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Economia
Quinta - 15 de Abril de 2004 às 11:20
Por: Suzi Bonfim

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O projeto "Vida Nova", desenvolvido pela Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Empaer), pode se transformar em modelo de reforma agrária para o Ministério do Desenvolvimento Agrária (MDA). A proposta do Governo Maggi, que já está sendo analisada pelo Governo Federal, antes de mais nada, oferece ao agricultor familiar condições para a produção de subsistência para, só então, viabilizar renda para o produtor em atividades com demanda garantida no mercado.

"É preciso mudar, urgentemente, a maneira de se fazer reforma agrária no país. O insucesso a reforma agrária é grande por falta de planejamento da família assentada. Não há uma estratégia para a produção de subsistência, só se pensa na renda. O Vida Nova propõe, justamente, alternativas para que o produtor sobreviva e o prepara para atuar de forma conjunta", constatou o secretário-adjunto e Agricultura Familiar da Secretaria de Estado Desenvolvimento Rural (Seder), Jilson Francisco da Silva. "O produtor que não tiver um projeto comum via ficar fora do mercado" garantiu o secretário-adjunto da Seder que também é presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura de Mato Grosso (Fetagri).

De acordo com secretário de Desenvolvimento Rural, Homero Pereira, o projeto "Vida Nova" vai provar que é possível uma família de cinco pessoas sobreviver em apenas 1,26 hectare ou cerca de 12,6 mil metros quadrados. "É possível fazer isso. Estamos cansados de ver centenas de famílias assentadas e depois o projeto não dá certo porque a terra é ruim e não houve planejamento estratégico da produção. O Governo Maggi quer ser parceiro de vocês em projetos como o Vida Nova" assegurou Homero Pereira, lembrando que o Governo do Estado tem como opção no setor o apoio à agricultura familiar.

Para Pereira, esta parceria só terá sucesso com o comprometimento dos agricultores familiares do Estado e participação efetiva nos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS). "Sem a parceria com os municípios não se chega a lugar nenhum. Participem do conselho, não deixe que ele seja utilizado politicamente pelo prefeito da cidade. Se isso acontecer, denunciem. A opinião de vocês (ag avaliação de Homero Pereira, para que a agricultura familiar possa se emancipar, completamente. Para tanto, o governo Maggi também atua na sensibilização do Banco do Brasil para que ele adote uma cultura de crédito voltada ao pequeno produtor. "Eles (do Banco do Brasil) estão se esforçando para estar mais próximo da agricultura familiar. Temos que produzir com competência e com gente que tem vocação para a agricultura", destacou o secretario de Estado.

EXEMPLO CONCRETO - Na terceira edição da Agrishow Cerrado, o projeto "Vida Nova" é muito mais do que discurso político. O projeto está sendo demonstrado aos agricultores, de forma concreta, numa área do Parque de Exposições Wilmar Peres de Farias. Cerca de 200 agricultores familiares dos municípios de Campo Novo do Parecis, Campo Verde e Rondonópolis conheceram de perto todos os detalhes do projeto e tiraram dúvidas sobre o processo de implantação com os técnicos da Empaer.

Na área com 1,26 hectares foram cultivados 2,6 mil metros (mts) de arroz, 3,6 mil mts de feijão, 2,6 mil mts de milho, 1 mil mts de cana-de-açucar e 500 mts de mandioca, um pomar com pés de frutas cítricas (laranja, limão e poncan), abacate, goiaba, manga, banana. Abacaxi e tamarindo e ainda uma criação de galinhas e fabricação de vassouras. "Em uma propriedade com esta uma família com cinco pessoas supre todas as necessidades de vitaminas e sais minerais com um custo de produção em torno de R$ 2,3 mil", disse o supervisor da Empaer em Rondonópolis, Joaquim Santiago Sobrinho.

A implantação do "Vida Nova" é realizada em três fases distintas: A primeira é a de subsistência, onde o agricultor familiar faz o seu planejamento e dá início à produção em três meses; na segunda fase o produtor identifica a atividade que tem maior demanda na região e define a atividade que irá se dedicar para viabilidade econômica da propriedade com a assistência técnica da Empaer; a terceira fase é o momento em que agricultor familiar tem condições de fazer a auto-gestão do negócio e pode caminhar com a próprias pernas. Tanto o agricultor, quanto os técnicos da área passam por um processo de capacitação para produção e criação de cooperativas e agroindústrias. Segundo a Empaer da implantação à auto-gestão do Vida Nova são três anos.

PRIMEIRA FASE - Dezesseis municípios do Estado já estão na fase inicial de implantação do Vida Nova. São mais de mil famílias beneficiadas em 13 cidades da baixada cuiabana, escolhidas pelo baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e mais os municípios de Rondonópolis, Campo Verde e Paranatinga.

Em Rondonópolis, os agricultores do assentamento Coopercenter, na comunidade de Beruaba estavam entre os produtores que visitaram o Vida Nova na Agrishow. Para Antonio Alves, presidente da Associação de Pequenos Produtores Rurais de Rondonópolis (Apetraron), o projeto dá segurança ao produtor. As 60 famílias do assentamento já adotaram a filosofia do Vida Nova. "Na prática a gente garante a alimentação da família. Está dando certo. Quando se produz dentro de um projeto o dinheiro é bem aplicado e por isso vale à pena", admitiu o agricultor.

No assentamento Coopercenter os agricultores desenvolvem oito projetos, desses três já estão em andamento: a criação de gado leiteiro (180 vacas, 98 em lactação); 1.200 frangos caipira,e ovinocultura (180 matrizes e 4 reprodutores). O assentamento implantado com recursos do Crédito Fundiário, já aplicou através do projeto Vida Nova R$ 108 mil. Cada família investiu menos do que o previsto para estruturar o projeto na propriedade, não mais do que R$ 1,8 mil, de acordo com a Coopercenter.

AGRICULTURA FAMILIAR - No estande do Governo Maggi destinado à agricultura familiar na Agrishow, a Seder, Empaer, O Instituto de Defesa Agropecuária (Indea), a Fetagri, o Fundo de Apoio à Cultura do Algodão (Facual) e o Bando do Brasil estão apresentando os programas destinados à agricultura familiar e realizando palestras para os agricultores que estão visitando a feira. Nestq quarta-feIRA (14/04), o engenheiro agrônomo do Indea, Ronaldo de Assis, falou sobre Agrotóxicos e Equipamentos de proteção Individual e a Destinação Final de Embalagens Vazias; representando a Fetagri, o engenheiro agronômo Adelar Schons, e o diretor da Embrapa em Mato Grosso, Camilo Plácido, falaram sobre o programa de Algodão na Agricultura Familiar e representante do Banco do Brasil, Eduardo Athaíde, falou sobre crédito rural e o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Durante três dias da feira, agricultores familiares de 26 municípios deverão visitar a feira.




Fonte: Redação/Secom - MT

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