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Pelo telefone, Arcanjo conta rotina na prisão
Fim do silêncio. A 24 dias de 20 de maio - data marcada pela justiça uruguaia para que preste depoimento no processo que apura o assassinato do empresário Sávio Brandão, o ex-policial João Arcanjo Ribeiro, apontado como líder do crime organizado em Mato Grosso -, concede uma entrevista exclusiva por telefone à reportagem de A Gazeta, a alguns passos da cela onde está detido, há um ano, no Cárcere Central, em Montevidéu, no Uruguai.
Desde a "Operação Arca de Noé", desencadeada em 5 de dezembro de 2002 pela Polícia Federal, quando começou a "ruir" um império erguido ilicitamente, Arcanjo manteve-se calado. Ontem, durante seis minutos, ele falou sobre seu "estilo" de vida no presídio. Acorda às 9 horas, limite de sono permitido durante o rigoroso inverno uruguaio. Pela manhã, segundo ele mesmo conta, "quando não tem pátio, não tem sol", prefere "ler romances e livros de religião para passar o tempo". Ao sentir fome, se alimenta. "O almoço é a hora que você quiser", explica, desde que seja entre 11h e 15h. Neste instante, a ligação "cai".
O congestionamento do sistema de telefonia impede um retorno imediato. Após algumas tentativas, Arcanjo atende novamente e explica que no presídio uruguaio as ligações duram apenas três minutos e são cortadas. Reconduzindo a conversa, ele continua contando que passa a maior parte das tardes também lendo. "Vou estudar", justifica o hábito. Como não é obrigado a realizar qualquer atividade imposta pela direção do presídio, pode também assistir à tevê na cela individual, onde há um aparelho, assim como em todas as outras, onde estão detidos cerca de 100 criminosos. "Mas só pegam canais uruguaios", diz ele.
Esta rotina, considerada "difícil" por Arcanjo, é quebrada três vezes por semana, frequência com que tem liberdade para receber visitas. Todas as vezes que necessita, também pode falar ao telefone, usando este mesmo aparelho através do qual conversou com A Gazeta. A intenção da reportagem, ao questioná-lo sobre as visitas, era, justamente, a de obter informações sobre Sílvia Shirata, mulher do "Comendador" - título que ainda ostenta. Shirata também está detida no Uruguai, assim como Adolfo Sesini, braço direito de Arcanjo naquele país.
A intenção era ainda a de seguir a conversa questionando sobre os crimes atribuídos a ele - homicídios, formação de quadrilha, porte ilegal de armas, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e evasão de divisas. Desde que foi preso, Arcanjo jamais se pronunciou sobre as acusações que pesam sobre seus ombros, nem mesmo deu respostas quando interrogado pelo juiz federal Julier Sebastião da Silva e o procurador da República em Mato Grosso, Pedro Taques, que foram ao Uruguai para ouvi-lo. Mas, neste instante da conversa, esgotam-se, novamente, os três minutos permitidos pelo presídio e a ligação "cai" outra vez.
Após a segunda interrupção da entrevista, ao retorno da ligação, atende um agente carcerário, informando que Arcanjo já havia retornado à cela e que não falaria mais naquele momento. Ele estaria orientado por advogados a não tratar publicamente sobre os crimes que teria cometido e que geraram grande repercussão em Mato Grosso e em todo o país. Arcanjo, de acordo com investigações da polícia de Brasília, é um dos braços da máfia italiana, que controla a entrada, no Brasil, de máquinas caça-níqueis e o jogo do bicho, além de casas de bingos.
Das diversas acusações, Arcanjo já foi condenado por porte de armas e lavagem de dinheiro. Pela execução do radialista Rivelino Brunini, com quem estaria disputando espaço na exploração ilegal de jogos eletrônicos, Arcanjo vai a júri popular, conforme determinação da Justiça Federal, ainda sem data marcada. Naquela empreitada, ocorrida em junho de 2002, morreram também o amigo de Brunini, Fauze Rachid Jaudy, e ficou ferido o pintor Gisleno Fernandes.
Há um ano, desde que o "Comendador" foi preso, em 7 de abril de 2003, a justiça mato-grossense tenta extraditá-lo para que ele seja julgado aqui e encarcerado em algum presídio local. Ainda não há informação oficial sobre a data da extradição. É cômodo para o "Comendador" continuar no Uruguai, como já informaram repetidas vezes os advogados dele. O repórter de polícia Renzo Rossello, do jornal "El País", uma das principais publicações de Montevidéu, confirma que este caso só é tratado pela imprensa uruguaia pontualmente, o que afasta o clima de pressão em torno da figura de Arcanjo.
Para obter informações detalhadas sobre os seis minutos da conversa exclusiva, leia, na íntegra, a entrevista obtida após três semanas de persistentes contatos, junto a autoridades policiais uruguaias (todas impedidas de dar entrevista oficialmente sobre o assunto), um trabalho que contou com o envolvimento de seis jornalistas de A Gazeta.
