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Nacional
Terça - 06 de Abril de 2004 às 12:39
Por: Ramona Ordoñez

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Devido à forte oposição do governo do Rio, a Petrobras desistiu de construir um oleoduto terrestre para escoar a produção futura da Bacia de Campos, o que reduzirá em R$ 2 bilhões os investimentos no projeto e encolherá a geração de empregos no estado em cerca de 17 mil postos — seriam gerados 34 mil empregos, dos quais 24 mil no Rio. Agora serão 10 mil, com 7 mil no Rio. A saída encontrada pela estatal foi um modelo misto de escoamento: oleodutos submarinos serão construídos para transportar o petróleo de cinco plataformas em águas profundas até uma plataforma de bombeamento em águas mais rasas. De lá, serão usados navios.

O presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, disse que a estatal desistiu de construir o oleoduto (que teria 723 quilômetros de extensão) por falta de avanço nas conversas com o Estado do Rio.

— Infelizmente não houve nenhum avanço na posição do governo sobre o oleoduto. Então buscamos um projeto que fosse viável do ponto de vista técnico e econômico — explicou Dutra.

Investimentos vão cair pela metade

Segundo Dutra, o novo projeto exigirá investimentos de R$ 2,7 bilhões contra os R$ 4,6 previstos no projeto anterior. Pela nova concepção, um trecho de oleodutos submarinos transportará o petróleo das plataformas P-51, P-52, P-55 e Roncador 4 até a PRA - 1, uma plataforma receptora. Próximas a essa plataforma serão instaladas monobóias para os navios petroleiros atracarem e carregarem o petróleo. Nas proximidades, um navio-tanque servirá para armazenar petróleo, em caso de necessidade.

A partir das monobóias os navios irão para o terminal da Ilha D’Água, em Angra dos Reis, para o abastecimento da Refinaria de Duque de Caxias e da Refinaria de Gabriel Passos, em Betim, Minas Gerais.

Sem oleoduto, 90% sairão por navios

Como o projeto da produção total prevê, para 2006/2007, 1,7 milhão de barris por dia de petróleo em Campos, 90%, ou seja, 1,55 milhão, serão transportados por navios. Cerca de 150 mil barris por dia serão escoados por dutos já existentes. Atualmente, 80% da produção são transportados por navios. A opção do transporte por navios não afetará as metas de produção de petróleo previstas.

Com a mudança, a geração de empregos será bem menor. Segundo a Petrobras, na fase de construção serão gerados dez mil empregos diretos e indiretos, contra os 34 mil que o oleoduto terrestre exigiria. Desse total, serão gerados no Estado do Rio aproximadamente 7.400 empregos, contra os 24 mil anteriores. Na fase de operação do novo sistema serão gerados 1.800 empregos diretos e indiretos, contra 3.700 que o oleoduto terrestre previa. No Rio, em vez dos três mil empregos estimados, serão gerados apenas os 1.800 previstos.

O governo do Estado do Rio foi contrário à construção do oleoduto por considerar que este poderia inviabilizar a luta pela construção de uma refinaria no estado. O secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo, Wagner Victer, considerou positiva a decisão da Petrobras. Para ele, o oleoduto não poderia ser discutido em separado do projeto de ampliação da capacidade de refino no país. Com relação à redução dos empregos no estado, Victer disse que nunca acreditou nos números da Petrobras e afirmou que os empregos não seriam qualificados.

— Não se justifica gerar emprego a qualquer preço, senão vamos ser favoráveis ao bingo — disse Victer.




Fonte: Globo Online

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