Em um dos acessos da favela do Jacarezinho, as pessoas começam o dia normalmente. Mas a cena era diferente até domingo, porque o local era dominado por usuários de crack.
A maior cracolândia do Rio deixou de existir com a ocupação policial de Manguinhos e do Jacarezinho. Mas não há policiais suficientes para impedir a livre circulação dos dependentes químicos. Eles perambulam pelas ruas à procura de um lugar seguro para manter o vício.
Ao todo, 197 usuários de crack foram encaminhados desde domingo para instituições públicas como uma em Paciência, no subúrbio do Rio. Metade já voltou para as ruas. No caso dos viciados maiores de idade, o tratamento não é obrigatório.
“É uma questão constitucional. E que dá o direito dele de estar aceitando esta oferta ou não. Isso quer dizer que ele tem o direito de estar abrigado e tem o direito de estar saindo deste abrigo”, explica.
A situação é diferente com jovens e adolescentes viciados em crack. O recolhimento é compulsório. Desde domingo, 16 foram levados para instituições públicas de acolhimento, mas boa parte dessa garotada já passou pelo local antes.
Com apenas 14 anos de idade, um garoto perdeu a conta de quantas vezes esteve na instituição. “Quando sair daqui eu vou voltar a estudar. Ir para a escola. Quando eu crescer, quero ser da Marinha. Já não prometeu isto antes. Vou tomar outro rumo na vida. É melhor para mim, andar de cabeça erguida”, afirma.
O menino de apenas 13 anos já testemunhou nas ruas a violência por trás do vício. “Muitos roubam, já vi muitos morrendo. Você usou a primeira vez, é difícil de esquecer ela. Se eu pudesse mudar algo na minha vida, mudaria tudo. Começar a trabalhar, estudar, ajudar a minha mãe, meus irmãos, eles precisam”, diz.
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