(Colaboraram Janã Pinheiro, Márcia Oliveira, Elaine Perassoli, Rita Comini e Maria Angélica de Moraes e o apoio técnico de Sálvio Júnior e Benê Moreira, ambos funcionários da TV Record Canal 10).
Desde a "Operação Arca de Noé", desencadeada em 5 de dezembro de 2002 pela Polícia Federal, quando começou a "ruir" um império erguido ilicitamente, Arcanjo manteve-se calado. Ontem, durante seis minutos, ele falou sobre seu "estilo" de vida no presídio. Acorda às 9 horas, limite de sono permitido durante o rigoroso inverno uruguaio. Pela manhã, segundo ele mesmo conta, "quando não tem pátio, não tem sol", prefere "ler romances e livros de religião para passar o tempo". Ao sentir fome, se alimenta. "O almoço é a hora que você quiser", explica, desde que seja entre 11h e 15h. Neste instante, a ligação "cai".
O congestionamento do sistema de telefonia impede um retorno imediato. Após algumas tentativas, Arcanjo atende novamente e explica que no presídio uruguaio as ligações duram apenas três minutos e são cortadas. Reconduzindo a conversa, ele continua contando que passa a maior parte das tardes também lendo. "Vou estudar", justifica o hábito. Como não é obrigado a realizar qualquer atividade imposta pela direção do presídio, pode também assistir à tevê na cela individual, onde há um aparelho, assim como em todas as outras, onde estão detidos cerca de 100 criminosos. "Mas só pegam canais uruguaios", diz ele.
Esta rotina, considerada "difícil" por Arcanjo, é quebrada três vezes por semana, frequência com que tem liberdade para receber visitas. Todas as vezes que necessita, também pode falar ao telefone, usando este mesmo aparelho através do qual conversou com A Gazeta. A intenção da reportagem, ao questioná-lo sobre as visitas, era, justamente, a de obter informações sobre Sílvia Shirata, mulher do "Comendador" - título que ainda ostenta. Shirata também está detida no Uruguai, assim como Adolfo Sesini, braço direito de Arcanjo naquele país.
A intenção era ainda a de seguir a conversa questionando sobre os crimes atribuídos a ele - homicídios, formação de quadrilha, porte ilegal de armas, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e evasão de divisas. Desde que foi preso, Arcanjo jamais se pronunciou sobre as acusações que pesam sobre seus ombros, nem mesmo deu respostas quando interrogado pelo juiz federal Julier Sebastião da Silva e o procurador da República em Mato Grosso, Pedro Taques, que foram ao Uruguai para ouvi-lo. Mas, neste instante da conversa, esgotam-se, novamente, os três minutos permitidos pelo presídio e a ligação "cai" outra vez.
Após a segunda interrupção da entrevista, ao retorno da ligação, atende um agente carcerário, informando que Arcanjo já havia retornado à cela e que não falaria mais naquele momento. Ele estaria orientado por advogados a não tratar publicamente sobre os crimes que teria cometido e que geraram grande repercussão em Mato Grosso e em todo o país. Arcanjo, de acordo com investigações da polícia de Brasília, é um dos braços da máfia italiana, que controla a entrada, no Brasil, de máquinas caça-níqueis e o jogo do bicho, além de casas de bingos.
Das diversas acusações, Arcanjo já foi condenado por porte de armas e lavagem de dinheiro. Pela execução do radialista Rivelino Brunini, com quem estaria disputando espaço na exploração ilegal de jogos eletrônicos, Arcanjo vai a júri popular, conforme determinação da Justiça Federal, ainda sem data marcada. Naquela empreitada, ocorrida em junho de 2002, morreram também o amigo de Brunini, Fauze Rachid Jaudy, e ficou ferido o pintor Gisleno Fernandes.
Há um ano, desde que o "Comendador" foi preso, em 7 de abril de 2003, a justiça mato-grossense tenta extraditá-lo para que ele seja julgado aqui e encarcerado em algum presídio local. Ainda não há informação oficial sobre a data da extradição. É cômodo para o "Comendador" continuar no Uruguai, como já informaram repetidas vezes os advogados dele. O repórter de polícia Renzo Rossello, do jornal "El País", uma das principais publicações de Montevidéu, confirma que este caso só é tratado pela imprensa uruguaia pontualmente, o que afasta o clima de pressão em torno da figura de Arcanjo.
Para obter informações detalhadas sobre os seis minutos da conversa exclusiva, leia, na íntegra, a entrevista obtida após três semanas de persistentes contatos, junto a autoridades policiais uruguaias (todas impedidas de dar entrevista oficialmente sobre o assunto), um trabalho que contou com o envolvimento de seis jornalistas de A Gazeta.
(Colaboraram Janã Pinheiro, Márcia Oliveira, Elaine Perassoli, Rita Comini e Maria Angélica de Moraes e o apoio técnico de Sálvio Júnior e Benê Moreira, ambos funcionários da TV Record Canal 10).
Fonte:
A Gazeta
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/384669/visualizar/
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