulentas, impróprias e abusivas," disse o relatório, divulgado numa audiência do comitê do Senado para Assuntos Governamentais.

Em um dos casos, o inspetor-geral do Departamento de Defesa descobriu que um funcionário da Marinha usou um cartão do governo para comprar dois carros, uma moto e pagar operações plásticas. O dono do cartão fez 59 compras fraudulentas, num total de mais de US$ 132 mil. Em outro caso, um funcionário do Departamento de Defesa usou um cartão para fazer compras fraudulentas no valor de US$ 1,7 milhão junto a uma empresa falsa montada por seu irmão.

"Exemplos como esse demonstram a necessidade de um maior controle sobre o programa de cartões de compras e mostram por que é essencial dar às agências as ferramentas que elas precisam para controlar fraudes e abusos", disse a senadora republicana Susan Collins.

As desculpas para as compras são bem originais. A explicação sobre a aquisição de uma cabeça de veado empalhada, por exemplo, foi que seu objetivo era instruir pilotos sobre a população de veados local. Robôs de brinquedo Lego, no valor de US$ 200, teriam sido comprados para "ensinar engenheiros da Marinha sobre robótica". Já a justificativa para a compra de uma pasta da Louis Vuitton no valor de US$ 250 foi "preferência pessoal".

O GAO também descobriu que as agências não tentam obter descontos nas compras. Em uma estimativa "conservadora," o GAO disse que, se seis agências conseguissem descontos de 10% de fornecedores de quem compram mais de US$ 1 milhão por ano em mercadorias, a economia anual seria de US$ 300 milhões. Além disto, a auditoria encontrou limites absurdos para determinados funcionários. Sessenta subordinados da Marinha tinham limite de crédito de US$ 9,9 milhões.




Fonte: Reuters

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