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Índios trocavam diamante por arma, diz PF
Três líderes cintas-largas --Nacoça Pio, Oíta e João Bravo-- são acusados de vender diamantes extraídos da reserva Roosevelt em troca de armas, como revólveres, pistolas e rifles. A negociação teria sido feita com o empresário Marcos Glikas, preso em março.
Segundo o processo criminal a que eles respondem, o empresário chegou a investir R$ 1,27 milhão nas aldeias, antes mesmo de receber as pedras. Apenas numa das transações, foram negociados 2.000 quilates de diamante.
"Há indícios claros de que parte dos diamantes foi paga com armas de fogo", afirmou o delegado Marcos Aurélio Moura, superintendente da PF em Rondônia. No início deste mês, 29 garimpeiros foram assassinados por índios dentro da reserva Roosevelt.
Segundo o processo, que corre sob sigilo judicial, foram os próprios índios que solicitaram as armas. O pedido foi feito ao empresário Glikas. Até hoje os investigadores não conseguiram identificar se as armas eram contrabandeadas ou não.
O contato de Glikas com os índios era intermediado, segundo a PF, por José Nazareno Torres de Moraes, servidor da Funai (Fundação Nacional do Índio) na cidade de Cacoal (RO). Segundo as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, ele tinha um contato próximo com os líderes tribais devido ao seu trabalho indigenista.
Além de porcentagem sobre a venda de diamantes, Moraes receberia um caminhão para facilitar a entrada de máquinas na reserva, mas a encomenda foi interceptada pela PF no início deste ano.
De acordo com um integrante da quadrilha que passou a colaborar com os investigadores da polícia, antes da compra de diamantes, Glikas enviou R$ 390 mil ao chefe Pio, R$ 180 mil a Oíta e R$ 700 mil a João Bravo, totalizando R$ 1,27 milhão.
A testemunha confirmou à PF ao menos quatro compras de pedras, nos valores de R$ 205 mil, R$ 260 mil, R$ 220 mil e R$ 160 mil. O dinheiro era gasto pelos índios na compra de caminhonetes, relógios, roupas de grife e bebidas. Nas visitas à cidade de Espigão d'Oeste, cada líder indígena também levava presentes para suas mulheres.
"Mulas"
O agente da PF, Marcos Aurélio Soares Bonfim, também é apontado no inquérito. Ele participava da quadrilha, de acordo com a investigação, recrutando "mulas" para transportar os diamantes em algumas ocasiões e cuidando da segurança pessoal de Glikas. Também em Cacoal, os membros da Polícia Civil, o agente Edilson Fernandes Maia e o delegado Iramar Gonçalves da Silva, fariam parte do esquema.
As pedras compradas por Glikas eram vendidas em São Paulo e de lá deixavam o país para Estados Unidos, Israel e Bélgica, onde eram lapidadas em Antuérpia.
Na maior parte das vezes, a extração das pedras era feita por garimpeiros arregimentados pelos índios. A relação entre os dois grupos sempre foi de muita tensão, segundo relatos ouvidos pela Folha de funcionários da Funai e policiais. No início deste mês, quando foi descoberta uma nova jazida em uma área conhecida como Grota do Sossego, 29 garimpeiros foram mortos a golpes de bordunas, tacapes e lanças.
Mecanização
O garimpo na reserva ocorre há pelo menos 40 anos, mas nos últimos cinco anos tornou-se ainda mais intenso. Até 2002, os índios permitiam a entrada dos garimpeiros, mediante um acordo. Para entrar, pagavam de R$ 25 mil a R$ 30 mil e, ao encontrar as pedras, davam um percentual para os índios, que chegou a ser de 50% do valor obtido na venda.
Segundo a PF, o servidor Moraes, da Funai, "articulava" o trabalho dos garimpeiros, mediando os acordos de porcentagem. A partir de 2001, ele foi responsável pelo início da mecanização dos garimpos, que até ali eram feitos manualmente.
Segundo o processo criminal a que eles respondem, o empresário chegou a investir R$ 1,27 milhão nas aldeias, antes mesmo de receber as pedras. Apenas numa das transações, foram negociados 2.000 quilates de diamante.
"Há indícios claros de que parte dos diamantes foi paga com armas de fogo", afirmou o delegado Marcos Aurélio Moura, superintendente da PF em Rondônia. No início deste mês, 29 garimpeiros foram assassinados por índios dentro da reserva Roosevelt.
Segundo o processo, que corre sob sigilo judicial, foram os próprios índios que solicitaram as armas. O pedido foi feito ao empresário Glikas. Até hoje os investigadores não conseguiram identificar se as armas eram contrabandeadas ou não.
O contato de Glikas com os índios era intermediado, segundo a PF, por José Nazareno Torres de Moraes, servidor da Funai (Fundação Nacional do Índio) na cidade de Cacoal (RO). Segundo as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, ele tinha um contato próximo com os líderes tribais devido ao seu trabalho indigenista.
Além de porcentagem sobre a venda de diamantes, Moraes receberia um caminhão para facilitar a entrada de máquinas na reserva, mas a encomenda foi interceptada pela PF no início deste ano.
De acordo com um integrante da quadrilha que passou a colaborar com os investigadores da polícia, antes da compra de diamantes, Glikas enviou R$ 390 mil ao chefe Pio, R$ 180 mil a Oíta e R$ 700 mil a João Bravo, totalizando R$ 1,27 milhão.
A testemunha confirmou à PF ao menos quatro compras de pedras, nos valores de R$ 205 mil, R$ 260 mil, R$ 220 mil e R$ 160 mil. O dinheiro era gasto pelos índios na compra de caminhonetes, relógios, roupas de grife e bebidas. Nas visitas à cidade de Espigão d'Oeste, cada líder indígena também levava presentes para suas mulheres.
"Mulas"
O agente da PF, Marcos Aurélio Soares Bonfim, também é apontado no inquérito. Ele participava da quadrilha, de acordo com a investigação, recrutando "mulas" para transportar os diamantes em algumas ocasiões e cuidando da segurança pessoal de Glikas. Também em Cacoal, os membros da Polícia Civil, o agente Edilson Fernandes Maia e o delegado Iramar Gonçalves da Silva, fariam parte do esquema.
As pedras compradas por Glikas eram vendidas em São Paulo e de lá deixavam o país para Estados Unidos, Israel e Bélgica, onde eram lapidadas em Antuérpia.
Na maior parte das vezes, a extração das pedras era feita por garimpeiros arregimentados pelos índios. A relação entre os dois grupos sempre foi de muita tensão, segundo relatos ouvidos pela Folha de funcionários da Funai e policiais. No início deste mês, quando foi descoberta uma nova jazida em uma área conhecida como Grota do Sossego, 29 garimpeiros foram mortos a golpes de bordunas, tacapes e lanças.
Mecanização
O garimpo na reserva ocorre há pelo menos 40 anos, mas nos últimos cinco anos tornou-se ainda mais intenso. Até 2002, os índios permitiam a entrada dos garimpeiros, mediante um acordo. Para entrar, pagavam de R$ 25 mil a R$ 30 mil e, ao encontrar as pedras, davam um percentual para os índios, que chegou a ser de 50% do valor obtido na venda.
Segundo a PF, o servidor Moraes, da Funai, "articulava" o trabalho dos garimpeiros, mediando os acordos de porcentagem. A partir de 2001, ele foi responsável pelo início da mecanização dos garimpos, que até ali eram feitos manualmente.
Fonte:
Folha de São Paulo/Porto Velho
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/385109/visualizar/
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