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Internacional
Segunda - 26 de Abril de 2004 às 15:48

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Londres - Mais de 50 ex-diplomatas britânicos assinaram uma carta endereçada ao primeiro-ministro Tony Blair criticando duramente sua política para o Oriente Médio e pedindo a ele para execer maior influência sobre os Estados Unidos.

Na carta, eles afirmam que a coalizão liderada pelos EUA não se preparou adequadamente para a fase pós-guerra no Iraque.

A carta, assinada por 52 ex-diplomatas, incluindo embaixadores altos comissários e governadores, também condena o presidente dos EUA, George W. Bush, por ter endossado planos de Israel de manter assentamentos na Cisjordânia e critica Blair por ter apoiado publicamente a idéia.

"Essas questões precisavam ser ditas... já há algum tempo", explicou à Associated Press Oliver Miles, ex-embaixador britânico na Grécia.

O escritório de Blair rechaçou as críticas.

"Nossos objetivos tanto no Iraque quanto no conflito israelense-palestino continuam sendo estabilidade, paz, liberdade no Oriente Médio", frisou o porta-voz oficial de Blair.

Entre os que assinaram a carta estão dois ex-embaixadores em Bagdá e um ex-embaixador em Tel Aviv.

"Nós... temos observado com preocupação cada vez maior as políticas que você tem seguido nos problemas árabe israelense e iraquiano, em cooperação estreita com os Estados Unidos", afirmam na carta. "Sentimos que chegou o momento de tornar pública nossa ansiedade, na esperança de que ela irá ser debatidas no Parlamento e levará a uma redefinição fundamental".

Miles, que coordenou a elaboração da carta, disse que ela foi precipitada pela visita de Blair a Washington no começo do mês quando o premier apoiou publicamente o plano de Israel de se retirar da Faixa de Gaza mas manter assentamentos na Cisjordânia.

O endosso de Bush ao plano do primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, enfureceu os palestinos. Críticos afirmam que a ação unilateral sabota o "roteiro para a paz" elaborado pela chamado Quarteto - EUA, Rússia, União Européia e Nações Unidas.

Blair, concordando com Bush, avaliou que o plano de Sharon era um passo à frente - e não para trás - nas aspirações dos palestinos de terem um Estado.

A carta denuncia que a proposta de Sharon é "unilateral e ilegal" e "custará ainda mais sangue israelense e palestino".

Voltando-se para o Iraque, a carta considera não ter havido "um plano efetivo para um arranjo pós-Saddam". Ela também critica táticas militares empregadas pela coalizão, particularmente o cerco de Faluja.

"Compartilhamos sua visão de que o governo britânico tem interesse em trabalhar o mais próximo possível com os Estados Unidos nessas duas questões relacionadas, e em exercer uma verdadeira influência como um leal aliado", admitiram. "Acreditamos que a necessidade de tal influência é agora uma questão de máxima urgência. Se isso for inaceitável ou não for bem-vindo, não há razão para apoiar políticas que estão fadadas ao fracasso".

O escritório de Blair não quis responder à carta ponto a ponto mas sublinhou que o governo continua comprometido com a solução de dois Estados no Oriente Médio, como contemplado no "roteiro para a paz."

Menzies Campbell, porta-voz de assuntos exteriores do oposicionista Partido Liberal Democrata, exortou Blair a refletir sobre os conselhos contidos na carta.

"Trata-se da mais notável intervenção no debate sobre o Oriente Médio por parte de um grupo de pessoas que quase certamente são as maiores especialistas na Grã-Bretanha sobre o assunto".




Fonte: AE - AP

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