Saúde faz mobilização para o combate à hanseníase

Mato Grosso é um dos maiores Estados em números de casos de hanseníase, com a prevalência de 21 por 10 mil habitantes. Em 2003, a Secretaria de Estado de Saúde detectou 3.559 casos de hanseníase em todo o Estado, sendo que atualmente existem 4.699 pessoas em tratamento pela rede pública de saúde.

Devido aos altos índices de casos da doença, a Ses/MT, em parceria com a Rede Globo – Amigos da Escola e a Prefeitura Municipal de Cuiabá, promove uma grande mobilização social nesta sexta – feira (16.04), no Parque Mãe Bonifácia, o "Dia Temático" de combate à hanseníase, das 8h às 12h. Com o tema "Hanseníase tem cura", a Ses/MT tem por objetivo reduzir os índices da doença no Estado. Além disto conscientizar a população através dos meios de comunicação para a necessidade de se constatar e buscar um tratamento adequado no SUS.

Com o objetivo de aumentar a detecção da doença, de 1990 até 1998 houve uma redução na taxa de prevalência da ordem de 80%. De 2001 houve um aumento de 26% de detecção de novos casos. Isto significa que com o empenho dos municípios, dos meios de comunicação, treinamentos de profissionais, atividades educativas e mutirões, a hanseníase passou a ser uma questão pública, desmistificando o preconceito, que passou a ser colocado em segundo plano. A qualificação das Equipes de Saúde da Família fez com que aumentassem também o número de unidades de saúdes notificantes.

O dia temático vai ter uma vasta programação no Parque Mãe Bonifácia, onde serão distribuídos folders explicativos sobre a hanseníase e várias ações serão realizadas para as crianças de escolas de Cuiabá. "As crianças são fundamentais no processo de prevenção a doenças. Depois de informadas, as crianças são multiplicadoras e acabam influenciando no comportamento de toda a família”, explicou o secretário Adjunto de Saúde, Juliano Canavarros.

A TV Centro América, afiliada da Rede Globo, vai fazer flashs ao vivo para todo o Estado do evento, além de realizar também uma ampla divulgação da campanha de combate à hanseníase, que está sendo veiculado pela emissora com o cantor Ney Matogrosso e a atriz, Solange Couto. Os artistas que são voluntários do Movimento de Reabilitação dos Hansenianos (MORHAN), estiveram em Cuiabá no mês de março para divulgar a campanha e tentar diminuir o preconceito que os portadores de hanseníase sofrem.

Para Juliano Canavarros, a participação de artistas populares de reconhecimento nacional, faz com que a população perca o preconceito com a doença, além de esclarecer que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece um tratamento especializado aos usuários. Para o ano de 2004, a área técnica da Secretaria de Estado de Saúde, por meio da atualização do banco de dados por Regionais de Saúde, municípios de maior porte e dados provisórios mostram uma redução na prevalência da ordem de 20%, estando em 17/10 mil, com a expectativa de chegar a 15/10 mil. “Esperamos aumentar o número de equipes de Saúde da Família treinadas para que o processo de descentralização continue sendo implementado”, explicou Juliano Canavarros.

HANSENÍASE - A doença causada por um micróbio chamado bacilo de Hansen (mycobacterium leprae), que ataca normalmente a pele, os olhos e os nervos. Ela também é conhecida como lepra, morféia, mal-de-Lázaro, mal-da-pele ou mal -do-sangue. Não é uma doença hereditária. A forma de transmissão é pelas vias aéreas: uma pessoa infectada libera bacilo no ar e cria a possibilidade de contágio. Porém, a infecção dificilmente acontece depois de um simples encontro social. O contato deve ser íntimo e freqüente.

Pessoas que perceberem manchas na pele, ou uma área do corpo que tenha perdido a sensibilidade devem procurar o posto de saúde para realizar um exame gratuito.

A doença se apresenta, basicamente, de duas formas. O tratamento depende do tipo. Se for do tipo paucibacilar (com poucos bacilos), o tratamento é mais rápido. É dada uma dose mensal de remédios durante seis meses, além da ingestão de um comprimido diário.

Se for do tipo multibacilar (com muitos bacilos), o tempo para tratamento é mais longo. São 12 doses do medicamento, uma por mês, além de dois outros remédios diários durante os dois anos.

O tratamento é 100% eficiente quando levado a sério do começo ao fim. Todos os medicamentos são distribuídos pela rede pública de saúde.