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Nacional
Sexta - 23 de Abril de 2004 às 09:10
Por: Iuri Dantas

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Quatro índios cintas-largas da reserva Roosevelt, sendo dois caciques, respondem a processo na Justiça Federal de Rondônia por extração ilegal de pedras preciosas e formação de quadrilha desde o mês passado. O líder guerreiro Pio Cinta Larga, acusado em outros três processos, chegou a ser preso por dez dias no fim do mês passado, na Operação Kimberley da Polícia Federal.

A Operação Kimberley, cujo nome faz referência ao certificado internacional de legitimidade dos diamantes, foi deflagrada em março, pela PF. Além de Pio, os caciques João Bravo Cinta Larga e Oita Cinta Larga foram indiciados. O índio Raimundo Cinta Larga é o quarto da tribo que responderá ao processo.

A assessoria de imprensa da Funai (Fundação Nacional do Índio), em Brasília, não quis se manifestar ontem sobre o envolvimento dos índios com extração.

Em entrevista à "TV Amazonas", afiliada da Rede Globo em Rondônia, o cacique Daniel Cinta Larga afirmou que os índios estão "cansados" de retirar garimpeiros da reserva. E negou envolvimento da Funai no massacre de 29 garimpeiros na área, no dia 7.

"Os próprios garimpeiros vinham ameaçando os índios. Mandavam recados que iriam pegar todos os índios. Então, nós não queríamos liberar [a reserva] para os garimpeiros. Hoje nós temos o apoio da Funai, da Polícia Florestal. Muitos garimpeiros estão acusando a Funai, dizem que a Funai é culpada, mas a Funai não é culpada, porque os próprios índios é que fizeram esse serviço, a Funai não tem nada a ver", afirmou Daniel.

Segundo Pio, em entrevista divulgada anteontem, a morte dos garimpeiros foi um "aviso" para que evitem entrar na reserva.

Apontado como o principal comprador de diamantes da reserva, o empresário Marcos Glikas aguarda julgamento na carceragem da PF, em Porto Velho.

Segundo o processo, sob sigilo judicial, Glikas utilizava duas pistas abertas pela Funai no interior da reserva para buscar diamantes com o avião de prefixo PT-JXO.

O negócio era feito em dinheiro, e as pedras levadas para São Paulo ou Cuiabá (MT), de onde eram retiradas do país, segundo a PF. O contato de Glikas com os índios era feito pelo funcionário da Funai José Nazareno Torres de Moraes, próximo do índio Pio.

Dois policiais civis também foram denunciados pelo Ministério Público Federal como membros da quadrilha. A Folha não conseguiu falar com Glikas e com os acusados apontados pela PF.




Fonte: Enviado Especial/Folha de São Paulo

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